segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Feliz 2013!


(by Cinthya)

Então chegou a hora do tal balanço. Inevitável essa reflexão que o final do ano nos oferece, aliás, nos impõe. E a gente se vê pensando em tudo o que viveu e também em tudo que deixou de viver. Nas pessoas que “ganhamos” de presente e nas que deixaram de ser “nossas”. Passeamos por todas as vezes que gargalhamos por grandes ou pequenos motivos e também por todas as vezes que choramos copiosamente, por grandes ou inexistentes motivos.

Assim é a vida da gente e assim sempre será o nosso balanço. A gente não ganha o tempo todo e a gente não passa o tempo todo perdendo. Não existe uma felicidade tão grande que apague de vez todas as tristezas. "Dor e Riso" se revezam em nossas vidas. Disso não conseguimos fugir. Então, o que precisamos é ter sabedoria para buscar o equilíbrio.

Gratidão é essencial para quem quer viver bem. Gratidão por tudo, pela chance de viver as coisas, as emoções, pela chance de viver... Gratidão pelo choro e pelo riso. Pelas chegadas e pelas partidas. Pelo gozo e pela dor. Gratidão pelo emaranhado de sentimentos que é a vida.

Que a resiliência seja um exercício diário. Que a honestidade seja uma obrigação nossa de cada dia. Que o empenho em ser um Ser Melhor seja um compromisso vitalício. Que a nossa palavra seja cumprida, que os nossos amores sejam respeitados, que os nossos inimigos sejam felizes. Que nós nos tornemos pessoas de luz.

Que 2013 chegue e encontre pessoas comprometidas com o melhor da vida. Decididas a fazer da vida o melhor que ela possa ser. Que façamos desse Novo Ano uma nova chance de crescimento, e que nos agarremos a ela, como alunos empenhados em tirar o primeiro lugar.

Então é assim... Que a gente encontre o equilíbrio e com o nosso equilíbrio a gente ajude o mundo a encontrar o equilíbrio dele também.

Paz. Honestidade. Luz. Amor. Saúde. Respeito. Família. Felicidade. Resiliência. Liberdade. Equilíbrio. Vida!

Feliz 2013!

sábado, 29 de dezembro de 2012

O Que Levarei Para 2013





Graças a Deus o ano não acabou, o calendário dos Maias foi mal interpretado. E eu cumpri a minha agenda bem direitinho. Quem não lembra ou não viu é só conferir AQUI

Em 2012 eu iniciei o ano agradecendo a DEUS por tantas maravilhas. Agradecendo pelas pessoas boas que se chegaram a mim. Agradecendo por ter saúde e por tudo que poderia e iria fazer. Me despeço desse ano da mesma forma: Agradecendo!! Foi um ano maravilhoso, proveitoso, cheio de altos e baixos (nada mais normal) e com saldo positivo.  Se me perguntarem o que vou levar de 2012 eu digo: o sorriso de uma criança, o beijo gostoso de Jamerson como nessa foto. Levo as alegrias e experiências, levo a esperança de um novo recomeço. A certeza de que esse ano será ainda melhor que o ultimo. Agradeço a cada pessoa que cruzou o meu caminho, levou um pouquinho de mim e deixou um pouquinho de si comigo. Agradeço a cada leitor do blog, o carinho, as declarações lindas e carinhosas a confiança de compartilhar conosco problemas tão íntimos. Agradeço de coração!

Agradeço a Cinthya por segurar minha onda quando eu senti a barra pesar, agradeço pelas vezes que nos encontramos e das muitas risadas que compartilhamos. Agradeço, agradeço, agradeço! 


Desejo um 2013 iluminado e abençoado a todos. Deixo uma frase cuja autoria eu desconheço, mas acho linda: "Tentar adquirir experiência apenas com teoria, é como matar a fome apenas lendo o cardápio."  Caiam, literalmente, de boca na vida e deliciem-se!

Adeus 2012, obrigada por tudo! Que venha 2013!!!

PS: Estou me despedindo hoje, sábado, porque estou indo para Salvador e só volto ano que vem!!!
Ah, Salvador! Como eu te quero bem!!

Verônica

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Quando Um Não Quer...


(by Cinthya)

E então você está toda empolgada com o novo gato. Ele é lindo, tem tudo a ver com você. Super alto astral, inteligente, desprovido de frescuras. Um cara ímpar que apareceu num momento ímpar. Afinal, tudo com ele foi diferente e especial. Ele burlou suas defesas e deixou-lhe “de quatro”. Literalmente falando.

Impossível não fazer planos, alimentar sonhos, pensar e repensar um milhão de vezes em todos os momentos que vocês passaram juntos. Impossível não rebuscar detalhes que comprovem uma reciprocidade de sentimentos. É pedir demais que você não fique horas ouvindo a mesma música e sorrindo ao som dela.

Então surgem os torpedos enviados, as mensagens In Box. Por mais que você não queria assumir, você acaba se tornando grudenta... E isso não é legal. Antes nenhum torpedo ficava sem respostas ou nenhuma mensagem ficava sem retorno. Antes vocês tinham tempo para conversar on line, trocar várias sms e o assunto nunca faltava. Antes era assim.

De repente, não mais que repente, um dos lados relaxa. Ele não responde aos torpedos. Ele lê as mensagens e não envia nada como resposta, ou ainda, quando envia, são respostas evasivas, cheias de reticências que em nada significam prolongamento. Acho que elas estão mais ligadas à evasão mesmo. Evasão de sentimentos, de desejos, de vontade de seguir.

Então, o indesejado acontece. Um dia a sua ficha cai e você percebe que talvez a saída mais correta seja deixar o meio de campo. Sair do jogo. Dar um tempo. Parar de procurar uma resposta que não querem lhe dar. Um dia você senta desolada e percebe que o tamanho da sua vontade não quer dizer nada se não existir pelo menos uma fagulha dessa vontade no outro. O seu desejo sozinho não vai longe, não vinga, não consegue nada além de frustração.

Um dia você entende que as coisas nem sempre saem como você gostaria que saíssem. E isso se dá pelo simples motivo de que os outros gozam da mesma liberdade que você ostenta orgulhosa. A liberdade de ficar ou partir, na hora que achar que deve. A liberdade de querer ou deixar de querer. De se doar somente enquanto existir essa vontade. A liberdade não é mérito seu somente e entender isso é fundamental para que as coisas não percam o equilíbrio.

Você pode deixar claro a sua intenção: “Eu quero você!”, mas você não pode obrigar a outra pessoa a sentir o mesmo. A reciprocidade indifere se sua vontade. O outro é um outro campo, com outras regras, com outro querer. E você nada pode fazer para mudar isso.

