quinta-feira, 31 de maio de 2012

Em Pratos Limpos



Era uma noite fria, meu coração batia forte e minhas mãos geladas tremiam, minha pele ardia como fogo constrastando com o clima... Era uma mistura de frio e nervosismo... Minha voz estava embargada pela emoção e as palavras saíam confusas. Era o prenúncio de uma conversa difícil. Eu sabía que nos machucaríamos com essa conversa, mas eu não podia mais adiar esse momento.

Ele também estava nervoso, me fitava os olhos com um ar de interrogação, não entendia o porque de tanta formalidade. Percebeu então que o momento tão temido havia chegado. Ele conhecia a necessidade dessa conversa e no fundo pressentiu que não viriam coisas boas, também sentiu que a noite seria complicada.

Não tínhamos mais como fugir desse embate, não tínhamos mais como protelar esse acerto de contas, precisávamos deixar tudo às claras. Havíamos chegado no nosso limite.

Mágoas represadas, ressentimentos acumulados, expectativas frustradas, cobranças não feitas, desabafos sufocados... Tudo isso estava minando nossa sanidade sentimental. Precisávamos pôr as cartas na mesa.

Ele começou me indagando sobre o que estava acontecendo e onde eu pretendia chegar com todo aquele clima de suspense. Eu, erradamente, comecei acusando-o, inclusive, e principalmente, de coisas que ele nem tinha culpa. Percebi meu erro, parei, respirei fundo, me refiz e comecei de novo.

Agora, mais calma e serena. Desfrutando de um auto-controle até então desconhecido eu desabafei. Me debulhei em palavras, externando todos os sentimentos que havia encarcerado esse tempo todo. Uma conversa assim acontece como uma progressão, um fato ligado a outro, todos conectados dando forma e até cor ao contexto. Conforme avançava naquele campo minado, meu coração ía se acalmando. É como se a emoção destoasse do peso da conversa, percebi então que quanto mais desabafava, mais leve ficava. Mais a calma e a tranquilidade íam tomando espaço dentro de mim, espaço antes ocupado pela mágoa, pelas dúvidas, pelas frustrações...

As lágrimas vieram, é claro! Mas, surpreendentemente, não as deixei cair. Consegui, como em pouquíssimas vezes havia acontecido, ter uma conversa difícil sem chorar. Ao invés de lágrimas eu desaguava em palavras. Palavras claras, sinceras e delicadas. Sem ofensas, sem acusações, sem troca de farpas... Apenas um desabafo genuíno vindo do coração.

Ele por sua vez, mais comedido que eu, disse tudo que precisava em poucas palavras, mas sem deixar nada subentendido. Foi conciso sem ser lacônico, objetivo sem ser indelicado. Ficou, enfim, tudo às claras. Como era esperado.

Pacientemente ouviu tudo que eu tinha a dizer, sem me interromper e sem se defender, aguardou o seu momento de falar para usar as palavras a seu favor. Como um verdadeiro gentleman que sempre foi, exteriorizou suas mágoas, cobranças, frustrações e se lamentou por todas as vezes que negligenciei a nós dois. Se queixou de coisas que eu, presa na gaiola do egoísmo, sequer imaginva... Tudo muito tranquilo e sincero. Tudo muito calmo e de uma sutileza incrível. Nem parece que estávamos arrancando as cascas de  feridas inflamadas. Parece que estávamos trocando nossos curativos. Agora sinto que as feridas secarão. Agora elas sararão...
Ambos sentimos que expurgamos o carma da dúvida, exorcisamos os fantasmas do comodismo. Expulsamos a incerteza e o mal entendido. Nos recompomos. Nos redescobrimos.

A sensação que me tomou após essa conversa é indescritível. Como é bom ser e estar leve. Como é bom abrir o coração. Como é bom ter uma conversa franca. O mais importante de tudo isso, é que mesmo depois de termos despido um ao outro da roupa do fingimento e conformismo, mesmo depois de termos exposto tantas mágoas, ainda assim, a admiração, o carinho e o respeito continuaram. Aliás, sinto que depois dessa conversa esse sentimentos só se fortaleceram.

Verônica

quarta-feira, 30 de maio de 2012

E Por Falar Em Verdade...


(by Cinthya)
 
É claro que ainda existem mentiras sustentadas por mim. Verdades que nunca deixei vir à tona. É óbvio que sim. Todo mundo tem mentiras inconfessáveis, é natural da relação “consciente x inconsciente” jogar para o porão de nossa mente fatos que, por algum motivo, nos machucam, incomodam, perturbam.

Freud explicou tudo isso com maestria. Ele sustentou a teoria de que nos empenhamos tanto em guardar certas coisas devido a dor que elas nos causam/causaram que em decorrência disso adquirimos traumas e neuras. E é preciso um tratamento longo para que o problema seja resolvido. E a cura, pasmem, está na fala. Colocar pra fora, expelir o inconfessável, destrancar a porta do porão e exorcizar os monstros e demônios do nosso inconsciente. Falar a verdade.

E é essa verdade que tento sustentar na minha vida, muito embora nem sempre obtenha êxito, que isso fique claro. Mas a verdade é a base para uma vida saudável, para relacionamentos saudáveis, amizades verdadeiras e romances concretos. A verdade nos livra de incômodos do tipo ansiedade, medo de ser descoberta a nossa falha (existe coisa mais angustiante do que o medo de que alguém descubra a nossa mentira?).

Eu tinha 18 anos na época, recém-chegada na cidade e com uma amizade agradável e sincera com a Fran (vou chama-la assim). Então a gente estudava no mesmo curso de inglês e sempre estávamos juntas. Certa feita ela começou a paquerar um rapaz, até aí tudo bem. Mas... Eis que num belo dia esse rapaz me encontra no centro da cidade e me dá uma carona. Mais velho que eu e ela, ele me cantou de forma inteligente e envolvente e eu me senti balançada.

Ao descer do carro fui direto pra casa dela e disse que precisávamos ter uma conversa. Respirei fundo e contei. Falei sobre a cantada e disse que não era bem isso o que me incomodava. O que me doía era o fato de eu ter gostado e me sentido atraída por ele, mesmo sabendo que ele era paquera dela. Pronto. Falei. Ela ficou me olhando, calada, os olhos marejados e eu esperando uma reação, enfim.

