sexta-feira, 11 de julho de 2014

Solteira Sim. Mas, Isso Não É da Sua Conta!



A vida de uma mulher solteira gera muita curiosidade e muitos comentários. As pessoas se incomodam com isso achando que o fato de estar sozinha torna a mulher pior que as outras, encaram as solteiras como infelizes, quando na verdade a situação é bem diferente. Existem aquelas pessoas que desejam que a mulher continue exatamente assim. Também existem aquelas que torcem para que a mulher arrume logo alguém, como se estar solteira fosse uma maldição.

Outra curiosidade que rola com freqüência é sobre a vida sexual de uma mulher solteira. Há quem queira saber se ela anda com o sexo em dias, ou se está na seca desde que terminou o último relacionamento. Eu confesso que me incomodo com esse patrulhamento. Já fui rude em algumas vezes, mais ou menos assim como no título do texto, e em outras oportunidades eu procuro me esquivar suavemente dessa conversa que em nada me acrescenta.

Eu costumo repetir sempre, não como um mantra, mas por ser uma filosofia de vida, que eu prefiro estar sozinha que mal acompanhada. Admiro as pessoas corajosas que abrem mão de um status de “Em um relacionamento Sério” numa rede social em prol da felicidade. Lamento por aquelas que continuam com seus relacionamentos falidos por se acharem incapazes de recomeçar a vida amorosa ou apenas pra ter alguém pra apresentar à família nas festas de fim de ano.

As cobranças são intermináveis, por mais que você faça, elas sempre existirão. Se você é solteira, acaba sendo bombardeada com perguntas do tipo: “Já está namorando?” “Vai ficar pra titia mesmo?” Aí você começa a namorar, as perguntas mudam, mas lá estão elas, tão desagradáveis e desnecessárias quanto: “Vão casar quando?” “Quem está enrolando quem?” Aí você casa, e na primeira reunião de família, lá vem mais perguntas: “E cadê o menino?” “Não pensam em ter filhos não?” Então, a mulher dá a luz ao seu primeiro filho, e as tias fofoqueiras e incansáveis na arte de incomodar continuam com as famigeradas indagações: “Vai ficar só nesse mesmo?” “Pensam em ter mais filhos não?” E quando o casal opta por ter três ou quatro filhos, por exemplo, os comentários mudam: “Vocês são corajosos!” “Como é que num mundo desse vocês têm esse tanto de filho.” É por aí... Porque pra essas pessoas, pouco importa se você está feliz ou não, o importante mesmo é azucrinar. E as questões familiares só mudam de endereço e de nome, mas em regra, são as mesmas.

A vida de uma mulher solteira é tranquila e descomplicada, claro que existem problemas como na vida de todo mundo. Ser solteira não significa ter menos problemas, significa apenas, sustentar uma opção de vida, com todas as consequências que isso poderá trazer. Existem mulheres que estão solteiras e sozinhas, porque querem estar assim. Priorizaram outras coisas na vida, como trabalho, carreira acadêmica, liberdade... Ou porque sofreram alguma decepção e não se sentem, ainda, preparadas para recomeçar. Existem outras que estão nessa condição, mas não vêem à hora de achar a tampa da sua panela, e até se agarram com o que aparece pela frente só pra suprir a carência. Quem se aproxima de uma mulher solteira precisa saber identificar os dois tipos.

Além de lidar com toda essa expectativa que gira em torno da condição de solteira, a mulher precisa lidar com homens que não aceitam ouvir não. Ao paquerarem uma mulher solteira, em busca de sexo sem compromisso, ou tentando iniciar uma relação mais duradoura, acham, em
sua minoria, graças a Deus, que as mulheres devem aceitar o xaveco. Nem sempre estar solteira significa estar disponível. Ocorre que os homens estão equivocados e não sabem como tratar uma mulher nessa condição. Será que eles nunca pararam pra pensar, que a prioridade daquela mulher, pelo menos naquele momento, pode ser outra? O fato é que homem carente cansa. Homem convencido cansa. Homem insistente cansa. A menos que a mulher seja grosseira ou mal educada, nada justifica que um homem fique “chateadinho” porque foi dispensado. Tenha santa paciência, né? Isso demonstra uma total falta de maturidade. E se um cara não sabe ouvir um “não” ou não tem a paciência necessária para conhecer a mulher e para que ela o conheça melhor, respeitando o seu tempo, que tipo de namorado ele vai ser? Sinceramente, o tipo que não me interessa.

É fato bíblico e histórico que o ser humano é um ser sociável e não nasceu para viver só. Embora isso seja perfeitamente possível. Que me perdoe o mestre Tom Jobim. O que difere as pessoas é que algumas não estão com a menor pressa. Priorizam a felicidade independentemente de estarem ou não com acompanhadas. Todo mundo quer um sapato velho pra pôr os pés cansados, todo mundo sonha com sua meia, ainda que furada, pra aquecer os pés gelados nas noites frias. Mas, nem todas estão na mesma sintonia. Há de respeitar o espaço, o tempo e o limite de cada um.

Quem me conhece sabe que não faço apologia à solteirice, não sou machista, nem feminista. Se incentivo o individualismo é por achar que a pessoas têm de se amarem e se bastarem, para ter um relacionamento saudável, sem carências e sem cobranças em demasia. O amor próprio é o primeiro amor que o ser humano precisa descobrir e precisa ser primordialmente cultivado pelo bem da relação.

Filha de pais separados, presenciei a infelicidade da minha mãe num casamento falido por muito pouco tempo. Meu pai foi convidado a se retirar da vida dela, quando eu ainda era bem pequena e cresci vendo minha mãe guerreira e batalhadora criar seus sete filhos sozinha. Tive o exemplo em casa, de que o amor próprio deve ser posto em primeiro lugar e que mulher nenhuma precisa de homem pra viver. O homem tem que estar numa relação porque merece estar ou porque quer estar não porque a mulher precisa dele. O respeito é mais importante que a presença.

Os psicólogos defendem a lógica de que a presença da figura paterna é indispensável na criação dos filhos. Pode até ser, mas no meu caso, não fez falta nenhuma. Minha mãe cumpriu muito bem os dois papeis e nunca deixou a peteca cair. Graças a Deus, nem eu, nem meus irmãos tivemos problemas de ordem psicológica, ou desvio de caráter porque meus pais se separaram cedo. Assim como minha mãe, vejo muitos outros exemplos de mães solteiras que dão a vida por seus filhos e cumprem muito bem o papel de ser pai e mãe ao mesmo tempo.

E para finalizar, deixo aqui o meu recado: Quem me conhece e está preocupado com a minha condição de solteira, eu afirmo: não se preocupe. Está tudo sob controle!

Se você não me conhece, mas está solteira(o) recebendo críticas e sentindo pressionada(o), vá por mim: Não entre nessa pilha! As cobranças sempre existirão!

Sozinho ou acompanhado, priorize a sua felicidade! Essa é a melhor escolha que você poderá fazer.

Verônica

2 comentários:

Anônimo disse...

Ahh que saudades dos seus textos. Você escreve muito bem e, concordo em número, gênero e grau... as cobranças são eternas, o jeito é despistar e ser feliz em meio a tudo isso.

Bjs
Luana-

Anônimo disse...

Obrigada, Luana!! As cobranças são chatonas, né? rs
Beijos e volte sempre!!

Verônica