sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Quando Um Não Quer...


(by Cinthya)

E então você está toda empolgada com o novo gato. Ele é lindo, tem tudo a ver com você. Super alto astral, inteligente, desprovido de frescuras. Um cara ímpar que apareceu num momento ímpar. Afinal, tudo com ele foi diferente e especial. Ele burlou suas defesas e deixou-lhe “de quatro”. Literalmente falando.

Impossível não fazer planos, alimentar sonhos, pensar e repensar um milhão de vezes em todos os momentos que vocês passaram juntos. Impossível não rebuscar detalhes que comprovem uma reciprocidade de sentimentos. É pedir demais que você não fique horas ouvindo a mesma música e sorrindo ao som dela.

Então surgem os torpedos enviados, as mensagens In Box. Por mais que você não queria assumir, você acaba se tornando grudenta... E isso não é legal. Antes nenhum torpedo ficava sem respostas ou nenhuma mensagem ficava sem retorno. Antes vocês tinham tempo para conversar on line, trocar várias sms e o assunto nunca faltava. Antes era assim.

De repente, não mais que repente, um dos lados relaxa. Ele não responde aos torpedos. Ele lê as mensagens e não envia nada como resposta, ou ainda, quando envia, são respostas evasivas, cheias de reticências que em nada significam prolongamento. Acho que elas estão mais ligadas à evasão mesmo. Evasão de sentimentos, de desejos, de vontade de seguir.

Então, o indesejado acontece. Um dia a sua ficha cai e você percebe que talvez a saída mais correta seja deixar o meio de campo. Sair do jogo. Dar um tempo. Parar de procurar uma resposta que não querem lhe dar. Um dia você senta desolada e percebe que o tamanho da sua vontade não quer dizer nada se não existir pelo menos uma fagulha dessa vontade no outro. O seu desejo sozinho não vai longe, não vinga, não consegue nada além de frustração.

Um dia você entende que as coisas nem sempre saem como você gostaria que saíssem. E isso se dá pelo simples motivo de que os outros gozam da mesma liberdade que você ostenta orgulhosa. A liberdade de ficar ou partir, na hora que achar que deve. A liberdade de querer ou deixar de querer. De se doar somente enquanto existir essa vontade. A liberdade não é mérito seu somente e entender isso é fundamental para que as coisas não percam o equilíbrio.

Você pode deixar claro a sua intenção: “Eu quero você!”, mas você não pode obrigar a outra pessoa a sentir o mesmo. A reciprocidade indifere se sua vontade. O outro é um outro campo, com outras regras, com outro querer. E você nada pode fazer para mudar isso.

Respeitar a vontade alheia, ainda que isso signifique engolir a seco o sua vontade, é necessário quando alcançamos determinado trecho da estrada. Então, nada de choro. Foram os momentos, ficaram as lembranças. É a sua história. A leveza ajuda nessas horas. Meditar sobre essa liberdade que você tanto ama também ajuda nessas horas, onde o cotovelo lateja incansavelmente.

Ele é lindo. Ele é especial. Você roubaria a lua por ele. Seu olhos brilham quando alguém fala nele. Mas isso não é o suficiente para que exista um prolongamento da história de vocês. Não basta ele ser importante para você. Não basta ele ser o alvo de seu desejo mais profundo. Não basta. É preciso mais.

Quando um não quer, dois não se amam. É assim que é.

"Vive le liberté"!

A dele... E a sua!


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