sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Aquilo Que Eu Sempre Quis Ser


(by Cinthya)

Eu devia ter uns 15 anos de idade. Nessa época todas as minhas amigas eram lindas e como toda menina linda de 15 anos elas namoravam. Bom, essa regra de ser linda e ter namorado não se estendia a todos e eu, é claro, estava na fatia dos excluídos.

A gente saia pras festas e eu era o único ser a não namorar ninguém. Mas como eu sempre tive amigas, elas me cediam seus namorados para que eu pudesse, ao menos, mexer o esqueleto com eles e assim, me sentir “normal”. Eu não me revoltava porque tinha plena consciência de que eu era mesmo desprovida de beleza e com isso aprendi a valorizar outras coisas no ser humano, coisas que estão além da aparência física.

Lembro que havia um comercial de TV onde uma moça, vestida elegantemente caminhava num estacionamento de carros e, como era magrinha conseguia passar entre um carro e outro sem tocar os retrovisores. Eu ficava imaginando se um dia eu pudesse fazer aquilo. Poxa, seria o máximo.

E os cabelos? Nossa, quando eu via um cabelo longo, achava lindo. A minha mãe insistia em cortar o meu cabelo curto e como ele é rebelde por natureza, o negócio não ficava visualmente agradável, enfim. Espinhas eram minhas eternas companheiras, sem falar nos óculos. Ai ai!

Eu sonhava em ser paquita e nunca esqueço da fisionomia de minha mãe quando eu afirmava isso. Ela devia pensar: Pobre da minha filha! Como a Xuxa vai aceitar uma paquita com melanina acentuada, cabelo curto, tóin óin óin, espinhas, óculos, 20 quilos acima do peso? Não, decididamente a Xuxa não me aceitaria no seu time de meninas loiras e em plena forma.

Então. Eis que o tempo passou e nisso eu fui descobrindo que posso ser do jeitinho que eu sempre sonhei. A descoberta foi maravilhosa. Empenhei-me e agora tenho o corpo que sempre quis ter e sempre que vejo carros juntos, passo entre eles, sem tocar em nenhum dos retrovisores. Faço questão de passar pelos lugares mais apertados (ha ha ha). Óculos ficaram no passado, meu papo é com as lentes de contato. Espinhas perderam-se no tempo. Uma boa alimentação me deu uma pele gostosa. Cabelo curto? Não. Longos, lisos e loiros.

É muito boa a sensação de olhar as fotos de 20 anos atrás e ver a gritante melhora de mim mesma. O bom nisso tudo é que eu nunca fui complexada com nada. Sempre soube lidar com os dois lados da moeda, com o antigo e o novo testamento da minha vida.

Hoje me sinto bem em saber que posso ser o que eu quero ser. Que posso ter o cabelo que eu quiser ter. Adoro ser bonita! Se eu soubesse que isso era possível, teria feito antes e, quem sabe, conseguiria ter sido paquita. Porque hoje, aos 35 anos isso fica um pouco difícil. Se bem que... Vou procurar o endereço da Xuxa, quem sabe??? Mas, ela ainda tem paquitas?

Então, você pode ser o que sonhar. Pode emagrecer, engordar, ficar loira, morena. Basta agir e não ter medo de mudar. Sem esquecer que o mais importante é ser feliz, indiferente de quantos quilos tenha.

Sou feliz demais, por tudo que sempre fui e por tudo que ainda serei. Por ser feliz com o que tenho, sem perder a capacidade de sonhar. Por descobrir a verdadeira beleza das pessoas. Por descobrir que sou eu mesma quem manda no meu destino. Sou feliz por ter me tornado aquilo que eu sempre quis ser.

Um comentário:

Andarilho disse...

Essa de passar entre os carros e não tocar nos retrovisores é muito boa, hahaha.