sexta-feira, 27 de junho de 2014

Reencontro



Hoje tinha tudo para ser mais um dia na correria diária da vida. Acordei indisposta, como de costume nas sextas-feiras, nada de maquiagem e uma sapatilha rasteirinha, não estava com coragem de encarar saltão. Hoje é um dia daqueles que a gente não está afim de nada. 
Fui resolver um problema em uma repartição pública, como já fui outras vezes, nenhuma novidade. Até que ao sair da sala da menina que me atendeu percebi que hoje seria um dia especial.

Ele estava sentado na sala de espera. Ao vê-lo, titubeei por um momento, acho que frações de segundos eternos se passaram até eu conseguir perceber que era ele que estava ali. Trocamos um abraço apertado e dois beijos carinhosos. A quanto tempo não nos víamos... falamos amenidades, e por um momento eu não prestei atenção em nada que ele estava falando, só conseguia observar aqueles lindos olhos azuis brilhando e o contorno daquela boca tão bonita falando naquela voz macia. O rosto liso continua lindo e o cabelo desgrenhado de quem parece ter acabado de acordar me encanta como há... puxa vida! Acabei de me dar conta... há quase cinco anos. Nos conhecemos há um tempão!

Nós não fomos namorados, sequer ficamos. Mas, tivemos uma aproximação incrível! Uma atmosfera de carinho, admiração, respeito e uma deliciosa atração sempre permeou nossa amizade. Horas a fio de conversas no extinto msn. Olhares insistentes e atenciosos, nas poucas vezes que estivemos nos mesmos eventos. Morávamos na mesma cidade, mas nos víamos muito pouco. Estávamos sempre a um passo, ou a frente, ou atrás, de nos encontramos. Sempre com a impressão de "essa foi por pouco." Poderia intitular a nossa história de: "Eu, Você e o Quase!"

Na nossa breve e gostosa conversa ele me perguntou como vai a vida, perguntou pelo Vitória (meu time do coração) e me cobrou postagens aqui no Divã. Elogiou minha facilidade de escrever e me incentivou. Fiz um resumo da minha vida em poucas palavras, perguntei onde está morando, como vai a família e o filhinho dele. (Sim, ele casou-se!) Prometi que voltaria a escrever e cumpri. Hoje mesmo no dia do nosso reencontro. Ele me inspirou! 

Olhando assim, não parece nada de mais, pra quem está de fora. Mas, pra mim, que já gostei e ainda gosto, embora de uma maneira diferente, foi sensacional. Nos despedimos com mais um abraço, dessa vez bem mais demorado e eu lhe disse sinceramente: Foi muito bom revê-lo! Fui embora sorrindo e só então me dei conta de que não estava vestida de maneira apropriada para um reencontro tão especial. Que droga! Tô feia, sem maquiagem, meu cabelo desarrumado e sem salto! Me arrependi amargamente de ter saído de casa assim!

Não nos despedimos, foi só um até breve, como se fôssemos nos encontrar logo, logo. Mas, ele não mora mais aqui na cidade. Não sei que dia chegou, nem até quando fica. Não faço a menor ideia de quando nos veremos outra vez. Até acho que foi melhor assim, despedidas são deprimentes. O bom é que cheiro dele ficou em mim o resto do dia e meus olhos brilham ao lembrar daquele momento tão especial.

Verônica