terça-feira, 30 de novembro de 2010

D E U S

(by Cinthya)

Entender, na íntegra, o que ou quem é Deus ainda me é muito difícil. Não creio que Deus seja uma figura humana, em forma de velhinho e que fica sentado no seu trono, com um cajado na mão, acariciando a sua enorme barba branca, como me foi ensinado na infância, não sei nem por quem.

Também não acredito que Deus seja um homem com cara e rótulo de bom, mas que castiga os seus filhos e os condena a sofrimentos eternos em lugares sombrios e amaldiçoados.

Não aceito que Deus seja algo ou alguém fictício, inventado por alguma pessoa que queria impor limites aos outros.

Deus, eu acredito, vai muito, muito além de tudo o que possamos imaginar sobre Ele. Talvez ele seja o Universo em si, com todas as suas leis perfeitas e casadas, com toda a sua magia; ou quem sabe ainda, Ele seja uma força capaz de manipular, mudar e criar tudo o que é necessário para manutenção de sua obra maior: o todo.

Deus, quem sabe, é uma energia dissociada, mas não dissipada, existente em cada ser, em cada flor, em cada orvalho, em cada humano. Se essa fosse a teoria certa, para entrar em perfeita sintonia com Ele, precisaríamos estar antes, em perfeita sintonia com nós mesmos e depois com o nosso próximo. E, segundo o mandamento mais importante da Lei Divina, nós devemos amar ao próximo como a nós mesmos, ou seja, primeiro temos que nos amar, para em seguida amar o outro com a mesma intensidade, pois Deus habita em cada um.

É difícil tentar conceituar Deus em nossa visão tão limitada. O que sei de concreto sobre Ele é que nEle eu encontro a força que me faz levantar depois de cada queda que levo na vida; Ele me dá confiança para entrar nos lugares mais sombrios em busca de sonhos que ainda não realizei; o que sei realmente sobre Deus, é que Ele está sempre comigo, mas às vezes eu não O permito agir, não dou ouvidos a Ele e Ele, ainda assim, me ampara e me socorre quando choro as minhas dores.

O que posso afirmar sobre Deus é que Ele não me castiga, eu é que respondo por minhas escolhas erradas.

Deus é esperança, porque quando penso que todas as portas já se fecharam, eis que Ele abre uma fresta e a luz entra novamente na minha vida.

Deus é conforto, porque quando penso que sou a criatura mais errada no universo, eis que é no colo dEle que eu repouso minha cabeça e choro o meu arrependimento.

Deus é confiança, porque nos momentos em que pensei ter encontrado o meu fim, bastou uma simples frase: “Pai, ajuda-me!” E Ele estava comigo, me fazendo vencedor.

Deus é amor, porque eu o nego a todo instante, tenho tapado meus ouvidos aos seus apelos, tenho fechado os olhos aos seus sinais e ainda assim, quando preciso de alguém, é Ele que está de braços abertos pra me receber, como um Pai sempre recebe um filho.

Eu não sei quem ou o que é Deus, mas posso afirmar que Ele é a razão maior de eu estar aqui hoje.

O Casamento de Cassandra

(by Cinthya)

A partir de 2010, o dia 13 de Dezembro não será somente dedicado a Santa Luzia e a Luiz Gonzaga (aniversário dele).
No próximo dia 13 de Dezembro,  Cassandra dirá seu 'sim' marcante ao seu esposo.
Uma história tão atual, de um amor sem frescuras, que começou com um encontro meio que desencontrado, depois um desencontro para aparecer o reencontro definitivo.
Cassandra sempre procurou um amor simples, como o amor descrito por Renato Russo em "O mundo anda tão complicado", aliás, ela ama essa música. E Alberto apareceu em sua vida da forma mais singela possível e foi ganhando espaço, mais e mais até decidirem formalizar a união.
Sabe aquele amor pé-no-chão? Onde cada um já trouxe consigo uma carga grande de dores passadas, erros cometidos e que agora sabe exatamente o que não quer? Então, é mais ou menos assim essa história.
Aos poucos construindo a vida, comprando as coisas, conquistando o espaço. Tudo de forma natural, calma e simples.
A vida deu uma cartada certeira e foi nítido o poder que Deus tem sobre tudo. As voltas que a vida deu para que esse reencontro acontecesse foi surreal. Contando, não se acredita. Mas... Ainda bem que é a mais pura verdade.
E agora, a minha amiga vai poder ver o marido "dormir que nem criança com a boca aberta".
Que maravilha!
Até que enfim, Cassandra!
Você soube esperar e Deus, como sempre, não falhou com você.
Sonhos realizados!

PS: Cassandra, faça a lista dos defeitos dele, para depois não se pegar esperando o que não existe, ok?

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Você Sabia Que Ele Era Assim...


(by Cinthya)

Era tarde de domingo, eu curtindo uma morgação depois de passar a noite Dandalundeando com Margareth, observava meu filho dormindo, conversava e cochilava na frente da TV, vendo Titanic (aff! Titanic de novo, ninguém merece e ainda mais de ressaca!). Em certa parte do filme o Leonardo de Caprio (não recordo o nome do personagem) disse para a Rose o que mais gostava nela, o que nela o fascinou. Então minha amiga que assistia ao filme comigo, disse: “Se ficarem juntos, essas qualidade que ele ressaltou serão, mais tarde, motivo de desavença.”
Achei intrigante o que ela falou e, como não tava mesmo ligada no filme, começamos a conversar. Ela falou que no inicio de seu namoro, o par dela dizia que uma das características dela que o havia encantado era a capacidade de raciocínio rápido que ela tem. Sempre com uma resposta na ponta da língua. Ele disse que era deliciosamente intrigante o dom que ela tinha de deixá-lo sem graça e isso era raro.
O tempo passou e eles casaram. Hoje, o motivo maior das desavenças, segundo ele, é o fato dela ter sempre uma resposta pronta para dar. Se ele reclama de algo, ela rebate na hora.  Se ele critica, ela, quase que de forma instantânea responde em disparada. E isso, que outrora o encantava, hoje o irrita.
E aí eu pergunto: Por quê?
Por que as pessoas permitem o desgaste dos relacionamentos? Por que não fazem manutenção nas relações, nos sentimentos? Por que não falam abertamente quando a primeira mágoa ameaça surgir? Por que não dizem, de forma clara e sincera o que sentem, o que esperam do outro?
Isso me fez lembrar o pai do meu filho conversando com um amigo e falando que no início do relacionamento, nós (mulheres) sequer percebemos a toalha molhada em cima da cama, a camisa pendurada na cadeira da sala de jantar  ou a cueca que, jogada no meio do quarto parece uma obra de arte (nunca vi cueca mais linda!). Nada disso percebemos. Mas... Basta assumir algo mais sério, que a visão se renova e se passa a ver todos os detalhes possíveis (e impossíveis também, tipo um fio de cabelo na camisa dele há metros distância de você).
O pior dessa conversa deles é que o fundo de verdade é gritante. Homens e mulheres querem seduzir seus parceiros, agarrá-los. E para isso não medem esforços e até perdem a visão. Depois da conquista concretizada, a visão vai voltando, a tolerância vai sumindo e a desarmonia se instalando.
Será que casam esperando que os defeitos do parceiro desapareçam? Achando que, se não conseguir mudá-lo, vai conseguir ao menos não enxergar as falhas dele?
Imagino que a vida a dois, não seja tão fácil, mas tenho certeza que se pode escrever lindas histórias.
Bem, acho que quando eu casar (‘se’ eu casar) vou fazer uma lista de todos os defeitos do meu parceiro e vou ficar repetindo todos os dias que “estou vendo que ele é assim. Depois não posso me chatear se não vier nada de diferente”.
Ai, ai...