Respeitar a vontade alheia, ainda que isso signifique engolir a seco o sua vontade, é necessário quando alcançamos determinado trecho da estrada. Então, nada de choro. Foram os momentos, ficaram as lembranças. É a sua história. A leveza ajuda nessas horas. Meditar sobre essa liberdade que você tanto ama também ajuda nessas horas, onde o cotovelo lateja incansavelmente.

Ele é lindo. Ele é especial. Você roubaria a lua por ele. Seu olhos brilham quando alguém fala nele. Mas isso não é o suficiente para que exista um prolongamento da história de vocês. Não basta ele ser importante para você. Não basta ele ser o alvo de seu desejo mais profundo. Não basta. É preciso mais.

Quando um não quer, dois não se amam. É assim que é.

"Vive le liberté"!

A dele... E a sua!


quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Stand By Me, Please!


(by Cinthya)

Sabe quando você encontra alguém que mexe com algo dentro de você, que consegue fazer estremecer as bases antes tão consolidadas e ajustadas? Alguém cujo o simples olhar consegue arrancar seu sorriso e o toque consegue fazer sua pele eriçar cada um dos pelos nela existentes? Alguém que tem uma voz tão gostosa que seria escolhida, facilmente, como a melodia sua de cada dia.

Sabe quando você encontra uma pessoa que embora bem diferente de você, faz você desejar a presença dela em todos os seus momentos. Aquela pessoa que sempre povoa seus pensamentos, que quando visita os seus sonhos você acorda sem querer acordar. Poderia passar dias dormindo só para senti-la mais um pouco. Aquela pessoa sempre lhe arranca um sorriso, ainda que apareça somente nos pensamentos.

Sabe quando você descobre numa pessoa o poder de lhe fazer flutuar sem tirar os pés do chão e que lhe faz abrir mão de alguma vontade sua apenas para satisfazer uma vontade dela? Aquela pessoa que tem o cheiro mais gostoso que você já sentiu, o cheiro da pele, do cabelo, da respiração. Que tem a pele mais gostosa de ser acariciada ou friccionada sobre e sob a sua. Que tem a barba mal feita mais sexy e excitante que você já viu.

Sabe quando a vida lhe presenteia com uma pessoa de alma livre, assim como a sua, que ama o mar e a lua, assim como você e que, apesar de tudo, encaixa certinho no que você é? Aquela pessoa que dorme de forma tão gostosa e que faz você ficar horas apenas observando, como se estivesse escaneando a imagem, cada detalhe da imagem, para reproduzir na sua mente sempre que a saudade bater?

Sabe aquela pessoa que faz você passar torpedos, no meio de um show, com as letras das músicas que você gosta, apenas para que saiba que é lembrado e desejado? Aquela pessoa por quem você aprenderia a nadar, dirigiria sem medo ou aprenderia a gostar de cozinhar apenas por perceber que isso os aproximaria mais.

Sabe quando você, enfim, encontra alguém que quando lhe abraça se despedindo, deixa seu corpo estremecendo de medo de não vê-lo nunca mais, ou que ainda, quando demora para dar notícias lhe deixa apreensiva. Aquela pessoa que enche sua pele de vigor, seu cabelo de brilho e seu semblante de leveza apenas pelo fato de existir.

Sabe quando você conhece alguém que consegue fazer você sentir medo de perdê-lo, ainda que você não o tenha? Que faz você oscilar entre o riso e a lágrima a depender de sua ação ou reação e que, tem poderes de lhe deixar vulnerável diante da imensidão de um tal sentimento ardente e delicioso intitulado paixão e que faz você não ter nenhum orgulho, nenhum pudor em pedir que “Fique ao meu lado. Por que você me faz bem e eu quero lhe fazer bem também.”

Você sabe o que é encontrar uma pessoa que quando está ao seu lado faz você saborear a plenitude e que faz você preferir a ele, ainda que pudesse (e pode) escolher qualquer outro alguém no mundo? Você sabe o que é descobrir alguém que lhe preenche com suas virtudes e defeitos, que não mascara as falhas e que, também por isso, faz você o desejar perto de você?

Você sabe? Eu sei.


segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Feliz Natal!



(by Cinthya)

E que você renasça... Ou simplesmente permita renascer em você a esperança. Esperança por um mundo melhor, por pessoas melhores, por melhores atitudes, por melhores reações, por palavras mais doces, por sentimentos mais brandos, por luz, por paz, por amor. E tudo começando por você.

Que renasça junto com as manhãs, uma vontade indescritível de ser e viver a felicidade, de fazer o bem, de se doar, de se permitir, de querer apenas o que lhe pertence, de desejar (antes de qualquer coisa) o bem do próximo, de “meter a mão na massa” e construir sua vida em bases sólidas, de não aceitar esmolas quando se tem outra opção.

Que sinta nascer de si o desejo pelo novo, pelo “improvável”, pelo nunca vivido, pelo cobiçado. Que o prazer invada a sua vida, trazendo pessoas novas, oportunidades novas, amanhecer novo e que junto com essa manhã venha a oportunidade incansável de ser feliz. Que a simplicidade invada a sua vida - com a sua permissão.

Que você renasça. Que não deixe passar as oportunidades, que não deixe o medo lhe tomar a frente, que não se entregue à rotina. Que o diferente encontre espaço na sua vida, no seu dia, na sua agenda. Que você se permita viver, antes de qualquer coisa. Que você não tema o riso ou a lágrima, pois tanto um quanto o outro compõem a vida.

Renasça. Não tenha vergonha de tentar uma, duas, três... Cinquenta vezes. Um dia você acerta. Não tema se jogar no abismo cego do amor, um dia você encontra solo firme. Não tenha medo da vida, pois essa é a maior covardia que uma pessoa pode exercer contra si própria.

Renasça. Esse é o sentimento. Essa é a mensagem. Não importa quantos dias dure, não importa quanto tempo perdure. O que importa é que seja bom. O que importa é que será eterno, enquanto durar. Se jogue. Permita-se. Renasça.

Essa é a mensagem: Tudo começa em você.

Um Feliz Natal para todos!

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Tempo

O Texto de hoje é lindo! Foi enviado por um leitor do Divã e fã das nossas idéias. É de um filho saudoso para o pai que se foi. É lindo, é forte e é real.

Boa leitura!

Verônica


Tempo



O tempo passou...
A vida segue seu curso
Continuamos nossos caminhos
Aprendemos a viver assim, aparentemente distantes
Aprendam comigo enquanto estou vivo!
Falava, as vezes com tom sério, as vezes com um sorriso
Um sorriso que chego a lembrar dos detalhes, dos dentes
Do queixo forte de homem sábio e protetor da família.
Aprendam comigo enquanto estou vivo!
Mas nós continuamos aprendendo...
Com suas lembranças nas nossas conversas
Aprendemos como deve ser um homem de verdade
Aprendendo a sermos justos
Aprendendo a sermos fortes
Aprendendo a sermos unidos...
Respeite sua mãe...cuide de seu nome pois é só isto que levará
Um homem uma historia de desafios e alegrias
O tempo passou...continuamos juntos
Aprendendo...

