E lá estava escrito “Pronta para morrer de amor”... Me surpreendi ao ler essa frase escrita por mim, de próprio punho, há tempos atrás. Aquilo me incomodou, remexeu dentro de mim e fiquei inquieta. Fui dormir intrigada com o fato. Procurei em mim a poeta romântica e amorosa que escrevia versos de um amor tão puro e não mais encontrei. Foi difícil conciliar o sono naquela noite.
Onde estaria a mudança? Em que parte de minha vida se deu essa reviravolta? Em qual esquina eu deixei cair tanta vontade que eu tinha de amar, tantos créditos que eu dava aos romances, às relações de amor?
Eu olhei pra trás e foi inevitável cair num choro sentido. Tão sentido que doía até a alma. Peguei meu livro de poesias que ainda nem foi publicado e me procurei tão incansavelmente naqueles versos, foi uma busca tão desesperada por um pouco de mim que ainda viesse a existir naqueles versos tão bonitos e tão sentidos.
O que fizeram de mim? O que fizeram do amor que eu tinha? O que eu permiti que fizessem com o meu coração? São feridas tão profundas, que por mais que o sangue já tenha estancado, as cicatrizes estão lá, numa pele sensível. Tão sensível que a qualquer movimento mais brusco elas reabrem. Pelo menos essa é a sensação que eu tenho.
Poucos sabem o quanto eu chorei, porque eu nunca fiquei a me lamentar. Mas a dor sempre esteve aqui, embora eu tenha escolhido erguer a cabeça e mergulhar na vida, embora eu tenha escolhido focar em outro ponto e seguir firme, embora eu não tenha me permitido cair e ficar ali, estirada ao chão. Forte? Sou. Aprendi a ser. Impus a mim mesma que reagisse com força e segui em frente. Derrubei todos os obstáculos. Servi de exemplo para muitas que passaram pela mesma situação.
Mas as seqüelas existem. Parece que secaram a minha alma. Parece que pintaram de cinza os meus sonhos tão harmoniosamente coloridos. E hoje é muito difícil pra mim enxergar alguém com os óculos cor de rosa do amor.
Aprendi a ser racional. Sob tortura a vida me impôs um novo jeito de ver as coisas. E eu aprendi a enxergar pela ótica lógica do lado mais óbvio de todos, aquele lado que não enxerga nem um centímetro além do que, de fato, existe.
Você me fez crua, então agora não venha reclamar da minha insensibilidade. Aprendi contigo o "be-a-bá" da vida, aprendi contigo e por ser tão inteligente, superei o mestre. É uma pena pra você. É um mérito para mim. Estou livre. Como eu esperei para gritar isso: ESTOU LIVRE!
Vi um casal na TV. Chorei de emoção, então... Ainda posso amar? Em algum lugar talvez. Algum dia talvez... Me perdoem se eu não sou mais a mesma, mas é que eu tenho cicatrizes que a vida fez e só eu sei a dor que cada uma delas causou.
Mas nem tudo está perdido, afinal, Cinthya Danielle ainda é o meu nome. Áries ainda é o meu signo. Fogo ainda é meu elemento. Vida ainda é minha sede. Inesquecível ainda é a minha marca.
5 comentários:
"Você me fez crua, então agora não venha reclamar da minha insensibilidade. Aprendi contigo o "be-a-bá" da vida, aprendi contigo e por ser tão inteligente, superei o mestre. É uma pena pra você. É um mérito para mim. Estou livre. Como eu esperei para gritar isso: ESTOU LIVRE!"
Por um instante tive a certeza de que você sou eu, Parça!
Que texto incrível!! É tão maravilhoso quando a gente acorda e sente um estalo como se uma cortina estivesse sendo disfeita...
Nossa, é tão maravilhoso poder dizer ESTOU LIVRE!!!!
Me sinto assim! Exatamente assim!
Beijos!!
Verônica
É, Parça...
Não é fácil não. A gente leva tanta porrada que fica zonza. Depois se descobre incrédula no amor.
Mas eu saio dessa... Ah, saio!
É mais uma virada de página e daqui a pouco eu chego de novo, refeita, renovada, feliz.
Ou não me chamo Cinthya Danielle,a Fênix!
"Das habilidades que o mundo sabe, essa ainda é a que faz melhor: dar voltas."
Aguarde as voltas que o mundo dará, Parça!
Beijos!
Verônica
Eu acompanho o blog e nunca comentei mas vamos lá : passei por uma situação bem difícil com o futuro marido , pesei BEM e resolvi perdoar , MAAAAAS ...sinto que tb estou meio "cinza" , e fico com medo de que as coisas nunca mais serão as mesmas .Como disse uma amiga " sinto que vc não tem mais aquele brilho de esperança que tinha antes" .
Mas enfim , tempo é a chave mesmo ...se vou ter essas "cores" de novo , sabe-se lá , mas agora neste momento não quero aprofundar a questão .
Muito bom o blog !
Bjos
Respondendo a sua pergunta, quase no final: Sim, vc ainda pode amar!
Acredite sempre nisso!
Beijocas!
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