A Angústia de Uma Mãe


(by Cinthya)
Tenho uma amiga que, assim como eu, é mãe solteira. O filho dela tem 5 aninhos e na sexta-feira passada ela foi chamada na escola para uma conversa com a psicóloga.
A escola informou que o filho dela está com deficiência no aprendizado, não conseguindo acompanhar os demais coleguinhas de turma. Estava isolado e chorava com facilidade. Em entrevista com a psicóloga, ele disse que sentia falta da mãe e referiu-se ao pai como o “pai do passado” (a mãe tem um novo namorado que, aliás, é muito amigo da criança).
Minha amiga veio me ver hoje para conversar. Disse estar arrasada e se sentindo uma ‘mostra’. Que precisa trabalhar para manter o filho, mas que também precisa estar com ele para não deixar lacunas no seu emocional.
Eu, por minha vez, tenho também essa preocupação. Em dar ao meu filhote o melhor tempo possível. Não o maior, porque trabalho o dia todo, mas o MELHOR. Brincar quando estamos juntos, conversar com ele, ouvi-lo, ler livros, assistir ao DVD de Aline Barros (ou “Arrino” Barros, como ele mesmo diz), Patati Patatá, Teleco Teco, Xuxa, etc, etc, etc...
Mãe Solteira é Guerreira, porque no meu caso, ele sabe que o pai está lá, no Rio de Janeiro, mas só o vê de mês em mês... A educação diária, a responsabilidade em preencher todas as lacunas, responder todas as questões, impor todos os limites é minha. Apenas minha.
Enfim... Se voltasse no tempo e pudesse escolher, faria tudo igual porque dá um trabalho danado, mas nada nesse mundo é mais rico do que ouvir ele dizer: “Mamãe, te amo pla semple”.
A todas as Mães Solteiras, um abraço e meus parabéns e para a minha amiga, em especial, muita calma e muito diálogo com o seu pequeno. Não há nada que o amor de mãe não resolva.
A gente chega lá!

Qualidade de Vida


Verão chegando, academias lotadas e o famoso "projeto verão" a todo vapor.
Ano novo chegando e com ele as inúmeras promessas. A maior de todas e presente na lista de 90% das pessoas que eu conheço é a de emagrecer.
Com um probleminha de hipotireoidismo que me acompanha a tempos, tenho uma facilidade enorme de ganhar peso e uma dificuldade sobre-humana de perdê-los, aí decidir procurar ajuda médica. Uma visita recente a nutricionista movida pela quantidade de quilos que adquirir em um espaço curto de tempo, de uma maneira aparentemente inexplicável, visto que não mudei minha rotina alimentar, me fez constatar essa deficiência na produção de hormônios, não perdi tempo, já marquei a consulta com o endocrinologista pra começar a tomar os remédios. Aí minhas amigas me perguntarão: O Que isso tem a ver com o título do texto e por que você está compartilhando isso conosco? Eu respondo: Tudo a ver. Pelo simples fato de sabermos que nossa qualidade de vida está diretamente ligada a nossa rotina, o que comemos, o que fazemos para movimentar nosso corpo, com que frequência vamos ao médico.
Minha eterna luta contra a balança vai além da vaidade, claro que quero me sentir magra e bonita, não levo em conta o padrão de beleza imposto pela mídia carrasca e ditadora, isso não, mas sei que minha alto-estima está ligada ao meu peso, mpor isso me preocupo bem mais com a saúde, quero além de me sentir bonita, me sentir bem. Quero estar em paz comigo mesma, e passar segurança nas minhas palavras e nos meus atos. Por isso tô empenhada nessa campanha. Um bota-fora de quilos que não me pertecem.
Quando eu alcançar meu objetivo juro que venho aqui contar pra vocês.

Desejo muita saúde e uma excelente qualidade de vida à todos.
Verônica

domingo, 28 de novembro de 2010

Amiga Corujão


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(by Cinthya)

Ontem eu estava no show de Maragreth Menezes com minha irmã e alguns amigos. Margareth nos traz grandes e maravilhosas lembranças... Dias mais que animados de carnaval na capital baiana. Oh saudades!!!!
Enfim, já eram umas 03h00min, e a gente tava pulando e se derretendo nesses 40 graus São Franciscanos. A sensação era de total ‘descarrego’ de todas as energias ruins, problemas e preocupações. Foi quando passei sms para uma amiga que estivera conosco em Salvador e que agora mora em Fortaleza. Não sei se ela estava dormindo, com crise de insônia, amando, na balada, chorando, enfim. Não sei.
Só sei que é muito bom a gente saber ser amado, lembrado. É muito bom receber uma mensagem de um amigo, em plena madrugada só pra nos dizer que “Queria muito que você estivesse aqui, pulando com a gente, como nos velhos tempos. Te amo.”
Um simples gesto desses faz o dia (ou a madrugada) de alguém ser muito mais colorido.
Por isso eu sempre digo aos meus amigos o quanto os amo.
E quem é meu amigo sabe que não há hora para eu expressar meu carinho.
O meu amor não tem hábito de agendar horário. Ele, simplesmente, ama.

sábado, 27 de novembro de 2010

O Desencontro


Hoje eu vou contar a história de João e Maria. (Não, eu não vou falar sobre o pé de feijão. João e Maria são nomes fictícios dos personagens de uma história linda e real. Um breve resumo.)

João e Maria se conheceram de uma maneira inusitada. Ele: sorriso tímido, ar faceiro, inteligente, mente aberta. Ela: Sorriso largo, descontraída, coração bom... Após algumas longas e infindáveis conversas empolgadas  perceberam que tinham muito em comum e a identificação foi recíproca. Daí pra surgir a paixão, não demorou muito. João ardendo de paixão embarcou sem medo, sem culpa, sem limites rumo ao desconhecido. Maria, apesar de apaixonada, estava mais cautelosa e comedida, amedrontada. Os meses foram passando e João continuava no mesmo nível de paixão e dedicação. Já Maria... Ah, Maria... Essa foi desanimando, esfriando, esmorecendo e sem saber lidar com a paixão vinda de João, foi deixando o romance escapar entre os dedos. Outros "Josés" entraram na vida de Maria, assim como "Joanas" passaram pela vida de João, mas como o tempo é o senhor de tudo Maria percebeu que era em João que encontrava o que procurava, logo, os "Josés" foram ficando pequenos, inferiores e precários aos olhos de Maria. Acontece que a roda da vida não para e a vida de João continuou. Assim muita coisa foi ficando ao longo do caminho, muita coisa se perdeu com o tempo e hoje as coisas não são mais como eram antes. Maria e João se apaixonaram em tempos diferentes. Ainda há sentimento em João, mas um imenso abismo se formou entre os dois e eles não sabem como contorná-lo.

A mim, cabe o papel de boa amiga e desejar sorte a eles.
A Maria cabe o papel de seguir seu coração, e decidir se quer ou não tentar recuperar o que foi perdido.
A João, ah, a esse eu não sei que papel cabe. Só posso desejar sorte!

Bom final de semana à todos, de preferência com muitos encontros e nenhum desencontro.