Daí ela disse: “Eu nunca tive uma amiga assim”, no que eu respondi: “Que traiu a sua confiança?” e ela: “Que me falou a verdade.” E começou a chorar abraçada comigo. Ela então disse que eu tinha carta branca para ficar com ele, até porque na noite anterior ele a tinha esnobado. Mas aquela situação mexeu tanto comigo que ao mesmo tempo em que confessei meu crime, me livrei dele, ou seja, ao falar sobre o meu interesse esse interesse se desfez e nossa amizade continuou firme. Soubemos driblar esse episódio.

Para o meu filho eu sempre oriento falar a verdade, por mais chocante que ela possa ser. Lembro, como hoje, que aos 21 anos eu cheguei em casa pela manhã, toda empolgada, sorriso engolindo as orelhas, e ao olhar nos olhos da minha mãe eu disse: “Mãe, já era. Não sou mais virgem!”. Ela quase caiu pra trás, mas eu me senti aliviada ao contar a verdade. Por mais que ela tenha brigado, por mais que eu tenha passado dias e mais dias ouvindo sermão, eu estava aliviada, transparente, limpa. Não tinha a angustia e o medo de a qualquer momento ela descobrir. Eu já havia contado. E pus uma roupa vermelha e sai, achando que agora sim “Eu Sou Mulher”.

Então é isso: eu falo logo e enfrento logo o que tiver que enfrentar porque não gosto de suspense. A verdade cai bem e nos fortalece. Um dia hei de abrir a porta do meu porão e expulsar de lá todos os monstros que ainda guardo trancafiados, amordaçados dentro de mim.

terça-feira, 29 de maio de 2012

O Divã Delles


Como já falamos aqui uma infinidade de vezes, os meninos são sempre bem-vindos no Divã. Hoje recebemos um convidado pra lá de especial falando coisas lindas a nosso respeito. Vejamos então o Divã pela óptica delles.

Abaixo segue um texto lindíssimo de um homem que se tornou leitor assíduo do nosso tão amado blog. Trata-se de um homem de meia idade, funcionário público federal, um profissional bem sucedido, marido, pai e acima de tudo um homem que traz consigo muito conhecimento de vida e uma grande bagagem...
Para nós, é uma honra imensa tê-lo como leitor e entusiasta da nossa arte. Agradecemos imensamente a Rodrigo pelas palavras generosas e pelo carinho conosco.
Felicidade pouca é bobagem, né? Então...
Boa leitura!

Verônica



"Confesso não ser lá um grande fã de blogs, por uma série de motivos pessoais, dentre eles o fato de que geralmente são repetitivos e com conteúdo de duvidosa qualidade.
Foi então que tive o prazer e a felicidade de conhecer o Divã Dellas.

A foto inicial já transmite alegria, paz, e me aproxima das autoras, como se as conhecesse há muito tempo, fato que não se confirma.
Que sorriso! Que convergência de diferenças! Que simpatia! Me sinto em casa sempre que acesso.

A expontaneidade é algo impressionante, os textos parece que saem de pura inspiração, como se as palavras fossem ditas e não escritas, ou como se alguém pegasse os vossos depoimentos e transcrevessem para o blog,  tudo se torna tão simples, mesmo se tratando de depoimentos próprios, de sentimentos que muitas vezes as pessoas passam a vida toda e não conseguem exprimir! De repente, me senti dialogando com vocês, ou então, me vi inserido em alguma situação narrada como se eu fosse um personagem!

A postagem de Verônica, que narra seu cansaço frente aos desafios da vida, me trouxe lembranças do passado, quando tinha aproximadamente sua idade, também tive momentos em que pensava parecido. Verônica, todos passam por isso em algum momento da vida, é muito novinha pra cansar! talvez eu não seja capaz de analisar o tamanho dos seus obstáculos, mas certamente eles não devem ser maiores que seu otimismo e que sua força de vontade pra superá-los, procure enxergar o que tem de bom ao seu redor, procure sua fé, procure ver suas qualidades e olhe pra frente, pro futuro, pro seu horizonte. Tudo depende de você, do seu esforço, dedicação. Isso é fruto do auto-convencimento, da sua consciência do que é necessário e do que precisa ser feito.

A postagem de Cinthya também merece atenção especial. Primeiro uma observação pessoal, toda Cinthya com Y é bonita! e você não foge à regra. Mas isso é o menos importante no momento. Adorei a auto-definição inicial. "Eu não sou santa", e é essa responsabilidade que algumas pessoas costumam colocar em nossas vidas. Imagine sentir-se santo! Que tamanho peso pra se carregar! Santo não erra. Carrega a perfeição em todos os seus atos e momentos. Como um ser humano normal pode viver com tamanha tarefa? Não dá mesmo!  As vezes até nos comportamos como santos pra satisfazer outra ou outras pessoas, mas só por algum tempo mesmo! Vem a realidade! Temos pilares firmes de comportamento a serem seguidos, como respeito, atenção, carinho, fidelidade, etc., mas perfeitos não! santos não! Seria exigir muito de nós mesmos! Como diz você Cinthya, seria uma sabotagem de si mesma. Sua postagem eclode como um grito de independência! Certamente quem te sufocou deve ter refletido centenas de vezes mais quando leu o texto.

O amor, a paixão, se encontram tão à flor da pele, e o mais incrível é que tudo fica tão leve, tão gostoso de ler. Um sopro de cultura em meio à ventania de coisa inútil que se encontra na internet.

Seus textos são tão especiais que, guardadas as devidas proporções, extratos de Fernando Pessoa passam desapercebidos. Sem exageros.

Parabéns pelo blog! Parabéns pela criatividade! Vocês são lindas! e a impressão é que se complementam!