Insp: pedido da mãe, dois anos do Pai
24/04/2011

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Caio F. Abreu


Olha, eu sei que o barco tá furado e sei que você também sabe, mas queria te dizer pra não parar de remar, porque te ver remando me dá vontade de não querer parar também.Tá me entendendo? Eu sei que sim.

Eu entro nesse barco, é só me pedir. Nem precisa de jeito certo, só dizer e eu vou. Faz tempo que quero ingressar nessa viagem, mas pra isso preciso saber se você vai também. Porque sozinha, não vou. Não tem como remar sozinha, eu ficaria girando em torno de mim mesma. Mas olha, eu só entro nesse barco se você prometer remar também!

Eu abandono tudo, história, passado, cicatrizes. Mudo o visual, deixo o cabelo crescer, começo a comer direito, vou todo dia pra academia. Mas você tem que prometer que vai remar também, com vontade! Eu começo a ler sobre política, futebol, ficção científica.

Aprendo a pescar, se precisar. Mas você tem que remar também. Eu desisto fácil, você sabe. E talvez essa viagem não dure mais do que alguns minutos, mas eu entro nesse barco, é só me pedir. Perco o medo de dirigir só pra atravessar o mundo pra te ver todo dia. Mas você tem que me prometer que vai remar junto comigo. Mesmo se esse barco estiver furado eu vou, basta me pedir.

Mas a gente tem que afundar junto e descobrir que é possível nadar junto. Eu te ensino a nadar, juro! Mas você tem que me prometer que vai tentar, que vai se esforçar, que vai remar enquanto for preciso, enquanto tiver forças! Você tem que me prometer que essa viagem não vai ser a toa, que vale a pena. Que por você vale a pena. Que por nós vale a pena.

Remar.

Re-amar.

Amar.

(Caio Fernando Abreu)

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Eu Preciso Dizer Que Te Amo


(by Cinthya)

A gente vai passando pela vida. Acorda, levanta, resmunga, trabalha, chega, descansa, resmunga, adormece. No outro dia continua a mesma coisa e assim os dias vão passando e a gente pode calcular de duas formas: mais um dia vivido ou menos um dia de vida. A gente esquece que cada dia é um dia a menos e deixamos pra depois as coisas importantes que acabam perdendo espaço para outras de menor peso, de menos valor.

Por exemplo, todo mundo ama alguém na vida. Seja um pai, uma mãe, um irmão, uma irmã, um filho, uma esposa, namorada, rolo, amigo. Não importa, todo mundo tem alguém a quem ama. Mas, poucas pessoas expressam esse amor, doam esse amor, entregam esse amor, falam sobre esse amor. Poucas pessoas sentem-se à vontade dizendo que ama, dizendo que o outro é importante em sua vida, dizendo que seu dia se torna melhor quando o outro está por perto.

A gente se desabitua a falar “Eu Te Amo”, ainda que a gente ame, ainda que tenhamos certeza de que o outro é importante pra nós. Ainda assim hesitamos, esquecemos, deixamos pra lá. Ninguém quer parecer piegas se declarando o tempo todo. Ninguém quer ter “cara de bocó” falando de amor o tempo todo. Ninguém quer pagar mico, parecer bobo. Então, o simples fato de amar já é o suficiente, ainda que a outra pessoa nunca escute esse amor pronunciado.

Eu tenho um hábito de dizer que amo, quando eu amo. E por dia eu pronuncio muitas vezes essa frase “eu te amo”. Eu nunca saio de casa sem dizer isso pros meus pais, eu não acordo o meu filho com outro dizer e nem adormecemos falando sobre outra coisa. Os meus amigos escutam de mim essa frase na chegada e na saída. Eu sinto uma necessidade de que as pessoas não duvidem da importância delas na minha vida. Eu sinto necessidade de fazer os outros sentirem que são pessoas que têm um valor imenso na minha história.

Eu não sei quando vou partir. Eu não sei quando os meus amores irão partir. Eu só sei que um dia a separação vai chegar e eu não quero nunca chorar aquilo que eu não falei. Eu não quero nunca engolir o sentimento que eu não expressei. Eu não quero que restem dúvidas em relação ao amor que eu senti, que eu sinto.

A vida passa. Por mais que a gente não queira, ou finja não perceber, ela passa. E passa rápido. Não vamos deixar pra depois o abraço que podemos dar agora. Não vamos deixar pra depois o SMS que podemos passar agora. Não vamos adiar para amanhã o beijo que podemos dar hoje. Se a gente ama, por que não falar?

Dedique mais tempo a quem lhe faz bem. Aproveite tudo o que se pode aproveitar, viva tudo o que se pode viver e fale... Fale “Eu te amo” quantas vezes puder falar, para que no dia da separação as lágrimas sejam apenas de uma saudade gostosa, de uma gratidão imensa por ter vivido tudo o que se podia viver. Pois há de ser muito triste você querer falar sobre os sentimentos de uma vida toda e a outra pessoa não poder mais ouvir, sorrir e dizer que sempre quis ouvir aquilo.

Para o amor não existem limites, tempo certo, hora exata. Ele só precisa acontecer. A gente só precisa permitir.

PS: E você, tá fazendo o que que ainda não pegou o telefone e ligou para quem ama? Não perca tempo, não perca o amor.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

O Reencontro




Eles se conheceram há mais ou menos, 7 anos atrás, e o encantamento foi imediato e recíproco. Se aproximaram e embarcaram num tórrido romance que era composto de altos e baixos. Eles se desentendiam muito, mas se davam super bem. Paradoxal, como toda história de romance.

Esse romance confuso tinha tudo para não dar certo, mas deu, durante um tempo... As diferenças eram gritantes. Moravam em estados diferentes, tinham hábitos diferentes e o emprego de ambos não era nada parecido um com o outro. O desencontro era constante. E as discussões também.

Ele é do samba, é da noite, é da boemia... Ele não é de ninguém.

Do jeito que o romance começou, acabou: Num piscar de olhos. Por uma bobagem e birra dos dois lados eles se afastaram e durante anos, um não teve notícias do outro.

Como a estrada da vida é cheia de curvas, eles se reencontraram numa dessas curvas do caminho...  É como se o tempo não tivesse passado, a alegria foi enorme, e passaram horas papeando, relembrando as coisas engraçadas e chatas daquela época.