Verônica.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

O Carteiro e o Poeta



(by Cinthya)

Um filme para os amantes da poesia!
Uma bela narrativa, um esplendoroso cenário. Baseado na obra literária de Antonio Skármeta, O Carteiro e o Poeta exala poesia do início ao fim. Aliás o filme é uma poesia, ou ainda, uma aula de poesia.
Mario, um rapaz muito pobre, filho de pescador não pretende herdar o ofício do pai e vive sonhando em mudar de vida, talvez viajar para a América onde moram os primos que se deram bem. Mario é muito humilde e ingênuo, mas repleto de sensibilidade.
Pablo Neruda, grande poeta chileno, comunista, exilado, recebe abrigo numa pequena cidade de pescadores, na Itália.
Mauro fica sabendo da chegada do afamado poeta e vai trabalhar de carteiro exclusivo de Neruda e aí começa um grande laço de amizade, admiração e sinceridade.
Mauro quer aprender a ser poeta a todo custo, principalmente depois que se apaixona pela bela Beatrice e cabe a Neruda arranjar paciência para ensiná-lo a arte da poesia e a arte da sedução.
Uma obra composta de coisas simples e belas como tem que ser a composição de uma bela poesia.
Um toque doce, suave, sereno, cheio de vida, de amor e de beleza mesclados com um fundo político dão ao filme O Carteiro e o Poeta os elementos necessários para torná-lo inesquecível. Sem falar, é claro, da trilha sonora apaixonante e diálogos que fazem a alma da gente estremecer...

Eu já vi milhões de vezes – ah, tudo bem que sou ariana exagerada em tudo, mas a obra é mesmo merecedora.

“A poesia não pertence a quem escreve, mas a quem precisa dela...”

Não deixem de assistir!!!

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Obrigada, Vida!

(by Cinthya)

Hoje só quero agradecer.
Agradecer à vida pela beleza das cores que passeiam ao meu redor, pelo cheiro maravilhoso de tudo que me cerca, pela brisa que desalinha meus cachos e algumas vezes até arranca de mim uma irritação engraçada.
Hoje resolvi agradecer por todos os dias em que tenho que acordar cedo, mas tão cedo que o sol ainda sequer levantou, por ter que tomar banho naquele chuveiro gelado e sentir o corpo totalmente dormente de tanto frio.
Agradecer por sair quase sempre correndo para não perder o horário do coletivo (e quase sempre perco). Agradecer pelas vezes que chorei sentada na parada de ônibus xingando o motorista e toda sua família (até a terceira geração) por ter passado dois minutos antes do horário de costume, promovendo assim, o meu atraso na empresa.
Hoje eu agradeço por todas as vezes que senti vontade de comer algo bem gostoso e lembrei que não tinha sequer R$ 1,00 na bolsa. Agradeço por todas as vezes que chorei ao receber meu contracheque no final do mês e perceber que meu trabalho não tem reconhecimento, agradeço pelas vezes que meu chefe me chamou em sua mesa e em vez de elogiar o trabalho que eu acabara de fazer, teceu incomensuráveis críticas ao meu profissionalismo.
Hoje agradeço por todas as vezes que chorei e choro por não ter ainda como dar uma vida melhor para os meus pais. Agradeço por sentir tanta vontade de nunca mais ver a minha família sofrer qualquer dor.
Hoje agradeço por ter sempre tido uma vida limitada, de escolhas difíceis, de situações engraçadas, de amigos fieis, de família unida, de poesia intensa.
Agradeço por todas as vezes que sofri, que chorei, que tremi, que cai, que levantei, que sonhei e a realidade me acordou, que dei de cara com o fracasso e ainda assim engoli o choro e recomecei tudo. Agradeço porque isso é “estar viva”.
Agradeço por entender que é preciso encontrar o equilíbrio entre a dor e o prazer, que tanto um quanto o outro são necessário no cenário da vida, que a lágrima deve ser saboreada tanto quanto o sorriso, que o choro e a gargalhada são lindos, igualmente lindos quando se sabe aproveitar as lições que cada um traz.
Agradeço por começar a tentar entender os mecanismos da vida, os ciclos que se fecham e se abrem todos os dias, levando o ultrapassado e trazendo o novo, bem como a importância de estarmos sempre abertos para essa renovação, que nos manter fincados no passado é assinar contrato com a tristeza.
Agradeço a descoberta de que é preciso ter coragem para ser feliz, que a felicidade requer sabedoria, equilíbrio e força, bem como esforço de nossa parte para que ela se conclua.
Hoje agradeço a Deus por ter me dado a honra de ter estado nos braços de um homem lindo, um ser humano especial, que me cobre de respeito, de carinho e atenção. Um homem de coração grande, de personalidade sólida, de carisma imenso.
Quero chorar e gritar ao mesmo tempo, preciso desabafar essa tempestade de sentimentos que se forma em mim, essa certeza de ter chegado a hora de entrar em uma nova etapa da minha linda e saborosa vida.
Que essa vida que me cerca não morra jamais e que essa minha vontade de felicidade somente aumente para que o meu sorriso continue sendo a minha marca.
Que os meus olhos nunca se fechem para a vida.
Hoje eu apenas agradeço!
Obrigada, vida

Simplicidade Nas Mãos De Ariano Suassuna


(by Cinthya)

Um final de semana daqueles que ficam gravados na memória da gente por um tempo suficiente para ser considerado eterno. Eu havia chegado da capital baiana naquela madrugada, tinha reencontrado o mar depois de mais de dois meses sem o ver. Havia sentido meus pés pisar aquela areia tão gostosa, sentido as ondas banhando meus passos e limpando os caminhos por onde eu passaria. Eu estava leve, como sempre fico depois que Iemanjá me cobre com seu vestido azul.

Por volta das dezoito horas arrumei-me para assistir a aula-espetáculo de um dos grandes nomes da nossa literatura e autor de cenas que me fazem rir até hoje. Na faculdade sempre falamos muito nele, nas suas obras e, talvez por ver seu nome sempre acompanhado de outros grandes escritores de nossa língua como, por exemplo, Manoel Bandeira, João Cabral de Melo Neto, entre outros, fica na cabeça da gente a impressão de que também ele já habitava planícies mais altas e dignas da sua sabedoria.

Que emoção foi ver o palco da Concha Acústica de Petrolina ser invadido naquela noite de 25 de setembro de 2005 por Ariano Suassuna. O público levantou para recebê-lo entre muitos aplausos. Não pude deixar de notar a singeleza da mesa que servia de tribuna para o poeta, coberta com um pano de chita, igualzinho àqueles que se usam na roça para cobrir a cama, o pote, a mesa, e também fazer as roupinhas das crianças. A praça da Catedral de Petrolina iluminou-se com a simpatia do Ariano, que discorreu sobre temas da língua portuguesa tratados de forma engraçada e de maneira tão envolvente que todos entenderam o recado.

Ao final, com a apresentação do grupo de dança “Samba de Véio” da comunidade da Ilha do Massangano, pude ver meio que de canto de olho, visto que eu estava espremida entre os tantos admiradores que também queriam uma aproximação maior com o poeta, um Ariano menino, moleque, catingueiro. Senti-me flutuar com aquela imagem: Ariano Suassuna dançando “samba de véio”, com um sorriso largo e traquino. Um encontro de poesias. A palavra do poeta e o ritmo do povo num equilíbrio lindo, num enlace perfeito. Um desses presentes que Deus dá a quem tem olhos de ver e alma de sentir.

É mesmo um menino o nosso poeta que não parava quieto e movimentava-se o tempo todo para atender ao público que insistia em chamá-lo. De um lado para o outro, ele dava trabalho aos que dele “cuidavam”.

