quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Parece Que Foi Ontem

(Cinthya)

Parece que foi ontem que eu peguei minha boneca "Meu Bebê" (que não era da Estrela) e feliz da vida fui brincar de ser mãe todos os dias, todas as noites. Eu montava uma casa só pra mim e lá dava vazão as fantasias de criança que sempre sonhou em ser mamãe.

Parece que foi ontem que eu me descobri pensando num menino o tempo todo, o dia todo e fantasiando que seria sua mulher, sua esposa e mãe de seus filhos. Que eu me vi escrevendo o nome dele em tudo que era papel, caderno, agenda.

Lembro tão nitidamente do meu primeiro beijo. Na praça da igreja. Tão lindo, tão cheio de emoção. Um furacão de sentimentos e dúvidas e medos e alegrias... Tudo junto dentro de mim e eu sorrindo e me entregando a tantas novidades que chegavam na minha vida.

Parece que foi ontem que eu recebi da minha mãe a notícia de que teria um emprego. Um emprego! Eu trabalharia! Eu receberia um salário só pra mim. Eu fiquei eufórica, feliz. Me senti crescida, responsável. Contei para todas as minhas amigas e feliz da vida recebi meu primeiro salário. Lembro o que comprei com ele: um perfume da O Boticário, uma camiseta, um par de tênis... Eu jamais esquecerei aquela sensação maravilhosa de estar pagando com o meu suor as coisas que eu queria comprar.

Parece que foi ontem a noite que eu me vi na minha primeira noite de amor. E na manhã seguinte eu era outra pessoa, era MULHER. Linda. Não sei explicar direito o que eu senti. Mas era muito bom. Era uma sensação muito boa de independência, de sentir-se completa, madura, viva. Lembro que vesti vermelho na manhã seguinte, pus um salto alto e abracei o mundo.

Parece que foi ontem que desconfiei que estava grávida. Que fiz o teste e deu positivo e tudo mudou... Mudou para muito melhor, mudou para o que eu sempre sonhei, mudou para sonhos realizados, para dias completos, enfim.

O que quero dizer é que a vida não pára. Que o tempo corre o tempo todo e a cada dia a gente vai vendo a nossa história ser escrita. E a gente escolher assistir e deixar o acaso escrever o que lhe for melhor ou tomar a caneta dele e escrevermos, nós mesmos, o texto de nossa existência.

Hoje tenho 35 anos. Se eu viver tanto quanto meus avós, então terei mais uns 60 anos pra viver. Que maravilha... E pensar que tem dias que a gente chora achando que está tudo acabado... Bobagem! Ainda há muito pra se escrever!

2 comentários:

Anônimo disse...

Muito positivo seu post.

Lília disse...

Nem fala... eu também tenho 33 e vejo que já escrevi muitas páginas e também que ainda tenho outras tantas para escrever... quando releio minhas páginas, sinto uma vontade imensa de continuar, porque mesmo com páginas de dramas, comédias, pornochanchadas, sempre fica uma saudade daquilo que passou... e quando sentimos saudades é porque afinal, tudo valeu a pena!

Beijo grande