O problema é que as diferenças ainda estavam lá. Horas depois do reencontro mágico, da alegria de saber que por mais que o tempo passe, o que existe continua ali, vivo, forte. A verdade é que por mais que passe o tempo eles nunca vão se entender. O clima perfeito foi interrompido por uma discussão que terminou em birra, ambos de carra amarrada e descontentes. Eles foram embora sem se despedir um do outro. E tudo que ficou pra trás, ficou. 

Um sms sem resposta e pronto. Acabou aí. Exatamente como aconteceu no passado.

Verônica





segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Jogo Sujo


(by Cinthya)

É tanta coisa ruim acontecendo no mundo. É tanta gente ruim fazendo maldades e falcatruas que chega uma hora em que a gente duvida da justiça, duvida da possibilidade de ver as coisas andarem nos trilhos, de ver o mundo tomar o rumo certo na história. Pra todo lado que se olha se vê alguém querendo tirar proveito de alguma situação, de alguma pessoa, ainda que isso exija uma postura desonesta.

É lamentável, de fato, ver a capacidade que o Ser Humano tem de ludibriar, de passar a perna nos outros, de enganar, de anular qualquer vestígio de valores que possa existir, apenas para tirar vantagem na situação. É, chega um dia em que a gente para e pensa se ainda há chance de reverter o jogo. Se ainda dá tempo de virar a partida em favor da honestidade.

Ser desonesto tornou-se comum. A impressão que nos passam é de que o mundo é dos espertos e os espertos não são honestos. Ser honesto tornou-se algo inapropriado, uma postura caída no desuso. E em tudo a gente vê gente sendo desonesta. Nas pequenas ações, nas mínimas coisas sempre aparece alguém com um jeito de tirar proveito da situação.

Aqueles que nos representam e que deveriam ser o exemplo maior de uma postura correta e digna, se tornaram, infelizmente, os ícones do erro, da falha, da falta de caráter, da falta de respeito, da falta de dignidade. Aqueles que poderiam fazer algo em favor do seu povo, aprenderam que quanto mais honestidade ostentarem, menos suas contas bancárias rendem. E eles não querem contas magras. O dinheiro seduz o homem. E um homem seduzido fica cego, não enxerga limites.

A corrupção usa toga e isso é triste e lamentável. A corrupção usa terno e gravata e é tratada por Vossa Excelência. A corrupção corroeu o caráter do poder e a gente, tristemente, assiste a uma inversão de valores que afeta diretamente as nossas vidas. Uma inversão de postos onde o criminoso é pago pelo povo para roubar o que é do povo. E o povo fica sem ter a quem recorrer.

Antes o diferente era o bandido. Era ele o estranho no ninho. Para ele apontávamos o dedo. Hoje, o diferente é o correto. Hoje quem não se permitiu corromper-se tornou-se o estranho no ninho podre da bandidagem. E isso é lamentável. O sistema é forte. O crime é muito mais organizado do que a justiça. Como um câncer o sistema invade tudo à nossa volta, corroendo a ética, matando os valores, matando a sociedade, matando o homem na sua mais profunda essência.

A mudança vai acontecer. Demorada, lenta, persistente... Um dia ela chega, um dia as pessoas voltarão a acreditar no que é correto, no que é digno, no que é ético. A nossa história, a nossa colonização influenciaram demais para esse tipo de comportamento, mas não isso não pode e não deve se sustentar pela eternidade. Um dia a sociedade evolui. Um dia o homem adquire valores sólidos e os defende, e os vivencia.

Honestidade a gente aprende em casa, desde o berço. Honestidade a gente ensina com exemplos e não com conceitos. Zelemos pelos nossos filhos e que eles se orgulhem dos pais, não por serem espertos, mas por serem honestos.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

O Ateu


(by Cinthya)

Ele não se atém a religião alguma. Nunca leu a bíblia. Se recusa a frequentar igrejas e sempre critica os fanáticos. Ele já assumiu por várias e várias vezes que não crê em Deus. Que acha inacreditável que alguém se permita crer de forma tão irracional em coisas tão bobas e sem embasamento que muitas religiões pregam.

Ele é cético. Com ele “X” é ”X” e “Y” é “Y”. Não existe um meio termo. Adora cálculos e tudo que tenha lógica pelo meio. É prático e inteligentíssimo. Adora resolver problemas e não se apega ao impalpável. Leitor de grandes filósofos, tem sempre uma teoria forte por trás daquilo que defende. Não dá murro no ar. Sua sabedoria de vida é construída sob forte alicerce.

Ao contrário do que muitos religiosos supõe, ele não é uma pessoa má. O seu coração é repleto de bondade e desejo de ajudar o próximo e isso o torna um ser muito querido. Ele não mede esforços para servir. É um porto seguro para toda a família. Todo mundo sempre precisa dele para algo. E ele, sempre incentiva, ajuda, ensina, serve.

Hoje ele estava falando sobre a vida. Sobre a morte. E sobre a necessidade de enfrentarmos as coisas com a maior naturalidade possível. Discorreu sobre o assunto com um conhecimento de causa tão grande que todos ficaram calados, pensativos. Ele passou por um momento complicado, acompanhando uma pessoa no tratamento de um câncer. Ele perdeu essa pessoa para o câncer. Mas ele não se permitiu perder-se para a vida. Pelo contrário. Ele enxergou a necessidade de se viver, de se cuidar e de zelar daqueles que amamos.

E ele não acredita em Deus. Mas vive no bem. Ele não ora. Mas agradece por tudo de bom que conseguiu para si e para os seus. Ele não se apega a nenhuma religião. Mas fala sobre a vida com uma doçura e um aprofundamento que nos faz refletir. Ele brinca, ele dá bronca, ele trabalha pra ganhar o pão e ele sabe, como ninguém, dividir o pão que ganha.

Então, como não dizer que quem cria o ateu é a própria religião? Que quem cria o ateu é o olhar fanático com o qual os líderes religiosos conduzem suas ovelhas? Como não afirmar que a forma distorcida e humana que esses tais lideres usam para manter suas igrejas e suas rendas é que causam nos homens questionadores a descrença em Deus?

Friedrich Nietzsche, filósofo alemão foi um ateu de carteirinha e certa vez ele escreveu que “Deus”, “imortalidade da alma”, “salvação”, “além” são conceitos para os quais nunca dediquei atenção, nem mesmo tempo, inclusive quando era criança – talvez eu jamais tenha sido criança o suficiente para tanto... Estou longe de conhecer o ateísmo na condição de resultado, menos ainda como acontecimento: em mim ele é compreensível na qualidade de instinto. Eu sou curioso por demais, questionável por demais, animado por demais para poder aceitar uma resposta esbofeteada. Deus é uma resposta esbofeteada e grosseira, uma indelicadeza contra nós, os pensadores – no fundo apenas uma proibição esbofeteada e grosseira contra nós: vós não deveis pensar!