Após uma fila imensa, chegou então a minha vez de falar com aquele que tanto encanto causa em mim. Sentei ao seu lado com meus dois livros nas mãos e fiquei calada, senti-me menina, envergonhada, talvez pequena, fagulha, mas brilhante e com vontade de brilhar ainda mais. Foi dessa forma que senti os olhos do poeta pousarem sobre mim. Com uma caneta e um papel na mão ele disse:


- Diga seu nome, filha – já pronto para me dar o seu autógrafo.

- Não vim buscar autógrafo. Vim trazer-lhe o meu, juntamente com o meu trabalho – disse eu na minha ousadia nordestina.

Ariano recebeu em suas mãos a minha essência que eu, trabalhosamente, consegui publicar em livro. Conferiu se estava autografado e sorrindo me agradeceu.

Foi tudo muito rápido, mas eu nunca esquecerei do que senti ao ver as mãos de Ariano Suassuna folheando o meu “Simplicidade”. É como uma fotografia na minha mente. É como um banho de doce arrepio no meu corpo. É como um prêmio merecido. É como sentir os pés descalços correndo atrás da bola nas areias do meu saudoso Barro Branco, ou quem sabe, o prazer de conseguir tirar o umbu mais alto e mais inchado do umbuzeiro do açude velho, enfim, é como poesia para a minha alma.

Ariano Suassuna é humano, um homem de carne e osso, com um corpo que lentamente se rende à ação dos anos. Mas Ariano é mais que isso. Ele encerra em si a poesia na sua sublimidade, e numa noite de primavera me deu de presente a imagem da simplicidade em suas mãos.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Eu Te Amo De Várias Formas Ditas (Ou Não Ditas)

(by Cinthya)

Manoel e Vitória casaram muito novos, como sempre acontecia na zona rural dos pequenos municípios do interior Pernambucano. Dessa união veio o primeiro filho, o segundo, o terceiro... o vigésimo filho. Eita 'nois'! Vinte filhos de uma única união. Nunca houve uma briga, uma separação. Nunca pediram 'um tempo' ou precisaram viajar sem a presença do outro para repensar a relação.
Como as coisas eram tão diferentes do que temos hoje, talvez nunca tenham dito, sequer um EU TE AMO em palavras. Mas, um casamento que dura setenta e três anos já é, por si, uma prova de amor imenso.
Manoel, com o passar dos anos e com a ida para a cidade, foi adoecendo e ficando debilitado fisicamente. Mas continuou extremamente carinho e amoroso com todos os filhos, os netos, os bisnetos. Vitória, por sua vez, tinha força física, mas a mente comprometida. Foi-se esquecendo de todos, lembrando por momentos e depois voltando a esquecer. Engraçado! Também nisso eles se completavam.
Quando viajavam para casa dos filhos, em outra cidade, para tratamento médico, sempre perguntavam pelo parceiro que ficara em casa:
- Minha filha, Manoel já jantou? Coloque o jantar dele primeiro. Ele come cedo.
Ou então:
- Será que Vitória tomou o remédio?
Isso também era dizer EU TE AMO em alto e bom tom.
Quando em casa, estavam sempre juntos. Assistiam a TV juntos, sentavam na varanda juntos e mesmo quando ele não mais andava, estavam sempre juntos. O dia inteiro juntos. Por vezes se podia ver um a olhar o outro. Em silêncio, apenas observando o companheiro. Como se os olhos gritassem EU TE AMO.
Manoel piorou de sua doença e em 24 de dezembro de 2008, as 17h30min veio a óbito, na sua cama, no seu quarto, na sua casa, em meio aos seus filhos e netos. Foi o natal mais triste daquela família.
No velório, por vezes Vitória parecia em outro mundo, por vezes dizia: "Foi um grande homem, marido e pai de família"... Depois, calava-se e ficava alheia a tudo. Isso também era dizer EU TE AMO.
Passaram-se trinta dias de sua partida quando a família juntou-se para celebrar a missa de um mês de falecimento de Manoel. Aos pés do altar estava Vitória. Linda, bem vestida e perfumada. Sentada na sua cadeira especial. Calada. Particularmente calada naquela tarde. Ao término da missa ela disse: "Podem me deixar aqui, aos pés de Jesus". Os filhos a levaram para casa - no outro lado da rua.
Ela tomou seu cafezinho e disse: "Hum... Que delícia!"
Naquela tarde estava agendada a visita do médico para ver o estado dela. O médico da família chegou e a sentou no leito para sentir seus batimentos. Pediu para que ela deitasse para facilitar o exame e ela deitou... Na mesma cama onde o marido falecera há exatos trinta dias.
Eram 17h30min do dia 24 de janeiro de 2009 quando Vitória deu seu último suspiro. Ali na sua cama, no seu quarto, na sua casa, em meio aos filhos, netos e médicos.
E essa também foi uma forma de dizer EU TE AMO.

  

Essa é uma das mais belas histórias de amor que já vi ou ouvi. A história de um bem sucedido casamento, um amor sem adornos, alegorias ou contos de fadas. Um amor simples, sem nada de extraordinário ou extravagante. Uma relação sem declarações escancaradas.
Um amor concreto, real, e forte. Um amor de respeito, de parceria, de cumplicidade.
Um amor tão forte que nem a morte separou.
Manoel e Vitória entraram para a história da pequena Trindade/PE. E é com as lágrimas jorrando, o coração apertado e cheia de orgulho que termino de escrever para vocês a linda história de amor dos meus avós.

Uma saudade imensa deles.

Ainda sinto o cheirinho aconchegante que só eles tinham... O cheiro de um era o cheiro do outro...

Um amor para recordar, enfim!

terça-feira, 23 de novembro de 2010

... E QUANDO EU ABRO O MEU SORRISO, O MUNDO SE ABRE PARA MIM.

Ah Vevel!!!
Que sintonia essa nossa, hein???
O texto que fiz para postar hoje, fala justamente do amor. Esse amor que me move, mesmo quando estou parada. Esse amor que me faz viver mesmo quando choro essas feridas que trago na alma causada pelas desilusões passadas.
Ah, o amor!!! Tão mágico, tão sublime. E não falo somente de um amor de casal, falo do amor como um todo. Amor à vida, ás pessoas, a nós mesmos.
Sou uma romântica irremediável.
E acho o máximo ser assim!!!
E é esse amor que não me deixa muito tempo no fundo do poço... Aos poucos, escalo as paredes e não há nada que me impeça de alçar vôo novamente.
E quando eu abro meu sorriso, o mundo se abre pra mim.

Boa leitura!!!

SOU ROMÂNTICA, SIMPLESMENTE!

(by Cinthya)

Um romântico não escolhe ser romântico. Ele nasce romântico, ou melhor, um romântico não nasce simplesmente, ele renasce de algo que já existe, de um mundo perfeito, de uma realidade que de tão real é um sonho.

A minha alma conhece a perfeição, sabe que o belo existe nas suas mais ousadas formas, sabe da existência de uma paz constante e absoluta, já viveu o amor na sua mais sublime fórmula. E não preciso ser louca para afirmar isso, a minha alma me grita a todo instante, está registrado nela, eu sinto.

Vivo cada instante dessa minha existência numa busca incansável pelo saciar desse meu desejo de reviver essa perfeição que já vivi em algum tempo. A todos os instantes me vejo mergulhar nesse objetivo. E não me canso, não desisto, não me perco no caminho.