Assinado. Eu mesmo! rs"

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Tudo Pode Ser



(By Cinthya)
Sempre sonhei muito nessa minha vida. Nunca me prendi somente ao que tenho. Eu viajo longe naquilo que desejo, que almejo, que sonho, que busco. Eu visualizo o sonho realizado, concretizado e chego a sentir o sabor delicioso dessa vitória.
Eu não admito que eu não possa viver daquilo que eu gosto de fazer e sei fazer. Então vezequando eu me pego vivendo daqui a alguns anos, eu me flagro envolvida no sabor gostoso de acordar para trabalhar, ou melhor, para produzir aquilo que me enche de vida.
O que mais desejo pra minha vida é viver da minha arte. Tornar o Divã Dellas um blog muito mais conhecido, muito mais acessado. Um blog totalmente “up”. Ver o Divã se tornar um livro, aliás, uma coletânea, com os melhores textos publicados em edições anuais. Um livro bastante aceito e bastante vendido.
Então romper barreiras, levar o Divã para outros horizontes, outros idiomas, outros costumes. Entrevistas, TV, jornais e revistas. Ver todos comentando e, inevitavelmente, criticando o nosso trabalho. Passar horas com a Verônica no planejamento de novas estratégias, na inovação de nosso cantinho tão mágico.
Sentar, na varanda de minha casa, à beira mar, com uma roupa branca, abrir meu notebook, ouvindo uma bela música, sentindo o vento acariciar meu rosto, meus cabelos e escrever, escrever, escrever. Um post. Mais outro, e outro. Extrair da minha alma toda essência que tenho transformando-a em textos, em poemas, em canções.
Ter minha atenção roubada pelo meu pequeno filho que me chega com um livro para que eu leia para ele. Depois, ficar observando suas brincadeiras, sentir-me emocionada e imensamente grata por tudo que tenho. Por saborear todas as manhãs o gosto gostoso de viver o sonho realizado.
Agradecer por não ter desistido naquelas manhãs onde eu acordava cansada pesada, tendo que trabalhar em algo que eu já não acreditava mais, que não me completava e nem me satisfazia. Que em nada me elevava ou revigorava. Enfim. Estarei eu grata por ter sobrevivido a tantas intempéries para que, um dia, pudesse enfim entende que realmente “tudo pode ser, se quiser será, o sonho sempre vem pra quem sonhar”.
Quem sabe, Verônica, não demore muito para tudo isso acontecer! Hoje estou cansada, bastante cansada, mas minha mente não para, o meu sonho não descansa.  Eu, daqui, vou matutando ideias e caminhos para que cheguemos lá.

sábado, 26 de maio de 2012

Eis que eu cansei...

É, cansei...

A estrada é essa mesmo, eu não desviei do meu caminho, mas há uma ladeira íngrime à minha frente.

Eu sabia que a caminhada seria longa e cansativa, mas necessária. Eu topei o desafio e vou até o fim. Eu sei que o meu, tão almejado, objetivo está lá no topo, mas eu cansei. Preciso descansar.

Não vou desistir, não vou recuar, nem retroceder. Quero apenas recarregar minhas energias. Quero retomar o fôlego para continuar e não parar mais até que atinja o alvo.

Atravessei riachos, sequeiros, desertos, matas fechadas e até caatinga, passei por estradas esburacadas e de dificil acesso. Algumas requiseram mais esforços, exigiram mais de mim, mas eu suprei. Algumas barreiras foram postas em meu caminho, pulei umas desviei de tantas outras e cheguei até aqui, não posso desvalorizar meus esforços, mas o cansaço que me acomete nesse momento é maior que eu.

Vou apenas tomar um ar, tirar um cochilo, descansar um pouquinho antes de seguir.

Ao longo da minha caminhada solitária, conheci algumas pessoas, tive companhias agradáveis em alguns momentos e com uma dessas companhias eu aprendi a doce arte da resiliência. Aprendi também, que as grandes realizações não são feitas por impulso e sim com a soma de pequenas realizações. E assim estou seguindo meu caminho. Um passo de cada vez.

Mas agora eu preciso de um tempo, achei uma árvore chamada paciência com o uma copa frondosa e me oferece uma agradável sombra. Vou ficar por aqui um tempinho. Além do mais, os ventos da sabedoria passam por aqui, vou precisar da orientação deles.

Assim que me sentir recomposta e revigorada eu continuo minha caminhada. Por enquanto eu só preciso descansar...

Verônica

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Eu Não Preciso De Você




(By Cinthya)
Eu não sou santa. Nunca iludi ninguém com essa mentira. Adoro sair com os amigos, beber e dar risada. Gosto de sorrir. Gosto de me divertir e isso não quer dizer que eu não tenha prumo, responsabilidade, maturidade e limites. Não. Uma coisa não tem nenhuma ligação com a outra.
Quando saio pra me divertir, eu me divirto. Não tenha dúvidas. Danço, viro a noite, amanheço o dia. E isso não quer dizer que eu seja uma pessoa em quem não se possa confiar, de forma alguma. Raras vezes eu acabo os meus programas na cama (acompanhada). Não saio em busca de homens, parceiros. Saio para me divertir e tenho amor próprio na medida certa pra entender que para me divertir não preciso necessariamente findar a noite em sexo.
Então, o cara me conhece num virote desses. Eram oito horas da manhã e eu ainda estava na rua, bebendo, sorrindo, falando, dançando. Assim ele me conheceu, assim nós nos falamos pela primeira vez e eu não fiquei com ele de cara. Só com o passar do tempo ele conquistou um beijo. Depois de mais um tempo, ele conquistou algo mais.  Mas o seu ciúme sobre mim me fez cair fora. Nos separamos.
O tempo passou, ele casou, separou. Eu tive um filho, ele também. E então nos encontramos de novo. Apostamos que dessa vez as coisas vingariam, o romance engataria, o amor se desenvolveria. Mas (sempre existe esse “Mas...”), o tempo passou e ele não mudou muito... Eu também não mudei. E continuamos nos esbarrando nas nossas diferenças. Ele querendo cortar as minhas asas e eu sem saber viver engaiolada.
Por muito pouco a primeira desavença aconteceu. E essas desavenças sempre trazem consigo uma enxurrada de palavras desnecessárias, de acusações injustas, de desconfianças sem embasamento. E não precisou muito para eu perceber que não seria um bom negócio seguir adiante.
Mais uma vez optei por ficar sozinha. Mais uma vez decidi que não quero mesmo mergulhar numa relação que, visivelmente, me traria dor de cabeça e aborrecimentos. Da mesma forma que eu não vejo necessidade de mudar o meu jeito, respeito o fato dele também não querer mudar o jeito dele.  Afinal, somos livres para sermos nós mesmos.
Então é isso. Eu não aceito sabotar a mim mesma, esconder minhas vontades e verdades atrás de uma aparência apenas para sustentar uma relação que, muito provavelmente me sufocaria futuramente. Eu ainda prefiro apostar as minhas fichas na minha verdade. E a cada dia que passa, eu entendo que não tenho obrigatoriamente que ter uma pessoa ao meu lado para que a felicidade aconteça.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Decisões


A vida é um precesso infindável de tomada de decisões, desde as mais simples e elementares até as mais dificeis que pode mudar sua vida toda. Algumas, são tão simples que passam desapercebidas. O cerébro despreza.