E é assim mesmo que a grande parte das religiões faz. Incutem nos seus fieis ideias e ideais totalmente desprovidos de lógica e afastam para bem longe a possibilidade de questionamentos diante do risco do castigo. Para Nieztsche o ateísmo é um instinto e não um resultado. Para mim ele é um instinto que se aguça diante da falta de verdade das religiões e da falta de honestidade dos seus líderes.

A religião cria o ateu. E, para mim, se existe Deus, o ateu está muito mais próximo dEle do que está aquele que conduz uma legião de pobres almas sedentas de consolo e suga delas o pouco que elas têm de fé, de tempo, de inteligência, de dinheiro e, muito principalmente, de liberdade.

De repente, nem Deus crê nesse Deus que pregam por aí. Um Deus egoísta, fantasioso, malvado, rancoroso e cheio de preconceitos.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Helena e Seus Amores


Hoje, deixo com vocês uma história linda, comovente e real. Quem nos presenteou com ela foi nosso querido leitor Quim. Obrigada, Quim, por essa história linda e mais uma colaboração maravilhosa.

Verônica
(Historias que a vida escreve...)
Helena, que nasceu num domingo, 13 de agosto,  dia dos Pais, tinha 16 anos quando conheceu José, a esta altura, com 18 anos; estavam numa festa  de aniversário, se viram, começaram a conversar, por fim, a conversa virou namoro.
  José era um rapaz simples, boa pessoa, semi analfabeto, pedreiro, honesto  e muito trabalhador, mas, tinha também seu lado negativo, a bebida.
   Helena por sua vez, ainda estudava, estava no ultimo ano do primário, não tinha escolhido ainda qual profissão seguiria; de inicio seus pais foram contra o namoro dela com José, por considerarem que ela ainda era muito criança para namorar, mas, acabaram cedendo. É aquela situação, onde os pais ficam sem ação, de  mãos atadas diante da teimosia dos filhos, pois sabem que, quanto mais interferem, pior fica e para não piorar, deixam as coisas correrem, vigiando de longe.
  Quase dois meses após o inicio do namoro, José, demonstrando suas boas intenções, comprou um terreno, seu objetivo era o de fazer a sua casa e se casar com Helena, mas,  seu sonho não durou muito, um desentendimento entre ambos terminou com o namoro, indo cada um para seu lado viver a própria vida.
 Com a saída de José da vida de Helena, abriu-se espaço para chegar João, 4 anos mais velho que ela e que, a exemplo de José, também era semi analfabeto, pedreiro, bebia,  só que, ao contrario de  José, que era trabalhador, João não era nada  amigo do trabalho,vivia de bicos,sendo facilmente encontrado pelos botecos do bairro. Mais uma vez, preocupados, os pais de Helena se postaram contra o namoro dela, desta vez com João; uma oposição intensa, acirrada, mas, de nada valeu, pois todos seus esforços foram em vão e contrariando a vontade dos os pais, Helena levou o namoro em frente.
  Pouco, ou nenhum efeito tinham os conselhos, as pregações, os avisos, os alertas, os exemplos, a realidade claramente mostrada e demonstrada por aqueles pais preocupados, que, acima de tudo, queriam um bom futuro para a filha, futuro este distante, incerto, obscuro, com quase nenhuma perspectiva, em razão do namoro dela com João, que não queria nada com nada e vivia cheirando bebida.
  O tempo foi passando e para o desespero de seus pais, o namoro de Helena com João não deslanchava para uma situação mais segura, mais concreta, mais promissora, sequer haviam perspectivas para um noivado, ainda mais, pelo fato de João sobreviver apenas de bicos, sem trabalho fixo. Namoravam e pronto, sem se preocuparem com mais nada, o resto que se danasse!
 Namoros assim, sem assumirem responsabilidades, tendem só a piorar ainda mais as coisas  e foi o que ocorreu com o namoro de Helena e João.
 Ignorando todos os alertas de seus pais, Helena, insensata, sem pensar nas consequências, avançou um passo além do devido e quando seus pais menos esperavam,apareceu gravida, o que os chocou profundamente.
  Diante do fato consumado, o pai de Helena, chateado, decepcionado, mas,sereno, pragmático e objetivo, traçou uma diretriz para agir, afinal, a criança a caminho, virasse por onde virasse, era seu neto, brigar com a filha, armar escândalos, rejeitar o neto, dar um tiro na cabeça de João, não conduziriam a nada, não minimizaria coisa alguma neste fato já estabelecido e consumado, sendo assim, assumiu uma responsabilidade que caberia ao seu “compulsório genro ” assumir.
 Sua primeira medida foi afastar para longe o  indesejado genro, para poder cuidar melhor da filha e do neto, sem interferência de ninguém, principalmente de quem tinha sido macho para fazer e não tinha sido homem para assumir; a presença por perto, do pai de seu neto, o incomodava e por todos os meios ao seu alcance, impediu que Helena se casasse com João, argumentado que, do neto e da filha ele cuidaria, mas, não desejava ninguém mais a tira-colo fazendo “pique-nique” em sua sombra.
 Se por um lado, o Pai de Helena se adaptou de pronto à nova e incômoda situação da filha gravida e solteira, por sua vez, a Mãe de Helena não a perdoou pelo passo em falso e sentindo-se traída, partiu para as agressões verbais contra a mesma e aí o clima entre as duas, que já não era dos melhores, em razão do namoro não aprovado,  azedou de vez. Discutiam constante e abertamente, nem parecia serem mãe e filha, tal era a gravidade das discussões, que aconteciam a qualquer hora, todos os dias, um verdadeiro inferno entre elas...
  Meses depois, sob grave ameaça de  eclâmpsia, em razão de Helena ser hipertensa , através de uma cesárea ,  o filho de Helena veio ao mundo,um menino,forte,chorão e saudável.
 Mas,contrariando o Pai ,que não queria,de modo algum, que João fosse avisado quando ela fosse para a Maternidade, que só fosse avisado depois, Helena, sem que o pai soubesse, ligou escondido para João minutos antes dela sair para o Hospital.
 Horas depois, João ligou para o Hospital, coincidindo justamente com o  momento em que Helena deixava a Sala de Parto, o que deu causa a um grave incidente entre pai e filha.
  No corredor, o telefone tocou, a ligação era para Helena, a enfermeira que atendeu   o entregou   a seu Pai, que não permitiu que a mesma atendesse, visto ela estar sentindo dores e ao mesmo tempo sendo levada para o quarto para ser acomodada num leito.  Ao atender, o pai de Helena teve uma desagradável surpresa, foi quando percebeu que era João querendo e insistindo em falar com Helena que acabara de dar a Luz.