Sou consciente de minha realidade, mas sei, antes de mais nada, que eu e minha alma podemos mudar o que vemos ao nosso redor. Eu e o eu que encontro em minha alma.

Sou romântica porque vivo intensa e maravilhosamente todos os meus instantes. Conheço a beleza de chorar um amor perdido, um amor que simplesmente me trocou por um outro coração, mas conheço também a beleza de viver nos olhos apaixonados do outro todos os sonhos de um futuro feliz.

Conheço igualmente a beleza de querer fugir do exterior e me trancar em mim mesma pra procurar entender meus conflitos, como também conheço a beleza de, sendo mulher, me sentir amada, tocada, acariciada, invadida, de ser levada ao paraíso num êxtase completo da alma.

Sou romântica porque vivo numa busca eterna pelo eterno prazer. E não importa se eu não o encontre agora, importa sim, a busca. Vivo dessa busca, me empenho nela e ela é meu combustível. Sinto prazer ao chorar, vejo beleza em minhas lágrimas. E se ganho, logo encontro outro ideal, e mais uma vez recomeço a busca.

Sou romântica porque adoro o belo, o irreal, o que de tão puro parece inexistente.

Sou romântica não só por escrever cartas de amor, que de ridículas não têm nada, mas também por idealizar, acreditar e lutar por uma sociedade digna, justa e perfeita para os povos.

Utopia?

Não.

Anseios de uma alma que nasceu para ser livre.

Um Amor Pra Recomeçar...

Ah, o amor! Como não falar do amor? Tão presente em tudo.


Hoje tive o prazer de encontrar uma amiga de longas datas, mas que a confusão e o caos que tentam nos tragar diariamente, insistem em afastar.
Reencontro de amigas sabe como é, a introdução e as perguntas são sempre as mesmas:

Ela: Menina, me conte como você está. E o namoro?

Eu: Estou ótima, amiga!! Graças a Deus, mas o namoro não vai muito bem. Ando sem paciência pra namorar e com "preguiça" de cultivar um relacionamento que precisa da colaboração dos dois. "Minha alma viajante e meu coração independente" ainda estão arredios e sem vontade de estacionar. Mas depois falo de mim, me conte como você está. Está namorando?

Ela: Estou! E estou me sentindo uma "papa-anjo"

Eu: Hahaha bobagem!! Amor não tem idade.

Ela: De fato, ele tem 23 anos e me conquistou. Muito maduro pra idade dele. Me observou durante muito tempo, até que uma amiga em comum nos apresentou. Conversamos e ele me contou com riqueza de detalhes os lugares que eu frequentava e até como me vestia. No começo me esquivei, mas ele foi gentil, paciente e muito inteligente. Até que não tive dúvidas, me dei mais uma chance.

Minha amiga, é uma jovem mãe solteira, foi mãe muito nova e durante a gravides foi abandonada pelo pai do seu filho. Por causa da desilusão amorosa e por alimentar  dentro de si o monstro do preconceito, não se deu mais a oportunidade de ser feliz, de sentir viva, de se sentir mulher.
Por medo do que "os outros vão pensar" e por medo de ser rejeitada por ser mãe solteira, se trancou dentro de um casulo imaginário e achando pouco, construiu em torno de si uma barreira instransponível.
Mas, o amor chegou de mansinho e deu um golpe certeiro e ela nem se deu conta.


Essa conversa com minha amiga só me fez ter certeza de uma coisa que eu já sabia a muito tempo: O preconceito está dentro de nós, é na nossa cabeça que ele se desenvolve. É dentro de nós que temos que trabalhar isso. Trabalhar e eliminar de uma vez por todas. Não é possível que em pleno século XXI ainda alimentemos pensamentos tão primitivos.

Amiga, como eu sei que você lerá esse post eu quero deixar um conselho pra você: Aproveite cada minuto que essa nova experiência lhe proporcionar. Se dê a chance de ser feliz de novo e esqueça os fantasmas das antigas e fracassadas relações. Como uma esponja absorva ao máximo tudo que este novo amor vier a te oferecer. E não esqueça, amor não tem idade.

Muito amor pra todo mundo. O amor faz bem pra pele, rejuvence e dá vida.

Viva o amor!

Verônica.

Que País é Esse?





Pensando no que iria escrever hoje, me ocorreu a seguinte dúvida: Eu vou ficar sempre na sensação de observar o cotidiano e dele extrair algum assunto relevante pra dividir aqui? Mas por outro lado, publicando ou não, eu continuarei a observar, então... Já que tenho vontade vou externar.
Primeiro, assisti ontem com muito pesar uma reportagem falando sobre a vida de Renato Russo, tinha tudo pra ser mais uma reportagem repetitiva e cansativa sobre um cara que foi idolatrado como um deus. Mas não foi! Foi a narrativa simples e singela da vida de um pobre homem rico. Foi do inferno ao céu e voltou ao inferno de novo. Teve fama, poder, honrarias e muitas glórias. Mas mergulhou num imenso vazio e deu fim a própria vida. Numa busca desesperada de não se sabe o quê, buscou abrigo e refúgio nas drogas e não encontrou. Quando Renato Russo morreu eu tinha apenas 13 anos, gostaria muito de ter acompanhado mais a sua vida e seu trabalho, mas não pude. Hoje, me resta o pesar e a lamentação por ele, que não soube cuidar da própria vida e não soube cultivar o que a fama deu de melhor. Possibilidades.
Então eu me pergunto: O que leva uma pessoa a destruir a própria vida? Interromper um caminho que tinha tudo pra ser tão longo? Permanece a dúvida.


Agora, meu espírito questionador e inquieto se vê diante de outras, intermináveis, dúvidas.
Assistir jornal hoje em dia é só pra ver desgraças e barbaridades, mas hoje em especial, algo me tocou. O desabafo de uma profissional da área de jornalismo que na teoria deveria estar acostumada com tragédias e noticias ruins, mas não está! Não está porque é humana, não está porque é mãe, e mulher. Tem medos fraquezas e acima de tudo sensibilidade para ver e se comover com os fatos. O desabafo:
"Desabafo: já apresentei centenas de jornais e hoje foi muito difícil. Estou angustiada até agora. Duas adolescentes decapitadas e um pai.... que não teve apoio da polícia. Um menino de 10 anos, cheio de sonhos, morto dentro de casa e o pai não conseguiu socorro. Uma mulher...... sequestrada e torturada. Um motociclista arrastado por 8 quilômetros por um caminhoneiro bêbado. É duro falar tanta violência. Desculpem o desabafo. É triste constatar que é como se estivéssemos voltando no tempo. O tempo dos bárbaros."
Patrícia Nobre


É, Patrícia... Nós também não estamos nada felizes com o que vemos, e tenho muito medo do futuro. "Nosso futuro é duvidoso" Não faço ideia do mundo que nossos filhos encontrarão e tanta violência me assusta. Seja violência contra o próximo ou contra si mesmo.


Independente da religião de cada um, eu desejo muita fé que dias melhores virão. E acima de tudo, desejo muita paz!


Peguei o gancho do post anterior da minha parceirona que me mata de orgulho. E peço desculpas, pelo choque de realidade, depois de um texto tão belo de uma alma poética como a dela.


