(by Cinthya)
A vida da gente é um negócio em constante movimento. Nada é estável, nada é estático. A gente cresce com as situações que aparecem e das quais não conseguimos nos desvencilhar. Vencemos uma barreira e logo aparece outra, maior e mais persistente. E assim vamos seguindo, crescendo, nos especializando, tornando-nos Gente Grande.
Lembro do que o meu irmão disse quando saiu de casa para casar: “Chega uma hora que você sente a necessidade de construir sua própria vida, sua própria família”. Lembro que choramos por umas três semanas, apesar de ele ter ido morar na rua seguinte à nossa. Foi a primeira “ruptura” que sofremos. Eu não entendia bem o que aconteceu com ele. Logo saiu o outro irmão, a irmã e fiquei sozinha com os meus pais. Então chegou meu filho, e eu continuei com os meus pais.
De uns meses pra cá, no entanto, vem crescendo em mim a necessidade de ter algo meu, um canto, um lugar. Uma espaço onde eu possa organizar tudo ao meu jeito, onde o Pedro possa brincar sem que eu me preocupe se ele vai ou não mexer nas coisas da vovó. Tenho sentido a necessidade de ter algo meu, de fato. De ser a dona da minha vida, de fazer o que eu queira fazer, na hora que eu quiser fazer. Vontade de abraçar novas responsabilidades. De chegar em casa e olhar pro meu filho: “Agora somos só nós dois”.
Essa idéia tem me povoado a mente, tem esquentado meu coração. Essa idéia não é mais somente uma idéia. É uma necessidade. A sensação é de que venci mais um estágio da minha trajetória de vida e preciso adentrar nessa nova lição. Preciso provar esse sabor que me era tão distante até então.
Esse não é um passo simples, não é uma coisa a ser decidida às pressas. Tudo precisa ser bem pensado porque eu não sou mais sozinha e tudo o que eu decido e faço reflete de forma imediata na vida de quem eu mais amo nesse mundo. Quem é Mãe Solo como eu sou e assim como eu, mora com os pais, deve saber como é difícil criar e educar uma criança num lar onde muita gente manda. Sabe que é delicado impor limites na criança quando os avôs estão ao lado.
Na minha casa sobra amor, graças a Deus. Somos uma família abastada desse sentimento. Somos unidos, sempre fomos. Aqui não existem confusões, palavrões, mentiras. Somos, de fato, uma família e nada disso mudará. O que eu preciso é apenas de um lugar meu, onde eu possa amadurecer mais, onde eu possa ter as rédeas nas mãos, onde eu possa, enfim, ser Gente Grande.
Um dia eu pensei que moraria pra sempre na casa dos meus pais, o tempo passou, muita coisa mudou e hoje eu me vejo organizando minha vida para dar esse importante passo que é morar só com o meu filho. O que me tranquiliza é saber que o amor pelos meus velhinhos continua o mesmo que o fato de eu querer sair de casa não vai mexer na estrutaura de nossa família. Agora que eu cresci quero ter a chance de me tornar um grande ser humano, como eles se tornaram.
4 comentários:
Moro com meus pais e acho otimo, aqui pe super tranquilo, sem dizer que não preciso me preocupar com as coisas doemsticase acho otimo isso.
Mas existe um momento que necessitamos dessa mudança, da busca do nosso mundo.
Eu optei por ver meu momento passar , e continuar com eles, tenho meu flat em Bauru as vezes passo uma noite la, quando estou mto cansada, mas no meu normal estou sempre pro aqui, não sei se fiz certo ou errado ter optado por fiocar com eles isso so o futuro nos diara, mas hoje só sei viver assim , ouvindo os 2 .
bjs
Morar com os pais é seguro sim, não há dúvidas. Mas ter nossa casinha é tão bom! Depois que tive a minha, não sei se me acostumaria a morar com meus pais novamente. Segue seu coração. Um espaço teu e do teu filho, um lugar gostoso. Boa sorte!
Um passo de cada vez. Sem pressa, sem atropelos...
É a evoluão, Parça. O infindável e infinito processo de evolução e crescimento.
Isso seria ótimo pra Pedro, ter uma referência. A casa dele! A casa do vovô e da vovó continuaria lá, seria a base, o apoio, mas ele teria a cada dele. Dele e da mamãe.
Vai ser bom pra ele sim!
Só uma coisa, prepara o Sr Vicente e Dona Lourdinha antes e com cuidado para não machucá-los.
Ah, e nem pense em morar longe, eles sofreiram demais com a ausência do pequeno.
Beijos, Parceirona!! Boa sorte!!
Verônica
acho que é a primeira vez que eu leio um texto sobre esse assunto e posso dizer que faço das suas palavras as minhas! eu tenho uma filha e moro com a minha mãe e sinto esse aperto no coração de ter um cantinho pra chamar de nosso (meu e da minha filha).
parabéns por ter conseguido e espero que chegue logo a minha vez!
Postar um comentário