 Irritado, o pai de Helena se perguntou: Como ele, João, sabia sobre Helena no Hospital, se, como imaginava, até então, ninguém o avisara? Seguiu-se uma rápida e ríspida discussão entre ambos, que terminou com ambos batendo o telefone, discussão esta ouvida por Helena,  já acomodada no leito no quarto próximo dali.
 Logo após atender ao telefone, nervoso, frustrado, sentindo se traído pela filha, o Pai de Helena se dirigiu até o quanto onde estava a mesma e, apesar de emocionalmente abalado, queria  dar um beijo e um abraço nela para  depois ir até o berçário ver o seu primeiro neto; do incidente com João trataria depois.
 Mas, o que veio a seguir, ao entrar no quarto onde estava a filha, foi para aquele pai, muito pior que um furacão, pois no leito hospitalar, Helena com dores, nervosa e contrariada com a atitude do Pai que impedira dela falar com João, não esperou que  o pai se aproximasse do leito onde ela  estava e aos gritos, num ataque de histerismo, o expulsou  intempestivamente do quarto, diante da enfermeira atônita, que nada estava entendendo sobre o que presenciava.
  Helena não aceitava e não perdoava o fato do pai te-la impedido de conversar com João, pai de seu filho.
 Expulso pela filha, no exato momento que poderia ser de muita alegria e comemoração, momento da chegada  do seu primeiro   neto  e também do desfecho vitorioso de um plano bem sucedido, para dar à sua filha todo o apoio moral, financeiro, psicológico  que ela necessitara para superar os momentos mais agudos e desta sua gravidez, extemporânea, inoportuna e de alto risco, pois Helena era hipertensa, aquele pai deixou o hospital, cabisbaixo, derrotado, magoado e atordoado pelo que lhe acabara de lhe acontecer se sentia apunhalado pelas costas pela filha a quem ele amava e por quem tanto fizera apesar de tudo. A obscuridade da noite que já tinha chegado, ocultava  as lagrimas que escorriam, abundantes, pelo seu rosto já marcado pelo tempo...
  Mas, não existe um cicatrizante melhor e mais eficiente que o tempo, tanto para as feridas do corpo e como para as feridas da alma,  e aquele pai, agora também avô, foi conseguindo, pouco a pouco, superar aquele episodio triste e amargo ocorrido entre ele e a sua filha Helena, que se mostrara injusta e ingrata para com ele, que nunca lhe abandonara em momento algum, enfrentando até as ameaças da Mãe, inconformada com a gravidez indesejada e indesejável da filha e assim, a relação pai e filha se normalizou após um curto período de silencio entre ambos... Coração de pai, também é mole!
  Quanto  a  João, nem mesmo  com as responsabilidades de Pai sobre as suas costas  se emendou; continuava como sempre, vivendo como sempre, de bicos em bicos, de bar em bar, tomando suas cervejas, sem dar sequer uma lata de leite para o filho que a esta altura era bancado totalmente pelos avós maternos.
 O nascimento do filho de Helena  fez com que ela e sua Mãe, voltassem a conversar numa  boa, como Mãe e filha, afinal, qual é a avó que não quer embalar seu neto ?
 O  clima entre elas não só melhorou como também passaram, ambas, a se revezarem nos cuidados com a criança.
  Tempos depois, alguns anos, a Mãe de Helena, faleceu vitimada por um Câncer de Pâncreas, após um curto período de intenso sofrimento.
 O tempo, agora medido em anos, foi passando e o relacionamento, esporádico, entre Helena e João foi se deteriorando mais e mais ficando cada vez mais conturbado; não raro, ela era agredida verbalmente por ele, o que acabou culminando numa uma separação definitiva entre ambos, o que aconteceu após uma agressão física mútua.
  O filho de Helena já estava com 16 anos, quando o mesmo, em razão de uma infecção de garganta mal curada, foi acometido por uma osteomielite infecciosa, o que lhe custou um pedaço do fêmur após duas cirurgias de grande porte.
  Helena quando criança, também tivera um problema ósseo muito serio, atingindo ambas as pernas, o que exigiu três extensas cirurgias,   uma na perna esquerda, duas na perna direita para corrigir o problema que terminou por deixar sequelas.
  Após um longo período de relativa paz, longe de João e só cuidando de si e do filho, pois a esta altura seu pai, mais vivo do que nunca, se casara novamente indo morar bem distante deles, vamos encontrar Helena fazendo  compras num Supermercado,  foi quando encontrou, também fazendo compras, uma das irmãs de José, seu ex namorado, que também tinha se casado, com uma ex colega de escola, foi aí que Helena ficou sabendo sobre José, do qual de há muito não tinha noticias.
 Soube através da irmã, que, em razão da bebida, José tinha se separado da esposa, o que o levou a mergulhar ainda mais no vicio, lhe trazendo como consequência uma Cirrose Hepática; em razão da doença, José não podia mais trabalhar, precisando de ajuda, era cuidado pelas irmãs que se revezavam.
 Sem pensar duas vezes, Helena foi visitar José em sua casa, foi um reencontro emocionante para ele, afinal, como poderia não ser, se Helena era o amor de sua vida? Ele morava na casa que construíra, a qual ele tinha planejado construir quando ainda namorava com Helena.
 Sem compromissos com ninguém, e com José na mesma situação, Helena decidiu e tomou para si a tarefa de cuidar dele, a essa altura já passando por períodos onde ficava acamado, liberando suas irmãs, que mesmo aliviadas destas tarefas, permaneciam  colaborando.
 A  situação de José era grave, a sua piora exigiu sua internação.
  Hospitalizado, José recebia diariamente a visita de Helena, que passava com ele todo o tempo que podia, por fim acabou se tornando a única visita que ele recebia, pois até mesmo as suas irmãs, sem razões aparentes, deixaram de visita-lo.  
  Dia a dia, o quadro clinico de José piorava ainda mais, e piorou a tal ponto, que foi transferido para a UTI, onde Helena continuava o visitando todos os dias, como fazia quando ele estava no quarto.
 Naqueles momentos derradeiros para José, Helena era  única pessoa que se fazia presente, era a única pessoa que o visitava diariamente, impedindo que ele ficasse e se  sentisse só e abandonado; sua ex esposa, nunca o visitou, nem mesmo suas irmãs, depois que ele foi transferido para a UTI.
 Na UTI, José entrou em coma; fechando os olhos, silenciou, o que interrompeu a comunicação entre ele e Helena. Conversando com um médico que cuidava dele, Helena ficou sabendo que o fim de José estava próximo, o que deixou  arrasada.