A gente já acorda tendo que decidir, levantar agora ou dormir mais um pouco? escovo os dentes primeiro ou tomo banho primeiro? tomo café em casa ou na rua? com que roupa eu vou?

Algumas decisões tomamos e nem nos damos conta. Outras, precisamos pensar muito e ponderar antes de tomá-las. Você pode até postergar, protelar uma decisão, mas não pode fugir dela. Vai chegar um momento na vida que ela se tornará inadiável. E é aí que o bicho pega.

Eu mesma, já me vi obrigada a tomar inúmeras decisões. Algumas delas não deram muito certo, mas não sou passiva ao arrependimento. Se fiz, foi porque achei que valeria a pena. Se errei foi tentando acertar.
Entre ser magra ou ser feliz eu decidi ser feliz. Entre ser uma casada triste ou uma solteira feliz eu decidi ser uma solteira feliz. Entre ser pessimista e melancólia ou ser otimista e feliz eu decidi ser uma orimista feliz. Ou seja, a felicidade é a minha prioridade.

Hoje por exemplo, eu não fazia idéia sobre o que escrever, pensei em procurar um poema ou compartilhar um texto bacana de outra pessoa, (dando os devidos créditos, claro) mas decidi, de ultima hora, falar sobre... decisões.

Então, é isso... a decisão é sempre nossa!

Verônica

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Uma Homenagem Especial



Ontem, uma postagem nos pegou de surpresa. Uma leitora maravilhosa, uma mulher inteligente e sensivel, uma pessoa incrível nos fez uma bela homenagem. Selma Helena do blog Das Coisas Que Vejo e Gosto escreveu sobre nós, nosso trabalho e nosso blog de uma forma como ninguém havia feito antes. Ficamos tão emocionadas e gratas que hoje estamos compartilhando com vocês. O carinho que depositamos aqui, a sinceridade, o empenho, a dedicação, o desejo de fazer sempre o melhor é retribuido assim, com gratas surpresas. Só temos que agradecer a Selma e todos vocês que curtem O Divã Dellas.
Ficamos por aqui entoado o côro Inha, inha, inha Selma é nossa rainha! Um beijo, Selma!!

Agradecemos de coração a todos vocês!

A seguir o texto de Selma.

Ellas


Descobri o Blog O Divã Dellas no comecinho de 2011. Estava visitando outro blog e ele estava marcado na lista de indicações. O título me chamou atenção e curiosa, cliquei. Adorei a descrição do blog, o perfil das meninas que o escrevem e o jeito todo especial que elas apresentam as postagens.
Duas amigas, Cinthya e Verônica.  Mulheres independentes, fortes e guerreiras. Apaixonadas pela vida, pela leitura e pela arte de escrever. Expressam o que sentem.  Corajosas por transparecer aos leitores seus medos, suas paixões, erros ou acertos, perdas ou ganhos... Revelando o mais íntimo de cada uma. E digo que são corajosas porque quando alguém se propõe a escrever sobre si, sobre os outros ou sobre qualquer assunto e qualquer tema, entrega “a cara pra bater” e fica o tempo inteiro sob a mira do pensamento e julgamento alheio.  Mas é a verdade semeada nos textos, a poesia de cada história revelada com honestidade, a dedicação diária com as postagens, o compromisso carinhoso e a atenção com o leitor que passa por lá todo dia ou quase sempre, que faz do Divã um blog muito especial.
Lembro que a primeira postagem que li foi da Cinthya.  O título era "O dia que o poeta baixou em mim". Ria tanto imaginando a cena que fiquei levinha. Sabe quando se fica leve depois duma gargalhada? Pronto. Gostei tanto, que numa tarde li quase todas as publicações do arquivo. Entrou pra minha lista de favoritos no mesmo dia. No início eu ficava escondida, lia os comentários, mas ficava quieta na minha. Depois resolvi comentar também, e foi bom compartilhar com elas o meu ponto de vista, minhas opiniões.  
Vel também me fez gargalhar com o texto da "Bruxa solta", um texto brilhante e educativo, pois ensina que por mais complicado que seja o problema, enfrentá-lo é a melhor solução. Positividade pura. Bora espantar a bruxa! : )
As meninas são super atenciosas com a gente, carinhosas e divertidas. Posso afirmar que o Divã é realmente mais que um blog, como elas dizem na descrição. É um lugar delicioso, apaixonante, onde me emocionei uma infinidade de vezes, onde aprendo, onde reflito muito sobre questões cotidianas, sobre o amor, sobre amizade e sobre o que é felicidade. É mais que um blog, porque faz a gente pensar, buscar se entender e nessa caminhada se presentear com as emoções descobertas. 
É leve, divertido, sensível, delicado, cheio de vida, de sinceridade e amor. Escrito com paixão, com emoção e com transparência. Indico para todos que gostam de uma boa leitura.

terça-feira, 22 de maio de 2012

O Beijo



Eu quero um beijo que me faça perder o chão, que me tire o prumo, que me tire do rumo.

Um beijo que me faça ver estrelas e sentir borboletas voando no estômago.

Quero um beijo completo, que me derreta e me queime a pele. Quero sentir arrepios.

Um beijo que me faça esquecer do mundo e das pessoas lá fora. Quero pensar que nesse momento só existe nós dois.

Quero me envolver nos seus braços e delirar sentindo seus lábio tocarem os meus.

Ver seus olhos brilharem no segundo que antecede esse beijo. Ver o seu sorriso de cumplicidade.

