quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

E Se...


(by Cinthya)

E se eu tivesse escolhido ficar naquele emprego e apostar que as coisas melhorariam, que iriam contratar pessoas com quem eu pudesse dividir as atividades e isso acabasse com a sobrecarga e estresse? Teria dado certo? Eu estaria estabilizada hoje ou teria assisto aquela loucura pipocar numa doença?

E se eu tivesse concluído aquela faculdade junto com minha turma? Será que estaria na sala de aula hoje? Será que estaria num mestrado, doutorado? Será que estaria em melhores condiçoes financeiras ou será que aquele diploma em nada mudaria o rumo de tudo?

E se eu tivesse aceitado aquele pedido de casamento? Será que hoje estaria junto ao mar? Será que teria os onze filhos com os quais sonhei? Teria uma casa onde viveríamaos nossas vidas assistindo as crianças crescerem, bagunçarem e amadurecerem ou será que o divórcio já teria acontecido e estaríamos amargos e sozinhos?

E se aquele telefone não tivesse tocado quando eu estava quase desistindo de tudo? Se eu não tivesse recebido tanto amor  quando a depressão me visitou? Se tivesse largado essa vida, deixado de lado tudo o que me fazia sentir dor? Onde eu estaria hoje? Será que existe mesmo a vida após a morte?

E se o meu Pedro fosse filho de Fulano e não de Cicrano? Ele seria fisicamente muito diferente? Teria outro comportamento? Eu o amaria da mesma forma e com a mesma intensidade? E, ainda falando sobre filhos, se eu tivesse engravidado aos 21 e não aos 31? Eu teria curtido do mesmo jeito? Teria tido tanto jogo de cintura pra saber dar leveza à condição de mãe solteira? Eu teria a mesma paciência com o meu filho? Teria construído esse laço tão gostoso?

É... Não sei.

E se... E se... E se...

Não sei o que viria depois do “se”... Não tenho muito tempo pra pensar. Só sei das coisas que eu escolhi. Sou quem eu escolhi ser. Construo o meu eu a cada instante, sou movimento, sou transformação. Só sei que não tive e não tenho medo de arriscar. Se der certo, maravilha. Se der merda, eu recomeço. Aliás, não tenho problemas com o recomeço. É um exercício intenso de auto conhecimento, de saber estar bem consigo mesmo . Tenho tido, ultimamente, muitos recomeços e não pense você que isso me traz sensação de fracasso. De forma alguma, fracasso é uma lente através da qual eu não quero enxergar a minha vida.

A cada fim – e o fim sempre existe – eu percebo a chance de fazer de novo, melhor, mais profundo, diferente. A cada recomeço eu percebo que pessoas novas me são agregadas, que oportunidades novas me são disponibilizadas, que o aprendizado é constante, basta que eu tenha leveza para enxergar as chances.

Não sei o que teria sido se as escolhas fossem outras. Mas, ao olhar pra minha vida eu vejo que o que eu construi de verdade foi justamente as coisas nas quais eu acredito, de verdade. O que eu deixei de conseguir não me pertence, então, não há porque dedicar tempo a isso. Tenho tesouros bem mais valiosos para cuidar: família, amigos.  Levar ao mundo o respeito, a liberdade, a paz, a humildade  através do que eu possa fazer: um texto, uma oratória, um diálogo, um telefonema, um e-mail, o meu jeito de viver a vida.

É isso. O sucesso não deve ser algo para satisfazer a expectativa dos outros. O sucesso verdadeiro é aquele que satisfaz a nós mesmos. Viver bem comigo e com o que eu construí é, infinitamente, prazeroso.


E se der errado...  Eu (re) começo de novo!


*Foto encontrada no Google