 Era uma segunda feira, céu muito azul e limpo, um sol radiante, quando Helena, como houvera feito diariamente desde quando José fora hospitalizado, foi visita-lo. No hospital, aguardou pacientemente até  receber  a autorização para entrar na UTI, e rever José, que no leito, permanecia imóvel, olhos fechados, em silêncio, só se ouviam os ruídos do equipamento ligado ela para monitora-lo. Como sempre fazia, Helena se aproximou do leito, passou a mão pelos cabelos já um tanto grisalhos de José e começou a conversar com ele, mesmo sabendo do fato dele estar inconsciente, pois para ela, era como se não estivesse.
  De repente, enquanto  Helena falava, José abriu seus olhos, era a primeira vez que o fazia após ter entrado em coma; Helena, emocionada, continuou falando com ele, tentando chamá-lo para a realidade, pois ela tinha a impressão que ele a ouvia, que parecia estar entendendo o que ela dizia, mas, imóvel, ele não respondia, sequer, com algum outro, pequeno, ou quase imperceptível movimento.
 Naquele instante, José olhava fixamente para Helena, parecia reconhece-la, saber que ela estava ali presente, mas, alguns segundos depois, lentamente, seus olhos foram se  fechando, desta vez, para para todo o sempre.
 Helena foi a ultima pessoa que José “viu” antes da partida, foi a única e ultima pessoa que esteve com ele até  seus instantes finais. A esta altura, dois meses já tinham se passado deste o reencontro, tudo fez  crer, que coube a ela, Helena, a missão de cuidar dos últimos momentos de vida daquele que fora seu primeiro namorado e daquele, para quem, Helena fora o amor de sua vida.
  Ficou marcada a sensação, de que Jose esperara pela chegada de Helena, para vê-la pela ultima vez antes de partir; jamais se saberá, se ele a reconheceu naqueles breves e derradeiros momentos, para poder levar consigo e para sempre a imagem de seu rosto, o rosto da mulher amada.
  Já com a idade de 40 anos, Helena conheceu Aparecido, uma pessoa simples, boa praça, trabalhava como vigia numa Cerâmica, também bebia (Triste sorte de Helena com os amores de sua vida)  tinha muitos problemas com a de saúde. Após um breve período de namoro e reconhecimento, passaram a viver juntos .
 Aparecido era viúvo, tinha dois filhos que não moravam com ele. Diante da saúde abalada do seu mais novo companheiro, Helena, para não perder o costume, arregaçou as mangas e começou a cuidar dele. Pegava em seu pé, o obrigava e ia com ele a médicos, fazer exames, tomar remédios. Seu esfôrço foi recompensado, pois com a dedicação dela  a saúde de Aparecido melhorou, ele se recuperou,   nem parecia ter estado tão doente. Foi ai, quando o pai dele, sogro dela, adoeceu. Como de habito la foi Helena cuidar do  sogro, assim o fez com dedicação, até   ele falecer poucos meses depois. O cuidado com o sogro  trouxe para ela, todo o carinho, consideração e repeito  da família  de Aparecido, família da qual, ela era a mais nova integrante .
  Ao lado de Aparecido, Helena estava feliz, viveu seus bons momentos matrimoniais, os melhores de toda a sua vida, ambos se gostavam, se respeitavam, conviviam em harmonia, sem problemas outros, salvo os rotineiros do dia a dia, que sempre se fazem presentes  entre um casal...
  Meu relato sobre Helena,poderia se encerrar por aqui, mas, a vida sempre nos reserva surpresas, nem sempre agradáveis,especialmente, quando tudo parece estar bem conosco e em nossa existência...
  Helena começara a trabalhar numa multinacional Norte-americana, a qual, além de um bom salario, também pagava a seus funcionários um ótimo plano de saúde, o que era uma mão na roda para ela e seu filho...
 Certo dia, ao se levantar para ir trabalhar, Helena sentiu um formigamento nós pés, imaginou tratar-se de algo banal, sem importância, pois logo parou. Mas, no dia seguinte sentiu, além do mesmo formigamento, as suas pernas doerem, mas, como já havia feito cirurgias em ambas, imaginou tratar-se de mais um episódio comum, proporcionado por estas dores corriqueiras, aquelas dorzinhas chatas, que sempre aparecem para quem já fez cirurgias como ela, provocadas pelas mudanças do tempo.
  Mas, nos dias subsequentes a situação de Helena começou a se agravar e a preocupa-la; Helena então foi ao medico, que após examina-la e fazer algumas perguntas, pediu uma Radiografia  da coluna.
  Diante do resultado desta Radiografia da coluna, o médico sem fazer comentários, solicitou uma Ressonância. O resultado da ressonância indicou a presença de um tumor, próximo à bacia, tumor este que, pelo tamanho, já pressionava os nervos na coluna, daí os problemas com as pernas.
 Foi então, pedida uma biópsia, o resultado da biópsia foi devastador para Helena: Câncer! E  o que era ainda pior, o câncer era uma metástase, que pelo exame mais acurado de suas células, revelou que o Tumor primário estava na Tireoide. Chocada, atordoada, sem teto e sem chão, Helena não se deixou nocautear; lembrando do triste fim de sua mãe, achou por bem, não se deixar abater e ir à luta para enfrentar este monstro traiçoeiro, covarde e assassino que a atingira. Ali mesmo, diante do medico, fez um pacto com a vida, lutaria por ela sem tréguas e a todo custo.
 Alguns meses antes, Helena fizera uma biópsia de alguns nódulos detectados em sua tireoide, mas, esta biópsia nada revelou de importante. Mas uma duvida pairou sobre a cabeça de Helena: Este câncer tireoidiano, agora descoberto indiretamente  na sua coluna, bem distante de sua tireoide  da qual ele se originou, teria passado despercebido pelo patologista que fez a biópsia tireoidiana? Quem teria esta resposta?
Reexaminada a tireoide, desta vez se descobriu o câncer, já em estagio bem avançado, quase inoperável, o que explicava a metástase na coluna, que o mesmo estava escondido, num local quase inacessível. Como foi possível um tumor daquele tamanho, passar despercebido? Pois é, acontece que passou!...
 Começou aí a corrida de Helena contra o tempo e pela vida, foi aí então, que Aparecido se revelou para que veio e porque veio para junto dela
 O sofrimento de Helena começou com uma cirurgia na tireoide, depois, aplicações de Iôdo radioativo. A seguir veio a cirurgia na Coluna, seria para retirar o tumor nela alojado, mas, não foi possível, o câncer tinha atingido também os ossos. Após as cirurgias começaram as tão temidas dores, terríveis dores, obrigando, para alivia-las, a  aplicação de altas doses de Morfina.