Quero sentir na realidade a sensação tão familiar, vivida diversas vezes nos sonhos.

Quero sentir seus lábios e saciar essa vontade que há tempos me consome.

Um beijo seu e eu desisto da idéia de desistir de você.

Quero todos os beijos que tenho direito, os doces, os ternos, os avassaladores, os apaixonados, os meigos, os cheio de desejo...

Preciso desse beijo.

Não posso mais esperar.

Mas tem que ser o seu beijo. Não quero outro. Nenhum outro beijo me deixaria completamente feliz e satisfeita.

Tem que ser o seu.

Tem que ser você.


Verônica

segunda-feira, 21 de maio de 2012

É Apenas Saudade...


(by Cinthya)

Numa segunda-feira que se inicia imersa em saudade, compartilho com vocês um lindo texto que me fez derramar lágrimas e quase sufocar de vontade de estar perto, de abraçar, de sentir o cheiro, de ver os olhos, de tocar a pele. Uma saudade tão grande de ouvir a voz, de garglhar junto, de falar das coisas da criança que fomos um dia. Saudade das ladeiras da minha terra, do verde, do frio. Saudade... Enfim.


"A DOR QUE DÓI MAIS


Trancar o dedo numa porta dói. Bater com o queixo no chão dói. Torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé, dóem. Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim. Mas o que mais dói é saudade.

Saudade de um irmão que mora longe. Saudade de uma cachoeira da infância. Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais. Saudade do pai que já morreu. Saudade de um amigo imaginário que nunca existiu. Saudade de uma cidade. Saudade da gente mesmo, quando se tinha mais audácia e menos cabelos brancos. Dóem essas saudades todas.

Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama. Saudade da pele, do cheiro, dos beijos. Saudade da presença, e até da ausência consentida. Você podia ficar na sala e ele no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá. Você podia ir para o aeroporto e ele para o dentista, mas sabiam-se onde. Você podia ficar o dia sem vê-lo, ele o dia sem vê-la, mas sabiam-se amanhã. Mas quando o amor de um acaba, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.

Saudade é não saber. Não saber mais se ele continua se gripando no inverno. Não saber mais se ela continua clareando o cabelo. Não saber se ele ainda usa a camisa que você deu. Não saber se ela foi na consulta com o dermatologista como prometeu. Não saber se ele tem comido frango de padaria, se ela tem assistido as aulas de inglês, se ele aprendeu a entrar na Internet, se ela aprendeu a estacionar entre dois carros, se ele continua fumando Carlton, se ela continua preferindo Pepsi, se ele continua sorrindo, se ela continua dançando, se ele continua pescando, se ela continua lhe amando.

Saudade é não saber. Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.

Saudade é não querer saber. Não querer saber se ele está com outra, se ela está feliz, se ele está mais magro, se ela está mais bela. Saudade é nunca mais querer saber de quem se ama, e ainda assim, doer."

(Martha Medeiros)

sábado, 19 de maio de 2012

Vinte e Nove


Quando eu tinha 14 anos, eu queria ter trinta. Queria ter um carro preto, uma cozinha toda branca e ser casada com um médico. Queria conhecer a França, ter três filhos e uma tatuagem de estrela na nuca.

Ainda não tenho trinta, tenho vinte e nove. Não tenho um carro preto, nem uma cozinha toda branca, não casei com um médico, não fui à França, não tenho filhos e nem tatuagem... Ainda!

Dizem por aí que a mulher começa a viver depois dos trinta, será? Tô esperando pra ver... Ao longo dos meus vinte e nove anos bem vividos eu só posso concluir uma coisa: Eu sou abençoada! Sou uma sortuda e DEUS é maravilhoso comigo!

Tenho uma mãe que é uma guerreira, é o amor a minha vida. Minha família é muito melhor que muitas que vejo por aí, meus irmãos são maravilhosos, tenho amigos incríveis e extraordinários. Tenho uma saúde de ferro, um emprego que muitos gostariam de ter, faço o curso que aprendi a amar e que me trará bons frutos lá na frente, e a cada dia que passa mais e mais pessoas boas são inseridas ao meu convívio. Quero mais o quê? Só posso agradecer.

Tenho um anjo em minha vida que tem me ensinado valores até então desconhecidos por mim, tem me mostrado o outro lado de uma moeda. Tem honrado o compromisso, a palavra e tem conquistado de mim cada dia mais admiração e carinho.

Me sinto pronta para encarar esse novo ciclo, me sinto preparada para enfrentar novos desafios. Me sinto plena para viver tudo que há para ser vivido.

Hoje eu estou aqui celebrando os meus vinte e nove anos e quantas pessoas ficaram pelo caminho... Quantos jovens perderam suas vidas sem nem vivê-las... Quantas pessoas mundo à fora não alcançaram essa marca...
Reclamar de quê? Reclamar pra quê? Eu quero celebrar!!

Obrigada, Senhor!!!

Verônica

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Um Jardim Para Ella


(by Cinthya)

Se eu fosse mágica hoje tiraria da minha cartola os sonhos mais desejados por ella e a daria, embrulhados em papel fino, envolvidos em perfumes caros. E se eu fosse um Anjo, hoje a guiaria pelos caminhos mais suaves e verdadeiros, cheios de flores e cheiros, de brisa e céu limpo. Se eu fosse o céu, hoje daria para ella o meu azul mais azul, e também uma arco-íris para dar um tom de festa.
Então, se eu fosse milionária, hoje bancaria todos os desejos della, todas as viagens, as festas, as roupas, os carros, tudo. Se eu fosse música, criaria as mais belas notas para embalar o sorriso que ella tem. Que só ella tem.
E se eu fosse o sol, brilharia na medida certa para que tudo ficasse muito claro, para que todos pudessem ver a sua beleza. E se eu fosse a lua, reinaria absoluta para que a noite dela fosse impecavelmente bela.
Se eu fosse a criadora, me orgulharia da minha criação, porque saiu tudo muito perfeito. Uma pessoa ímpar, que não passa desapercebida. Inteligente, comunicativa, prestativa, amiga.
Eu não sou mágica. Não sou anjo, não sou o céu. Eu não sou milionária, não sou música e nem sou o sol.  Eu não sou a lua e também não sou a criadora.
Eu sou apenas amiga. E como amiga só tenho muito amor para oferecer, só tenho muita oração para pedir a Deus que ilumine os seus caminhos, que lhe dê toda sabedoria, que lhe proteja de todo o mal. Como amiga eu só posso dizer que meu coração está sempre cheio de amor, transbordando de amor e que meu ombro também está sempre a disposição. Que tenho muita gratidão por todas as vezes parou para me ouvir e também por todas as vezes que ficou comigo a procurar os cacos de mim na tentativa de colar as pedaços.
Minha Amiga, minha parceira, que Deus ilumine a sua vida, que Deus clareie seus pensamentos, guie de forma sábia e certa os seus passos. Que você continue a escrever com maestria esse lindo livro chamado VIDA!
Feliz Aniversário!
Eu te amo!

