sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Se eu morrer novo

 


 
Entendendo a fragilidade da vida e vendo diariamente notícias sobre jovens mortos decidi que, literalmente, não vou deixar para amanhã o que quer que seja. Afinal, o amanhã pode não chegar. Por esse motivo deixo um poema bacana pra terminar bem a semana. E deixo tambéms alguns conselhos: Aproveite o hoje, Viva o hoje. Cuide bem da sua vida. Seja prudente e cauteloso, não ponha sua frágil vida em risco. Seja Feliz.
Bom final de semana à todos!
 
Verônica
 
 
 
 
 
 
Se Eu Morrer NovoFernando Pessoa
 
 
Se eu morrer novo,
Sem poder publicar livro nenhum,
Sem ver a cara que têm os meus versos em letra impressa,
Peço que, se se quiserem ralar por minha causa,
Que não se ralem.
Se assim aconteceu, assim está certo.

Mesmo que os meus versos nunca sejam impressos,
Eles lá terão a sua beleza, se forem belos.
Mas eles não podem ser belos e ficar por imprimir,
Porque as raízes podem estar debaixo da terra
Mas as flores florescem ao ar livre e à vista.
Tem que ser assim por força. Nada o pode impedir.

Se eu morrer muito novo, oiçam isto:
Nunca fui senão uma criança que brincava.
Fui gentio como o sol e a água,
De uma religião universal que só os homens não têm.
Fui feliz porque não pedi cousa nenhuma,
Nem procurei achar nada,
Nem achei que houvesse mais explicação
Que a palavra explicação não ter sentido nenhum.

Não desejei senão estar ao sol ou à chuva —
Ao sol quando havia sol
E à chuva quando estava chovendo
(E nunca a outra cousa),
Sentir calor e frio e vento,
E não ir mais longe.

Uma vez amei, julguei que me amariam,
Mas não fui amado.
Não fui amado pela única grande razão —
Porque não tinha que ser.

Consolei-me voltando ao sol e à chuva,
E sentando-me outra vez à porta de casa.
Os campos, afinal, não são tão verdes para os que são amados
Como para os que o não são.
Sentir é estar distraído.

Um comentário:

Lília disse...

Lindos Versos!!

Bom fim de semana meninas!

Beijo grande!