Todos os dias em minhas orações, eu
peço ao Pai que me ajude a lidar com as coisas miúdas. Já que as grandes sempre
requerem um pouco mais de cautela, e quase nunca agimos no impulso dos
acontecimentos, então, com essas não costumo me embaralhar tanto. As coisas
pequenas tendem a nos cegarem, ainda que momentaneamente. Não conseguimos
enxergar, de imediato, as conseqüências de uma resposta mal criada ou de uma
atitude atravessada. Ou de uma colocação mais dura, por exemplo.
Eu peço sabedoria para entender,
reconhecer e respeitar o fato de que as pessoas não são obrigadas a pensarem
igual a mim, e não têm o dever de acompanhar meu raciocínio e nem meu passo.
Preciso de traquejo e jogo de cintura pra saber conviver em grupo, respeitando
as diferenças e recuando quando necessário. Peço intercessão e a benção de
Nossa Senhora da Paciência todo santo dia!
Eu vivo num ritmo frenético e sou
altamente imediatista. Não consigo adiar decisões e nem deixo pra depois o que
preciso fazer agora. Aliás, o agora é o meu tempo. Ás vezes nem chegou a hora e
eu já estou me antecipando, ou pelo menos, me preparando. Minhas decisões
sempre são lastreadas em informações que adquiri pesquisando e analisando, ou
por instinto. Nem adianta me dizer o que fazer, ou como agir, se eu não
concordar vai ser em vão. O meu hábito de atropelo, às vezes funciona como um
catalisador de problemas gera o caos e que depois precisam ser resolvidos. Eu
sei que não deveria ser assim, que não estou otimizando o meu tempo e acabo criando
situações desagradáveis. Mas, infelizmente, nem sempre consigo frear antes de
acelerar.
Eu não sou a pessoa mais indicada
pra dizer se sou uma pessoa de fácil ou de difícil convivência.
Tenho
consciência das minhas qualidades e, sobretudo dos meus defeitos. Sei que uma
palavra doce num momento tenso pode mudar o rumo da discussão e sei que é
possível ser dura sem ser grosseira. Mas, me acho altamente intolerante. Tenho
a paciência curtinha, curtinha. Estresso-me fácil e às vezes falo coisas que
não devia, falo sem pensar, sem ponderar. Arrependo-me depois, mas nem sempre
me desculpo. Não que eu ache o ato de se desculpar uma demonstração de
fraqueza, longe disso! Só acho que pedir desculpas demais acaba abalando a
credibilidade. Não costumo pedir, nem costumo desculpar. Ah, mais um fato que
vale ser ressaltado: eu sou rancorosa e não esqueço fácil. Não sou de perdoar,
e se perdoar, não esqueço.
Eu tenho inveja das pessoas que
são cabeças frias. Queria ser como elas e não me envolver tanto, não me preocupar
tanto, não me desgastar tanto. Minha mente não para, até quando preciso dormir,
(principalmente quando preciso dormir) ela fica girando, processando coisas que
já aconteceram, remoendo fatos, repassando resposta, relembrando situações. Passo
horas a fio remontando cena, ou sofrendo por coisas que ainda vão acontecer.
Perco o sono por coisas bobas.
Tenho uma profunda inveja de quem é manso e
tolerante por natureza. Eu sou uma fera brava e um vulcão prestes a entrar em
erupção. Eu queria ser como as pessoas que parecem viver de férias, conheço
pessoas, que de fato, vivem de férias. Tiraram férias dos problemas e decidiram
não se consumirem mais. Tenho inveja, e não nego, das pessoas que delegam dores
de cabeça, que transferem responsabilidades e consumições. Se não fizer bem,
elas estão passando a diante. Ah, como queria ser assim! Queria ser como
aquelas pessoas que vão adiando uma situação desagradável, adiando, adiando até
não precisar se preocupar mais.
Acho que as pessoas mais
tranquilas são mais felizes, têm a pele é mais viçosa, o cabelo é mais
brilhoso, o brilho no olhar é diferente, é um brilho calmo, é o reflexo da alma.
Tenho inveja de quem não se deixa abalar por um problema, quem não conta as
horas, os dias, as calorias, as moedas, as conseqüências. Queria ver e não me
envolver. Se fosse possível escolher, eu, certamente, teria escolhido o lado de
lá. Às vezes, sinto dores musculares, sem ao menos, ter levantado um peso. Só por
carregar o peso das minhas escolhas, só pelo fato de levar nas costas o fardo
pesado de quem tem a o gênio forte e a alma sensível. Compadeço-me, me
entristeço, me aborreço e reconheço. É assim que sou e não se muda a essência.
O que a gente consegue, com muito esforço, é melhorá-la para conviver em
harmonia com as pessoas a nossa volta. Mas, não é fácil!
Verônica