Verônica.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

"Um Dia Pretendo Tentar Descobrir Porque é Mais Forte Quem Sabe Mentir"

Cara, eu carrego uma carga de sentimentos tão grande dentro de mim, que algumas vezes penso que vou pirar. Por vezes me pego observando as pessoas e tentando imaginar o que se passa com elas, se têm sonhos, medos. Se são felizes, se têm fé.
Observo as pessoas que não assinaram contrato com a verdade e a dignidade e me icomodo, quando percebo que, na maioria das vezes, elas dão passos mais longos que os meus.
Será que meus pais se equivocaram? Será normal esse choque do 'meu eu' com o 'além eu'?
Será que estou mesmo correta nessa história?
Afinal, quem mente, deve acreditar na sua mentira de forma tão veemente que a torna uma verdade, ainda que somente para si.
Ai, que loucura!!!!
Vou ficar aqui mastigando minhas inquietações...
Para mim, sorte na minha tentativa!
Para vocês, boa leitura!

CONTROVERSO

(by Cinthya)

Algumas vezes observo as pessoas e fico tentando imaginar se elas são pessoas normais ou se vivem, assim como eu, uma confusão interior que por muitas vezes lhes tiram a calma e ameaçam sua paz.

Viver com tantas dúvidas e medos, desacertos e limitações, vontades e barreiras, tudo isso tem me tornando uma pessoa cheia de pensamentos constantes e controversos.

Minha mente cansa-se diante dessa confusão de cores indefinidas, formas ininteligíveis e mensagens que não consigo decifrar.

No meu arquivo vital as formas e fórmulas que deveriam nos conduzir ao ponto desejado, ou seja, à realização do que cremos ser o melhor, se chocam com o que é encontrado no mundo externo a mim. Então (re)nascem dúvidas quanto ao que eu defendo como sendo verdades da vida. E me vejo, dessa forma, mergulhar num mar de individualidades que apenas acentuam a minha sensação de insegurança.

Já não me dá tanto conforto saber que ajo de acordo com virtudes adquiridas ao longo de minha vida. Algumas vezes me vejo com um pouco de medo em ser quem realmente sou. Percebo que meu modo de expressar o que penso, de sorrir porque tenho vontade e falar sobre os sentimentos que precisam ser arremessados de dentro de mim, por vezes assusta o meu interlocutor. Quando isso acontece, fica difícil controlar o medo de por exemplo, de repente perceber que você foi esculpido à imagem de algo que não existe, que seus alicerces são erros e ilusões.

Ainda não sei como controlar a inquietação e o medo que me tomam quando assisto uma pessoa que sabe mentir, dar passos mais largos que os meus.

Eu tenho me sentido na contramão da vida. Mas ainda não sei viver de outra forma. Ainda acredito no que sou, e me esforço para não me afundar num mar de ilusões e sujeira.

Doe me sentir incompreendida e algumas vezes, estranha. Mas creio que isso dói menos do que me render ao assalto daquilo que ainda acredito ser hipocrisia.

Fico imaginando se isso acontece com todos ou se apenas alguns sentem e vivem esse inferno que é a dualidade das coisas, esse labirinto onde adentramos na tentativa de encontrar a nós mesmos, correndo o risco de nos perder.

Não quero uma meia vida, meios sonhos e meia felicidade.

Nuvens negras surgem num prenúncio de tempestade. Que ela venha então, lavando de mim tudo o que não seja paz, limpando tudo o que não seja vida, apagando tudo o que não seja eu.

GESTOS DE AMOR

"A minha caixinha de sapatos, contendo meus escritos continua sendo meu alvo todas as noites. Engraçado. Essa menininha me fez chorar de emoção há um tempo e hoje, ao relembrar, chorei novamente. Gestos tão simples, pessoas tão pequenas e tanta nobreza de sentimentos. tanto sofrimento transformado em amor...
Que possamos então, aprender com Wiliane, sobre nunca abrir mão do amor, do zelo pelos seus  e de que é possível manter-se digno diante das adversidades.

Boa lietura!"

WILIANE, UM ANJO DE VESTIDO AZUL

O Vale do São Francisco se destaca no cenário mundial como um oásis em meio ao deserto do sertão nordestino. Milhares de hectares de plantio irrigados pelas abençoadas águas do Rio São Francisco transformam Petrolina e Juazeiro – principais potências do Vale – em metrópoles do comercio de frutas e vinhos.

Normalmente entre os meses de outubro e novembro, uma das duas cidades se transforma em sede da FENAGRI – Feira Nacional da Agricultura Irrigada. Os estados de Pernambuco e Bahia se revezam para sediarem o evento que recebe pessoas de todo o Brasil e também do exterior, principalmente dos países europeus e americanos. Grandes negócios são fechados em torno da agricultura irrigada e a Feira tornou-se festa no calendário São Franciscano e eixo forte na economia do Vale.

A Fenagri de 2005 aconteceu em Juazeiro, no final do mês de outubro, coincidindo com a I Exposição de Livros dos Autores do Vale – ocorrida em Petrolina, da qual eu participei expondo meus trabalhos. Grandes poetas anônimos e outros nem tão anônimos assim abrilhantaram o evento, e simultâneo a rodada de negócios da Fenagri, fizemos a nossa rodada de poesias e fechamos projetos voltados para a arte literária da região. Muito embora o público da Exposição Literária tenha sido mínimo, concluímos que uma semente foi plantada e quem sabe o fruto seja uma Bienal.

No final da tarde do dia 29 de outubro, Dia do Livro, após fazermos a travessia “Petrolina/Juazeiro” deslizando sobre as águas do nosso querido rio, a pedido de amigos que recebemos em nossa cidade, sentamos em um barzinho para conversar, descontrair e beber uma cerveja gelada, na tentativa de esquecer o calor de 42º que fazia ferver as águas do Velho Chico.

Foi nessa nova rodada de negócios que aconteceu o que mais me chamou a atenção nesse dia. Sentada bem próximo a grade de proteção do Cais de Juazeiro, uma menina prestava atenção em nossas conversas e insistia em não atender ao nosso pedido para que saísse daquele lugar, evitando uma queda. Perguntei onde estava sua mãe e ela respondeu, então a peguei nos braços e levei-a até lá. A mãe sustentava outra criança que, após mamar, dormia em seu colo. Pedi autorização para levar Wiliane – esse é o nome da pequena menina – até a mesa onde estava com os meus amigos, sentei-a numa cadeira ao meu lado e começamos a conversar. Descobri que ela tinha ainda mais dois irmãos que também estavam lá. Disse-me que a mãe os havia trazido para um passeio na Fenagri – estávamos a alguns metros da Feira.

Um dos meus amigos ofereceu-lhe um refrigerante e ela prontamente recusou, mas pude perceber em seus olhinhos que ela não fora sincera em sua recusa, então lhe falhei que poderia aceitar o refrigerante, que não era feio e que não tinha problema algum. Os olhinhos brilhantes de Wiliane disseram sim. Ofereci-lhe batatas fritas e ela aceitou sem pensar em recusar. Da segunda vez ofereci-lhe uma porção maior e ela, ao receber, olhou-me e disse “vou levar para a minha mãe”. Sem esperar aprovação de minha parte levantou sorrindo e correu para o lugar onde sua mãe estava a conversar com um homem que Wiliane disse não conhecer.

Aquela menina tão pequena não faz idéia do que seu gesto foi capaz de causar dentro de mim. Eu tive a sensação de que havia caído em um abismo e sentia minha alma mergulhando em um nada profundo, um nada que ia me consumindo, me devorando. Senti-me tão pequena e insignificante diante do que realmente tem valor nessa vida.

