Era 27 de fevereiro de 2008. Eu já estava em trabalho de parto, mas como não sentia dores, contrariei todos e fui trabalhar normalmente. Mas o negócio apertou e eu interfonei para o meu gerente:
- Você pode nos ceder a chave do carro?
- Para quê?
- Preciso ir alí, "ter menino"!
Ele saiu da sala, abandonou a reunião e veio sem uma gota de sangue... Todo mundo nervoso, apressado, tenso. Eu era a única que mantinha a calma (contrariando tudo, como sempre). Me levaram para o ocnsultorio do meu médico. Depois do toque, fui em casa apanhar as malas, almoçar e seguir para o hospital. Mais um toque e então eu chorei porque o parto não seria normal. Eu queria normal. O médico disse que seria cesariana. Como ele tem mais poder e conhecimento do que eu, a voz dele prevaleceu.
Nunca vi nada tão tranquilo como a cirugia a que fui submetida. Tudo deu certo. Foi tudo muito rápido. A mão do pai segurando a minha, a voz dele me acalmando (mas ele estava muito mais nervoso que eu).
De repente uma pressão na minha barriga (nada de dor) e ele me faz um sinal de positivo, demora um pouco e eu escuto o choro. A voz do meu filho ecoou naquela sala, invadiu cada milimetro de espaço. Adentrou meus ouvidos, invadiu minha alma, preencheu-me de tudo de bom que há no mundo... E o trouxeram para mim, eu não me movia, mas o beijei, senti seu cheiro, vi seu rosto. E eu chorava, chorava um choro tão diferente, as lágrimas inauguravam a nova etapa da minha vida, aliás, a minha nova vida que seria completamente diferente. Completamente completa.
Tudo agora era diferente, a começar pelo tamanho do absorvente e da calcinha... Caramba!!! Eu não era mais a mesma, e estava muito confortavel nessa minha nova vida. Os meus seios começaram a encher e encher quase que automaticamente (o sutiã também era bem diferente, bem diferente).
Na primeira noite eu não dormi. Passei a noite toda olhando para o bercinho, para meu filho... Eu tinha medo de dormir e depois acordar e ver que tudo aquilo era apenas um sonho. Eu não podia perder tempo dormindo, tinha que viver tudo. Eu me sentia plena. Era como se eu tivesse nascido já esperando aquele momento. Sai do hospital levando meu filho nos braços, nem parecia que eu estava "costurada (aliás, costurada não, colada!)".
"Eu sou mãe (eu levava essa placa num sorriso)!"
Chegar em casa com o meu filho nos braços foi outro momento marcante. Era adentrar a minha vida antiga trazendo o novo comigo. Foi uma emoção destacada essa! E daí pra cá, tudo é aprendizado. Todas as etapas, as descobertas que vivemos juntos. As dificuldades de ser mãe solteira, os prazeres de ser mãe solteira, as delícias da maternidade, os medos, as incertezas. Ver o mundo sob a ótica do meu Pequeno Príncipe, entender cada fase dele, saber conversar de igual para igual, receber todas as declarações de amor que uma mãe pode receber (e todo dia ouvir que sou a mulher mais linda do mundo, mesmo estando descabelada). Ser criança de novo, abraçar o novo e saber que posso reinventar tudo, mudar as cores e melhorar cada vez mais o mundo a nossa volta.
Ensinar os príncipios ao meu filho com o meu exmplo, fazer dele um ser humano digno e amoroso é a missão de minha vida e eu luto a cada dia para alcançar isso. Se eu puder colocá-lo na melhor escola, o colocarei. Se eu puder pagar a melhor faculdade, pagarei. Mas o que tenho como obrigação é fazer dele uma pessoa feliz, livre e que saiba valorizar na vida o que, de fato, importa. Desde o ventre nós conversamos sobre isso. Sobre os valores, sobre ele amar as pessoas e ser uma pessoa diferente, fazer o bem.
Eu não sei se estou conseguindo, mas quando pergunto se ele é feliz, ele responde:
-Não. Sou é MUITO feliz!
Pedro é o presente meu para o mundo!