(by Cinthya)
A gente nasce e morre sendo a gente mesmo. Não existe opção de mudança, enfrentamos o caminho todo sendo a mesma pessoa, todos os dias. Mas apesar desse fato, algumas coisas aqui dentro me fazem ser diferente, sentir diferente, querer diferente.
Há alguns dias tenho sentido uma vontade enorme de pedir socorro, de dizer que a mulher forte e determinada também precisa de colo e de cuidados. Que o fato de eu ser dona da minha vida e de ter uma personalidade tão forte não me tira a necessidade de sentir que alguém de fato se preocupa comigo, se preocupa com minhas dores e me protege dos meus medos.
Eu sei que sou calada, escuto muito mais do que falo. Mas o fato de falar pouco em nada significa sentir pouco. Existem turbilhões aqui dentro de mim, vulcões em constante erupção e isso finda me deixando cansada ao longo da estrada. E então eu percebo que tudo que mais preciso agora é de um abraço, é de alguém que pare ao meu lado e apenas me dê a mão como quem diz: “Divida comigo o que está te atormentando”.
A loba está na toca, quietinha, pensativa, precisando analisar decisões importantes, passos longos e firmes podem ser dados, mas tudo muito bem analisado e pensado. Pela primeira vez eu dividi um momento de mudança, eu me permiti ouvir a opinião do outro. Pela primeira vez eu entendi que é muito gostoso deixar-se ser cuidada por alguém, sentir que alguém se move, de fato, para nos proteger.
Eu baixei a guarda, pela primeira vez em tantos anos. Pela primeira vez em tanto tempo abri as portas da minha emoção para que ele andasse livremente em mim. O que aconteceu? Aconteceu que eu continuo sendo forte, determinada e teimosa, mas que agora tenho algo que faz uma diferença danada em tudo: sabedoria!
Sabedoria para entender que em alguns momentos da nossa vida, a gente tem maiores chances de acertar se permitirmos receber a ajuda de quem nos ama e isso em nada nos torna fracos, muito pelo contrário. Como canta Maria Betânia chegou a minha hora de dizer "Eu sou sua menina, viu?" e me deliciar na novidade que se apresenta e que é, justamente, me permitir ser frágil (frágil, mas nunca fraca) e deixar que o amor cuide de mim.
2 comentários:
Cynthia, tenho certeza que, assim como aconteceu comigo agora, centenas (porque não dizer milhares) de mulheres se viram no seu relato. E hoje, em um dia que a leoa aqui esta particularmente sentindo-se frágil e impassível diante do "inimigo" que é ela mesma, não conseguiu conter as lágrimas ao terminar a leitura! Parabéns mais uma vez.
Sim, me senti descrita mais uma vez no que você escreveu. Há algum tempo a Amélie também disse que precisávamos aprender a pedir colo, e que isso não diminuia nossa força, mesmo que sigamos - erradamente - acreditando nisso.
Bjs
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