quinta-feira, 17 de maio de 2012

O que eu quero




Quero tudo novo de novo.
Quero não sentir medo.
Quero me entregar mais, me jogar mais, amar mais.
Quero sair pelo mundo. Viajar até cansar. Conhecer vários lugares.
Quero fins de semana na praia.
Quero mais histórias pra contar. Aproveitar os amigos e abraçá-los mais. Quero fazer mais amigos. Aprender coisas com eles.
Quero compartilhar mais. Me doar mais. Perdoar mais. E não me aborrecer mais.
Quero ver mais filmes e comer mais pipoca, ler mais, estudar mais. Sair mais. Quero um trabalho novo. Ou não...
Quero novos desafios no meu atual emprego.
Quero não me atrasar tanto, nem me preocupar tanto, nem esperar tanto. Quero morar sozinha, quero ter momentos de paz.
Quero dançar mais. Comer mais brigadeiro de panela, acordar mais cedo e economizar mais. Sorrir mais, chorar menos e ajudar mais. Pensar mais e pensar menos. Andar mais de bicicleta.
Quero ver o sol nascer. Ir mais vezes ao parque e sentir o cheiro da relva molhada.
Quero dormir sob a luz do luar.
Quero contar estrelas. E sonhar...
Quero olhar o mar e pensar, pensar e me acalmar...
Quero a brisa suave tocando meu rosto.
Quero um vento forte desarrumando meus cabelos.
Quero ser feliz, quero sossego, quero uma tatuagem.
Quero me olhar mais no espelho. Cortar mais os cabelos.
Quero mudar. Tomar mais sol e mais banho de chuva. Preciso me concentrar mais, delirar mais, sonhar mais, me apaixonar mais. Me permitir mais.
Quero tê-lo mais. Senti-lo mais.
Não quero esperar mais, quero fazer mais, suar mais, cantar mais e mais até perder a voz.
Quero conhecer mais pessoas.
Quero olhar para frente e só o necessário para trás.
Quero olhar nos olhos de quem fez sofrer e sorrir e abraçar, sem mágoa. Sem ressentimentos.
Quero pedir menos desculpas, sentir menos culpa.
Quero ser mais leve, mais livre, mais solta.
Quero mais chão, pouco vão e mais bolinhas de sabão.
Quero o sorriso sincero de uma criança.
Quero todo amor do mundo e muita esperança.
Quero aceitar menos, indagar mais, ousar mais. Experimentar mais.
Quero menos “mas”.
Quero não sentir tanta saudade.
Quero mais e tudo o mais. Eu quero liberdade!



*Adaptação de uma obra de Fernando Pessoa


Verônica


quarta-feira, 16 de maio de 2012

Construindo Nossas Vidas


(by Cinthya)

A médica olhou para o resultado do exame e ficou pensativa. Eu, do meu lado, senti uma aflição crescer de forma desgovernada. Um pressentimento de que alguma notícia indesejada estava por chegar aos meus ouvidos. Ela leu e releu o papel, mas não conseguiu esconder a negativa no seu olhar. Então ainda olhando para o resultado disse: ‘É, Mãe. Não tem jeito, vamos partir para o procedimento cirúrgico”.
Pareceu que o chão se abriu. E eu não consegui falar nada. Olhei imediatamente para ele que estava sentado na cadeira vermelha de rei (a poltrona do consultório da Otorrino) a levantar e baixar os braços da poltrona, de forma incansável. Ele não se preocupou com o diagnóstico, na sua simplicidade continuou a brincar até que me olhou nos olhos e, vendo minha inquietação soltou um lindo sorriso (ele sempre faz isso quando percebe que eu não estou bem) e continuou sua brincadeira.
E então eu percebi que não tinha outra saída, que eu não tinha outra opção. Aliás, uma opção era me desesperar e resolver tudo assim mesmo, desesperada e a outra opção era engolir seco, manter a firmeza e enfrentar tudo, sem pensar muito, sem dar muita ousadia para o medo e para as preocupações.
De novo ele parou de mexer na poltrona e me enviou outro lindo sorriso e eu sorri em troca. A médica então começou a falar sobre todos os exames que precisaria fazer antes de marcar a cirurgia. Ela falava, falava, falava e a essa altura eu já nem entedia mais nada. Não é fácil a gente entrar em guerra íntima contra nós mesmos. Não é simples. Eu sai de lá atônita ainda. Seguimos para a nossa peregrinação de clínicas, marcações, filas, exames, resultados.
Comecei então a pensar em como ele reagiria a tantas furadas de agulha e tantos outros procedimentos estranhos para o seu mundo. Pensei nos choros, nos medos, enfim. Decidi usar da sinceridade. E antes de sair para fazer os exames eu conversei com ele, expliquei tudo detalhadamente. Usei do lúdico, claro, afinal ele só tem quatro anos de idade e fica mais fácil a sua compreensão se a brincadeira estiver presente.
A cada exame, ele me surpreendeu com sua calma e sua força. Não chorou. Não fez escândalo, não se negou, não se remexeu. Quando ele se sentia assustado, me olhava com aqueles olhos lindos e negros, grandes e vivos e então eu entendia e segurava sua mãozinha. Assim foi em todos os procedimentos. Um comportamento lindo, de dar orgulho a toda mãe.
Então eu entendi que a minha postura é crucial para as reações dele. Se eu, com trinta e seis anos, tivesse esboçado medo, terror, choro como ia esperar que ele, aos quatro anos, se comportasse com calma? Eu engoli meu medo para ser o mais serena possível.
 Não existia a figura do pai para segurar a minha mão e me dar força para seguir. Não existe ninguém para me passar a calma que eu preciso e eu sei como isso dói. Eu sei como isso reflete no meu dia, no meu trabalho, no meu rendimento. Engolir o choro passou a ser uma sensação contínua. Sei que isso vai pipocar em alguma coisa, afinal de contas, é muito sentimento sufocado aqui dentro. Mas entre eu sofrer calada ou ele me ver sofrendo e sofrer também, nem preciso dizer a opção escolhida.
Entendi o peso da minha postura na vida dele. Percebi o quanto ele confia em mim, no que eu digo e, muito principalmente, no que eu faço. É minha responsabilidade acalmá-lo, informa-lo e não subestimar a inteligência dele. Usar da clareza para que ele não seja pego de surpresa.
Não sei se é sugestão, não sei se é amizade ou simplesmente amor. Mas sei que funciona. E nós temos construído nossa vidas dessas forma: com base na confiança, na clareza, no amor. E que tudo dê certo. Amém.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Coragem x Preguiça