A essa altura, os irmãos de Wiliane já estavam sentados próximos a nossa mesa e foi para eles que ela levou a terceira porção de batatas fritas e o segundo refrigerante que ela aceitou após uma recusa inicial, visto que não havia sido eu quem lhe oferecera.

Precisei segurar as lágrimas que se fizeram em meus olhos. Aquela meninha fechou, com aqueles gestos simples, a maior rodada de negócios que nem a Fenagri e nem a Exposição Literária conseguiram. Aquele coraçãozinho tão pequeno demonstrou uma capacidade imensa de amar e me deu uma das maiores lições de respeito que eu já presenciei.

Wiliane não deve ter mais que cinco anos de idade, mas seu corpo abarca um espírito maduro. Os seus olhos têm uma profundidade que, se olhando nos seus, fará você repensar sobre muita coisa e tenha certeza, sentir-se-á pequeno. Em vez da criancice ela traz consigo a maturidade de uma vida difícil.

Ela estuda e a mãe trabalha como lavadeira de roupas. Disse-me que o pai havia ido embora para a casa da avó, no Ceará, após levar uma queda de um poste elétrico. E todas essas informações ela me passou olhando nos meus olhos, um olhar seguro de quem sabe que a vida não é só uma brincadeira de criança, pelo menos não para ela.

Wiliane é um anjo, uma criança linda, e para mim, ela representou muito mais do que os milhões que fomentaram a nossa economia naquele final de semana, ou as inúmeras letras que estremeceram a alma daqueles poetas. Wiliane representou a vida. Wiliane representou o Brasil numa pintura viva e real.

by Cinthya

Trabalho x Descanso

Nada melhor para uma segunda-feira que começar falando sobre trabalho x decanso. Compartilho com vocês um texto muito interessante, que há quem discorde.




"Não paute sua vida, nem sua carreira, pelo dinheiro.
Ame seu ofício com todo o coração.
Persiga fazer o melhor.
Seja fascinado pelo realizar, que o dinheiro virá como conseqüência.
É preferível o erro à omissão.
O fracasso, ao tédio.
O escândalo, ao vazio.
Porque já vi grandes livros e filmes sobre a tristeza, a tragédia, o fracasso.
Mas ninguém narra o ócio, a acomodação, o não fazer, o remanso.
Colabore com seu biógrafo.
Faça, erre, tente, falhe, lute.
Mas, por favor, não jogue fora, se acomodando, a extraordinária oportunidade de ter vivido.
Tendo consciência de que, cada homem foi feito para fazer história.
Que todo homem é um milagre e traz em si uma evolução.
Que é mais do que sexo ou dinheiro.
Você foi criado para construir pirâmides e versos, descobrir continentes e mundos, e, caminhar sempre com um saco de interrogações na mão e uma caixa de possibilidades na outra.
Não use Rider, não dê férias a seus pés.
Não se sente e passe a ser analista da vida alheia, espectador do mundo, comentarista do cotidiano, dessas pessoas que vivem a dizer: eu não disse!, eu sabia!
Toda família tem um tio batalhador e bem de vida.
E, durante o almoço de domingo, tem que agüentar aquele outro tio muito inteligente e fracassado contar tudo que ele faria, se fizesse alguma coisa.
Chega dos poetas não publicados.
Chega de empresários de mesa de bar.
Chega de pessoas que fazem coisas fantásticas toda sexta de noite, todo sábado e domingo, mas que na segunda não sabem concretizar o que falam.
Porque não sabem ansiar, não sabem perder a pose, porque não sabem recomeçar.
Porque não sabem trabalhar.
Eu digo: trabalhem, trabalhem, trabalhem. De 8 às 12, de 12 às 8 e mais se for preciso.
Trabalho não mata, ocupa o tempo, evita o ócio que é a morada do demônio, e constrói prodígios.
O Brasil, este país de malandros e espertos, da vantagem em tudo, tem muito que aprender com aqueles trouxas dos japoneses.
Porque aqueles trouxas japoneses que trabalham de sol a sol construíram, em menos de 50 anos, a 2ª maior megapotência do planeta, enquanto nós, os espertos, construímos uma das maiores impotências do trabalho.
Trabalhe! Muitos de seus colegas dirão que você está perdendo sua vida porque você vai trabalhar enquanto eles veraneiam.
Porque você vai trabalhar, enquanto eles vão ao mesmo bar da semana anterior, conversar as mesmas conversas, mas o tempo, que é mesmo o senhor da razão, vai bendizer o fruto do seu esforço, e só o trabalho lhe leva a conhecer pessoas e mundos que os acomodados não conhecerão. E isso se chama sucesso."    
Nizan Guanaes

Pronto! Isso é a receita perfeita para quê? Para o fracasso! É sim, PARA O FRACASSO, na minha humilde opinião, todo excesso gera complicações. Afinal, pode ser clichê, mas é um ditado sábio: "A diferença entre o remédio e o veneno é apenas a dose." Nesse texto Nizan Guanes, comete um erro comum, o exagero. Ele começa o texto dizendo: "Não paute sua vida, nem sua carreira, pelo dinheiro." E logo em seguida afirma: "Não use rider, não dê férias aos seus pés" "trabalhe, trabalhe, trabalhe, trabalhe" Peraí, Nizan, somos humanos e não máquinas.
A partir do momento que voce coloca  seu trabalho e suas ambições à frente de todo o resto voce está condenado a ser um infeliz. Voce não tem família, não tem lazer, não tem paz porque a todo momento estará tentando realizar algo, e numa busca incansável pelo sucesso inatingível vai sempre querer mais. Não vai se contentar nunca. Não concordo com as pessoas que vieram ao mundo a passeio. Não possuem sonhos, metas, alvos... Na verdade não as entendo. Não entendo como uma pessoa pode viver sem desejar algo, sem buscar ou batalhar por alguma coisa. Porém não concordo com aquelas que SÓ fazem isso. Nem tanto nem tão pouco.
Abaixo segue um textinho que já é conhecido por alguns que me acompanham:

"Nada de preocupações, problemas, stress... vivo a vida como ela deve ser vivida, dia após dia, um dia de cada vez. Planos? Só de curto prazo. Cansei de tentar adivinhar o amanhã.Quero fazer festa, agitar, viajar, estar com meus amigos e família,... aproveitar a vida. O RESTO É CONSEQUÊNCIA! O que mais me surpreende na humanidade? Os homens que perdem a saúde para juntar dinheiro e depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde. Por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem o presente de tal forma que acabam por nem viver no presente, nem no futuro. Vivem como se nunca fossem morrer e morrem como se nunca tivessem vivido."



"Na incerteza do amanhã, aproveite o hoje para ser feliz!!"




É isso aí, boa semana a todos!

Texto retidado do blog: http://www.alminhasimpenadas.blogspot.com/
Postado em 16/08/2010

Verônica

sábado, 20 de novembro de 2010

FÊNIX

Escrevi esse texto há uns cinco anos atrás, quando vivia uma busca intensa e deliciosa pelo amor da minha vida (Ah!!! Quem nunca viveu essa busca?).

De lá pra cá, muita coisa mudou e, remexendo em meus papeis – aqueles que guardamos dentro da caixa de sapato, em cima do guarda-roupa – encontrei essa crônica e pensei: “Caramba, fui eu mesma que escrevi!!! O que aconteceu comigo? Que fortaleza é essa que me cerca? Que armadura é essa que me veste hoje? Pra que tanta defesa, tanto medo,tanta cautela?”

