quinta-feira, 28 de julho de 2011

O homem que não sabia sorrir







Era uma vez... Um menino do interior que foi ganhar a vida na cidade grande.

Ele nasceu numa cidadezinha do interior  do agreste pernambucano. Sempre foi uma criança tranquila. Nunca foi peralta, nunca deu trabalho aos pais. Cresceu e se tornou um adolescente responsável. A maturidade veio muito cedo e mesmo tendo uma família de poder aquisitivo razoável para os padrões da cidade, sempre quis sua independência financeira. Não temeu e foi tentar a sorte na capital das possibilidades. A necessidade de ser "um homem forte" somada à rudeza de uma vida difícil numa cidade grande ensinaram a esse jovem que sorrir era demonstração de fraqueza. E se ele fosse fraco não seria respeitado. E tudo que ele mais queria era impor respeito.

Com isso, ele se esqueceu de como era bom sorrir. Não adianta contar piadas, não adianta assistir as vídeo cassetadas do Faustão, nem as pegadinhas no programa do Gugu. Ele não ri. Impôs um respeito aos filhos que foi confundido com medo. Seus familiares nem gostavam muito de visitá-lo. Sempre muito sério e sisudo causava desconforto nas pessoas que tentavam uma aproximação. Sempre com uma cara de "quem comeu e não gostou" acabou afastando algumas pessoas que o amavam e adorariam ter curtido sua companhia.

Os anos se passaram e assim ele seguiu a vida. Um homem honesto, trabalhador, um pai preocupado e cuidadoso, um marido dedicado, um avô coruja... Mas tudo isso com seu jeito cinza de ser. Sem brilho nos olhos e sem sorrir.

Um grande mal se abateu sobre a sua vida. Ele contraiu uma grave doença e vem sofrendo muito com ela. Luta com todas as forças e não se deixa abater. Tem um otimismo, uma fé e uma vontade de viver impressionantes e que causam muito orgulho nos familiares e amigos. Tenho pra mim, e não é de hoje, que é isso que vem mantendo-o vivo. Não podemos negar: ele é um guerreiro nato.

No meio de tanta coisa horrível, aconteceu uma coisa linda; ele conheceu a doce magia do sorriso. Aprendeu como é gostoso sorrir. Se tornou mais amável, ainda meio constrangido e de um jeito bem discreto se atreve a fazer um afago nos filhos ou na esposa... As tardes de domingo são sempre mais animadas. A reunião da família sempre gera boas gargalhadas e os 'causos' contados trazem uma alegria triste. Uma nostalgia misturada com esperança de que mais momentos bons como esse virão.

Moral da história: Um homem precisou conhecer a face da morte para entender o sentido e a beleza da vida.

E como essa história começou com um "era uma vez..." certamente terminará com um "felizes para sempre..."

Verônica

2 comentários:

RafaCruz disse...

Muito bom, Verônica. Adorei!

Bjs
Rafa
rafadeoliveira-tudosobrequalquercoisa.blogspot.com

Jussara disse...

O Riso é terapêutico e purifica a alma.