(by Cinthya)
Lembro bem que há uns cinco anos atrás eu estava furiosa com Deus e com a vida por causa de tanta mudança indesejada na minha vida. Revolta era pouco pro que eu estava sentindo. A única pessoa que me entendia era Nietzsche e eu o lia com avidez. Éramos grandes companheiros, passávamos horas e horas juntos trocando ideias, eu bebia tudo o que os livros me passavam. Foi um aprendizado, claro.
Eu não estava feliz. Morava em um bairro considerado bom e as consequências me levaram a mudar para um outro bairro mais popular e isso não me caiu bem. Fiquei muito chateada com a vida, e com tudo e todos que tentassem me "consolar". Não tinha jeito. Eu não estava feliz e nada mudaria isso.
Passados os anos eu fui me rendendo ao meu novo mundo. Meu filho veio para minha vida e isso somou ainda mais para que a mudança acontecesse em mim referente a tantas coisas. Hoje eu moro num bairro de gente simples, e eu admiro a maioria deles. Adoro ver a cara das pessoas, dizer "bom dia", levar um agrado para alguém. Adoro ver o carinho que todos têm pelo meu filho. Ver como todos o conhecem, o chamam pelo nome, o abraçam.
Admito que quando morava no outro bairro, quase não via meus vizinhos, nem o nome deles eu sabia. Hoje isso não acontece. Mesmo que eu não fique muito tempo sentada na calçada (como as pessoas aqui normalmente ficam), eu vejo e sei quem são meus vizinhos e isso gera uma sensação de me sentir "parte de um todo", de perceber que todos nós temos um lugar nesse mundo. Ninguém merece mais e ninguém merece menos. Igual pra todos!
Hoje eu tenho orgulho do meu bairro. De ver tanta gente batalhadora que lá vive, tanto empreendedor, tanta gente buscando seu lugar ao sol, de forma digna e sempre com um sorriso no rosto. Adoro saber o nome do dono do supermercado, da mercearia, da padaria. Adoro conhecer o padre, o fotógrafo e a moça da horta. Enfim, adoro minha comunidade. Adoro gente, adoro integração. Quando vou a Salvador,por exemplo, só me sinto de fato em Salvador, quando visito o Pelourinho. Sei que lá existem duas realidades, mas é lá que eu sinto as pessoas, que eu sinto a integraçãos dos povos, a história, o mais profundo de tudo. É lá que eu sinto a alma da cidade.
Eu sempre tive vontade de visitar um morro, de saber como tudo funciona lá, de ouvir as histórias... Mas não tive oportunidade, ainda.
Bom Dia, Comunidades!
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