Enfim, combinei com a minha parceira de Blog, a Vel, que escreveria algo novo para lançar aqui, mas voltei atrás e publico essa crônica como sendo uma retomada minha ao caminho delicioso da Busca Pelo Amor Da Minha Vida.

Para mim, boa sorte!

Para vocês, boa leitura!

CRÔNICA DE DOIS

(By Cinthya)

 Do inesperado a vida faz nascer histórias que vão recheando a nossa existência, encaixando as peças, encontrando o sentido de tudo o que parecia perdido. Numa manhã qualquer você poderá estar recebendo um presente tão lindo que fará parte de sua vida por um tempo suficiente para se tornar inesquecível.
E de repente, os conceitos vão sendo moldados, os muros da resistência vão sendo demolidos, tijolo após tijolo, um a um, à medida que o amor vai ganhando confiança em seu coração.
Aquela idéia de não mais se apaixonar, de nunca querer casar, de não aceitar mais construir sonhos a partir da palavra “dois” vai sendo esquecida, engavetada, abolida de sua nova “Cartilha da Felicidade”.
Você volta a ter aquele brilho lindo no olhar, a sentir que o Pólo Norte algumas vezes se transporta para dentro de sua barriga, provocando aquele gelo gostoso quando você pega o telefone para falar com o ser que, conseguindo driblar o seu medo de amar novamente,  se infiltrou dentro de você.
Agora tudo parece ser muito engraçado, bonito, cheio de vida, de luz. Sorrimos por qualquer coisa, para qualquer pessoa que passe ao nosso lado. Dizer “Bom Dia” nunca foi tão prazeroso, acordar e agradecer a Deus por mais um dia é uma tarefa feita de coração.
O nosso pensamento é povoado por lembranças gostosas, por cenas que projetamos para um futuro próximo e certo. E com isso o nosso semblante estará sempre leve, feliz.
Os planos são muitos e simples, sempre construídos sobre os alicerces sólidos do respeito. E assim cada um vai se redescobrindo um ser feliz, único e cheio de amor para compartilhar.Sentimos nascer uma vontade danada de dividir as mínimas coisas com essa pessoa que, a cada instante, vai se tornando mais presente em nossa vida.
Acordar ao lado de quem tanto amor a ti dedica e ficar ali por algum tempo observando o sono dele, acompanhando a sua respiração. Dividir o armário do banheiro e ver tudo duplicado, desde a escova de dentes até o hidratante corporal. Sentar juntos para o desjejum e perceber que a mesa outrora posta para um somente, agora oferece mais coisas, itens inclusive, algumas vezes opostos ao gosto do outro, mas, que encontram seu lugar e se encaixam no paladar certo.
Dividir o closet e perceber que ele parece mesmo ter sido feito para um casal, dividir os sorrisos durante todo o dia, dividir os olhares que funcionam como canal de troca de emoções, dividir os medos, os anseios. Dividir a responsabilidade de proteger o outro, de abraça-lo na tentativa de provar que ali nos seus braços ele estará seguro de todo o mal que possa existir no mundo.
Assistir juntos ao Fantástico no final do domingo e acordar o outro na hora da reportagem que ele tanto queria ver, mas que o cansaço e a cervejada do churrasco na casa dos amigos tenta impedir.
Respeitar a individualidade do outro, buscar entende-lo dentro do seu contexto, consciente de que também você tem suas manias e que não pretende abrir mão delas.
Dividir a responsabilidade e o compromisso de não alimentar sentimentos mesquinhos, de não abrir espaço para palpite de terceiros e de sempre buscar esclarecer as dúvidas com diálogo e paciência.
Dividir os momentos em que tudo parece estar errado e que a vontade de sair correndo torna-se quase insuportável, que a aquarela ameaça perder a cor, que você já não tem tanta certeza de ter feito a escolha certa. Dividir a responsabilidade de saber a hora certa de parar, conversar, chorar, explicar e resolver as pequenas pendências antes que elas tomem proporções gigantescas.
Entender a hora em que o outro precisará estar sozinho sem que isso implique no fim do amor. Calar-se sem estar ausente. Mostrar-se presente, sem inconveniência. Conhecer a hora certa de dar aquele beijo na face do outro, aquele beijo que diz “Meu amor, estarei aqui sempre que precisar”.
Assumir o compromisso de todos os dias, antes de qualquer palavra, antes de qualquer declaração, ou mesmo antes de qualquer insulto, abraçar o outro silenciosamente, um abraço de pelo menos um minuto de duração. Um abraço que os fará repensar o que irão dizer, o que sentem e o querem para o dia que se inicia.
Dividir o que for necessário para que se construa a harmonia.Tendo jogo de cintura, entendendo, respeitando e jamais esquecendo que são “DOIS”.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

A arte de estar ao lado sem pesar com a presença

QUINDIM NA PORTARIA.


"Estava lendo o novo livro do Paulo Hecker Filho, Fidelidades, onde, numa de suas prosas poéticas, ele conta que, antigamente, deixava bilhetes, livros e quindins na portaria do prédio do Mario Quintana: “Para estar ao lado sem pesar com a presença”.
Há outras histórias e poemas interessantes no livro, mas me detive nesta frase porque o não pesar os outros com nossa presença é um raro estalo de sensibilidade.
Para a maioria das pessoas, isso que chamo de um raro estalo de sensibilidade tem outro nome: frescura.
Afinal, todo mundo gosta de carinho, todo mundo quer ser visitado, ninguém pesa com sua presença num mundo já tão individualista e solitário.
Ah, pesa.
Até mesmo uma relação íntima exige certos cuidados.
Eu bato na porta antes de entrar no quarto das minhas filhas e na de meu próprio quarto, se sei que está ocupado.
Eu pergunto para minha mãe se ela está livre antes de prosseguir com uma conversa por telefone. não faço visitas inesperadas a ninguém, a não ser em caso de urgência, mas até minhas urgências tive a sorte de que fossem delicadas.

Pessoas não ficam sentadas em seus sofás aguardando a chegada do Messias, o que dirá a do vizinho.

Pessoas estão jantando. estão preocupadas.
Pessoas estão com o seu blusão preferido, aquele meio sujo e rasgado, que elas só usam quando ninguém está vendo.
Pessoas estão chorando.
Pessoas estão assistindo a seu programa de tevê favorito.
Pessoas estão se amando.
Avise que está a caminho.
Frescura, jura?
Então tá, frescura, que seja.
Adoro e-mails justamente porque são sempre bem-vindos, e posso retribuí-los sabendo que nada interromperei do lado de lá.
Sem falar que encurtam o caminho para a intimidade.
Dizemos pelo computador coisas que face a face seriam mais trabalhosas.

Por não ser ao vivo, perde o caráter afetivo?

Nem se discute que o encontro é sagrado.
Mas é possível estar ao lado de quem a gente gosta por outros meios.
Quando leio um livro indicado por uma amiga, fico mais próxima dela.
Quando mando flores, vou junto com o cartão.
Já visitei um pequeno lugarejo só para sentir o impacto que uma pessoa querida havia sentido, anos antes.
Também é estar junto.

Sendo assim, bilhetes, e-mails, livros e quindins na portaria não é distância: é só um outro tipo de abraço."

Martha Medeiros


O Texto acima já fala por sí só, para "inaugurar" nosso cantinho, resolvi postar essa obra de arte da maravilhosa Martha Medeiros para  que possamos refletir à respeito. Que todos nós saibamos estar presentes na vida de quem amamos, sem "pesar com nossa presença".

Desejo um "raro estalo de sensibilidade" à todos.


Verônica