 Apesar de todo o sofrimento que a doença lhe impunha, reação de Helena após as cirurgias surpreendia os médicos, para os quais, o tempo de sobrevida e as chances de recuperação eram muito poucos e remotos, mas, indiferente a isto, Helena confiante em suas crenças, não se deixava abater, ia em frente, nunca deixando de brincar, de sorrir.
 Mais uma cirurgia, a seguir outra, mais outra, atingindo um total de 6, mesmo assim, Helena não se entregou.
 Num grande hospital de Clinicas, Helena passou a ser uma referência, conhecida pela simpatia, bom humor, alto astral,  estimada por médicos, pacientes e enfermeiras, um belo exemplo para todos.
 Se locomovendo em  cadeira de rodas, empurrada e guiada por Aparecido, ela visitava os demais pacientes, levando a sua alegria, garimpada entre suas terríveis dores, causando espanto e admiração no corpo clinico que cuidavam dela neste hospital.
  Quem conhece um Hospital Oncológico, sabe como é o cheiro da morte e sabe bem como é um Circo de Horrores na vida Real.
  Um  dos médicos que cuidavam de Helena, durante uma uma junta médica que discutia o caso dela, disse a ela: "Dona Helena, nós não acreditamos em Milagres, mas, também não temos explicações para o caso da Senhora!"
 Mas, implacável, a doença de Helena sem se deter e sem que se conseguisse detê-la, seguia seu inexorável caminho de morte e destruição, em seu avanço macabro, alcançou  o seu pulmão,  cérebro,  fígado e   pâncreas, o que a levou a um estado semi vegetativo. Não mais se movia, alheia ao ambiente não mais se comunicava com ninguém, não mais se alimentava por si mesma. Aparecido ao seu lado,se desdobrando ao máximo, passou a ser tudo para ela, transformada pela doença num bebê adulto e indefeso.
 Mesmo neste estado, desenganada, sem mais o que pudesse ser feito para ela e por ela, Aparecido a levava ao Hospital, onde era examinada, medicada, hidratada, recebendo soro e vitaminas em razão da sua fraqueza pela falta de alimentação adequada.
 Mas foi numa destas visitas ao hospital, que a medica que cuidava do caso dela, resolveu testar nela  um medicamento usado contra o Câncer de fígado, era a tentativa derradeira, uma vez que não havia nada mais a ser feito. Deu a Aparecido uma caixa deste medicamento, com as instruções de como administra-lo à Helena: uma dificuldade que ele teve de superar com muita habilidade, paciência, triturando cada comprimido ao extremo e o colocando-o em pequenas porções na boca de Helena, que mesmo alienada da realidade, aceitava e o engolia.
Era aflitiva, penosa e dolorosa a situação de Helena, era pungente a dedicação  e a paciência de Aparecido nos cuidados para com ela.
 Durante três dias ele ministrou o medicamento a ela, superando todas as dificuldades inerentes. No terceiro dia, a inesperada surpresa: Ao adentrar ao quarto para verificar como ela estava, ele a encontrou sentada na cama, tentando se comunicar. O susto foi grande, a inesperada melhora de Helena surpreendeu a todos, até mesmo à Medica que deu o medicamento para ela, um milagres a olhos visto.
 A partir daí, as melhoras no estado geral de Helena foram acontecendo rapidamente e pela altura do quinto dia após a primeira administração do medicamento, Helena já falava, já se alimentava sem ajuda e por volta da primeira semana, já conseguia se manter em pé, pouco a pouco, se apoiando já se locomovia até a Cadeira de rodas.
Mas, o medicamento extremamente caro, só dava para 15 dias, como compra-lo, se o preço de cada caixa custava o equivalente a 4 anos de trabalho de um assalariado? Ela precisava de duas caixas mensais, equivalentes a 8 anos de trabalho...
  O plano de saúde  dela, Bradesco, se recusou a fornecer este  medicamento que lhe trazia a sobrevida; a médica conseguira mais duas caixas, mas, não era o bastante, ela precisava de mais, muito mais.
 Cancelando o Plano de Saúde, ela se habilitou a entrar para o programa do SUS que fornece os medicamentos de alto custo e este passou a lhe fornecer este medicamento, 2 caixas mensais, o que contribuiu  para esta sobrevida.
 Mas, a vida não é feita só de coisas ruins, em meio a resultados de exames nada animadores, o filho de Helena lhe trouxe uma noticia que se tornou uma benção para ela, ou seja: Ela se tornaria avó! Esta noticia trouxe uma nova e imensurável motivação para Helena viver e sobreviver, pois preocupada com o neto a caminho, Helena contornou as dores, as limitações, os traumas, se superando  fazendo questão de acompanhar a nora, mesmo em cadeira de rodas, sempre empurrada e guiada por seu fiel Guardião Aparecido, quando esta sai para comprar as peças para o enxoval do bebê. Da palpites, da conselhos, opiniões, deixando claro a todos, o quanto deseja cuidar e embalar este neto, o mais novo amor de sua vida...
 Após 6 cirurgias, aplicações de Iôdo Radioativo, doses maciças de Morfina contra as dores, feridas pelo corpo trazidas pelo medicamento que toma, diabética, em cadeira de rodas, Helena sobrevive e vive em toda a plenitude, dentro dos limites que lhe são possíveis, o seu dia a dia, sem pensar se haverá o amanhã, um amanhã que no fundo ela deseja intensamente  poder alcançar, para conhecer, ver o rosto do seu neto, a sua mais nova razão para viver.
  Mesmo o avanço implacável e inexorável da doença, não tem forças e nem poderes para abala-la, que mesmo imersa, por vezes, em lagrimas provocadas pelas dores, nunca deixou de sorrir, de se preocupar com as dores de outras pessoas ao seu redor.
 Como uma fera ferida, Helena  luta , se imaginando trocando fraldas em seu neto. Ao seu lado, o incansável Aparecido, na sua simplicidade monástica, contribui a seu modo, com o que ele tem e não tem, para que ela sustente e alimente este sonho, o qual lhe trouxe mais forças para lutar e vencer as batalhas diárias  até chegar o tão esperado dia para ver seu neto. Helena  tem consciência que, para vencer esta cruenta guerra, só por um milagre, mas, acontece que, Helena acredita em milagres...
  Não se sabe até quando Helena resistira a este inimigo impiedoso, mas, o seu exemplo de luta, de amor à vida, emociona e cativa a todos quantos a conhecem.
  Quando retorna ao Hospital para as suas consultas e exames, Helena não deixa de visitar os demais pacientes, companheiros de jornada, estimulando-os a não desistirem da luta, a não se entregarem de modo algum e que, se  tiverem de cair, que caiam em pé e com a cabeça erguida, encarando nos olhos o covarde, traiçoeiro e implacável inimigo que esta os colocando por terra...