Tem dias que tudo que você gostaria era de ficar em casa. De preferência no seu quarto. Como bem disse Cinthya, de luz apaga e porta fechada, mas não dá. Você precisa levantar, vestir sua armadura e ir à luta. Há uma guerra a vencer e para isso, é necessário enfrentar mais uma batalha.

Os revezes da vida cobram de nós coragem, criatividade, determinação, arrojo, perseverança e fé. Você não pode se dar ao luxo de parar, fraquejar, desanimar. Mesmo a contra-gosto precisa continuar caminhando.  Há momentos em que você tem que saber exatamente o que quer e aonde quer chegar senão fica à deriva, à mercê das circunstâncias e acaba se desviando da rota e para voltar ao caminho dá um trabalho danado.

Existem pessoas que entram nas nossas vidas quando menos esperamos, e além de aparecer de maneira inusitada sempre vêm carregadas de bagagens. Pode ser uma historia mal resolvida, alguém que ainda não saiu, definitivamente, da sua vida, ou cicatrizes que o ultimo amor deixou. Não importa o que seja, você precisa saber lidar com essas dificuldades ou contorná-las. Quando essas pessoas começam a fazer parte das nossas vidas, acredite, não foi em vão. Ela veio pois tem algo a acrescentar. Você precisa ter a sensibilidade de absorver.

Hoje é um daqueles dias que se eu pudesse não teria levantado da cama. Se pudesse sentaria em algum lugar e ficava pensando na vida. Se não fossem as obrigações e as responsabilidades eu saia caminhando sem rumo, só vagando... As ciscuntâncias pedem calma e muita reflexão, mas o rítmo acelerado me impede de diminuir a velocidade. As pessoas boas que DEUS colocou em meu caminho estão me ajudando nessa maré braba. Com palavras sábias em voz doce estão me dando conselhos e orientações e eu estou ouvindo tudo atentamente. Como eu sei q tudo passa e essa é só mais uma fase ruim, tô aí pedindo a DEUS resignação e força.

"Senhor, dai-me força para mudar o que precisa ser mudado. Resignação para aceitar o que não pode ser mudado e sabedoria para distinguir uma coisa da outra."


Verônica

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Para Toda A Vida


(by Cinthya)

Um dia eu percebi que não podia mais fazer a minha agenda de acordo com as minhas vontades ou necessidades. Descobri que, de certa forma, eu não mais me governava e não tinha mais tanta autonomia sobre a minha vida. Não podia tomar banho na hora que quisesse, nem dormir a noite toda. Aliás, percebi que dormir um sono profundo e tranqüilo não dá mais, em hipótese alguma. Por qualquer coisa eu acordo, basta cair um lenço de seda no chão para que eu esteja de pé, pronta para proteger.

De repente eu percebi que eu não sou mais a primeira pessoa na minha conjugação, que as roupas da moda que eu procuro não são mais para mim, que xampus e perfumes de criança são sempre os primeiros a serem comprados e o espaço no roupeiro diminuiu com tantas peças pequenas tomando conta de tudo.

Descobri que dormir abraçada é muito bom, que sentir o cheiro do amor mais puro é a mais pura benção. Encontrei um sorriso que tem o poder de me fazer sorrir também, uma voz tão harmoniosamente agradável que me enche de vida e euforia. Mãos pequeninas que algumas vezes traquinam, algumas vezes criam, algumas vezes quebram e muitas, muitas vezes me enchem de carinhos. Olhinhos negros que me olham a fundo e que pedem ou agradecem sem que existam palavras.

De repente eu entendi a necessidade de dizer “não” ainda que vá fazer chorar a pessoa que mais amo nesse mundo. Percebi que as minhas palavras não são tão significantes quanto o meu exemplo, que os meus valores precisam ser vivenciados todos os dias em todas as ocasiões para que depois eu possa cobrá-los.

Descobri uma pessoinha que me lança 1.0000.0000.0000 de “porquês” por dia e que não se contenta com respostas sem lógica. Descobri uma pessoa muito parecida comigo e que por muitas vezes aparece diante de mim como um espelho, com o mesmo gênio, a mesma teimosia e a mesma determinação. E como eu aprendo com ele!

Descobri que indiferente do tamanho do trabalho, das noites acordadas, dos medos e dos desafios existe algo maior e que faz tudo valer a pena: amor. E falo de um amor pleno, sem cobranças, sem disfarces e sem meias conversas. Um amor que se alimenta apenas do próprio amor.

De repente eu descobri que nasci para ser mãe. E que por mais trabalho que esse ofício exija eu o desempenho com satisfação de quem tem consciência de que não poderia estar em outro lugar, fazendo outra coisa. Descobri que a alma se completa no abraço dele. Entendi que ele e apenas ele, consegue ir me salvar quando desço ao fundo do poço. Eu entendi que ele e eu sempre estivemos juntos mesmo quando ele não estava aqui e que nunca nos separaremos mesmo quando um dos dois partir.

Hoje eu descobri que ele veio da forma que eu sempre sonhei. Que veio menino, que veio Pedro e que nossas vidas se entrelaçaram muito antes do hoje.

Hoje eu entendo o tamanho do amor que a minha mãe tem por mim e a gratidão é imensa.

Eu sou mãe. Amo incondicionalmente. Amo quando ele faz o certo. Amo e sofro quando ele faz o errado. Educo. Repito um milhão de vezes a mesma coisa até que ele entenda. Enfrento o que precisar para ver seu bem. Sou coruja. Sou leoa. Sou doce e sou fera. Sou mãe. Feliz e amada.

Eu tenho um amor para toda a vida. Amém.

sábado, 12 de maio de 2012

Me dê a mão!



Me dê a mão porque andar acompanhada é mais divertido que andar só.

Me dê a mão porque com você por perto eu me sinto mais disposta para enfrentar a caminhada.

Me dê a mão porque o calor da sua mão aquece meu coração frio.

Me dê a mão porque com a sua ajuda fica mais fácil remover as barreiras que encontrar pelo caminho.

Me dê a mão e vamos caminhar. Quando a gente cansar a gente para.

Me dê a mão e vem comigo, eu te conto coisas engraçadas e prometo rir das suas piadas.

Me dê a mão e me mostre o caminho por onde ir. Eu sei que você já passou aqui.

De mãos dadas somos um só. Ficaremos juntos, firmes, fortes, unidos, cúmplices e dispostos.

Se você vier comigo talvez eu consiga ir mais longe.

Vamos caminhando sem pressa, sem mapas, só seguindo essa trilha que lhe é tão familiar.

A gente deita na relva e na hora de dormir podemos contar com a proteção, claridade e cumplicidade da lua.

A gente pode contar estrelas até adormecer. Podemos tomar banho naquele riacho. Comer aquela fruta fresquinha tirada do pé.

Me dê a mão porque "As coisas lindas são mais lindas quando você está"

Vem comigo! Vai ser legal. Eu garanto que você vai gostar.


Verônica

sexta-feira, 11 de maio de 2012

"Parece Cocaína, Mas É Só Tristeza..."


(by Cinthya)

Por muitos motivos estava eu estudando mais à fundo a mente humana, a alma humana e o quanto uma influencia a outra e os males que uma e outra sofrem. O que é atribuído a alma? O que é atribuído a mente? Esse assunto me instiga, sempre me instigou. Então encontrei um artigo interessantíssmo e que muito pode esclarecer sobre as tristezas que nos acompanham, sobre a frustração tão companheira nos dias atuais, numa sociedade conturbada e poluída, com valores invertidos e moral escassa.

Enfim, boa leitura!

"Depressão e Tristeza

Há, sem dúvida, abuso e banalização do termo “depressão”. Mas nem toda sintomatologia encontrada na Depressão, assim como tristeza, desinteresse, apatia, perda de prazer com as coisas pode ser considerada doença depressiva ou algum transtorno do afetivo. Muitas vezes trata-se de um reflexo emocional de circunstâncias vivenciais frustrantes.

A busca do gozo e do prazer, o hedonismo dominante da sociedade moderna, quando não está continuamente presente na vida da pessoa, quando não mobiliza para o lazer, quando não se manifesta com extroversão, inquietação ou euforia, acaba causando um estranhamento capaz de fazer pensar em alguma coisa anormal, mórbida, patológica.

Curiosamente encontramos com freqüência jovens que, por razões de personalidade, escapam ao modelo sociocultural ocidental de expansividade e extroversão e são incomodamente considerados “problemáticos”. Quase sempre são jovens naturalmente introspectivos, reflexivos ou refratários à frugalidade moderna que, indevidamente, acabam sendo aconselhados a procurar “ajuda especializada”, algum tratamento para que se iguale aos seus pares efusivos.

O mesmo engano se comete em relação ao cansaço natural, proporcionado pelas dificuldades da lida com a vida moderna normal. A exposição da pessoa ao desencanto da vida em sociedade, principalmente nesta nossa sociedade insegura e cheia de inversões de valores, a tristeza estimulada por tantas notícias absurdamente bizarras, enfim, essa grande variedade de frustrações impostas às pessoas por viver em um sistema como o nosso, costuma ser equivocadamente interpretado como Depressão, uma patologia dentro dos transtornos afetivos. Na realidade pode se tratar de um estado de frustração e desencanto com sintomatologia bastante semelhante à depressão.

Pela semelhança dos sintomas tais como apatia, desânimo, desinteresse, sensação de cansaço, pode ter também ansiedade, prostração, abatimento intelectual, moral, físico, letargia, estresse, melancolia, a depressão acaba sendo uma espécie de irmã gêmea da frustração. Na frustração, pela falta de um objeto (ou situação) pleiteado ou por um obstáculo externo ou interno não superado, a pessoa se priva da satisfação de um desejo, de um anseio ou de uma necessidade.

Esse distanciamento do prazer proporcionado pela frustração se assemelha, de fato, à Depressão. Mas a frustração é predominantemente existencial e a Depressão é predominantemente constitucional ou biológica. Sendo a frustração predominantemente existencial, supõe-se ser possível adaptar-se de alguma forma a ela, comportamentalmente ou cognitivamente. Assim sendo, frustrações são importantes para que as crianças aprendam a lidar melhor com privações de desejos, de prazeres, de caprichos ...

É correto acreditar que a pessoa frustrada está muito mais sujeita a deprimir-se do que a pessoa sem frustração, pois, tal como uma Reação Vivencial, os sintomas depressivos, incluindo a tristeza, seriam as reações emocionais diante da frustração. Da mesma forma, o inverso é verdadeiro, uma pessoa deprimida terá frustrações com mais facilidade, pois a sensibilidade afetiva dos deprimidos torna mais sofríveis e tristes as perdas vivenciais.

As pessoas com perfil afetivo mais depressivo são aquelas que, geralmente, têm baixa tolerância à frustração, são rígidas e inflexíveis em seus valores, estabelecem metas difíceis para si mesmas. São intransigentes com elas mesmas e em seus julgamentos, experimentam culpa e se impõem sofrimentos.

Mas os fenômenos não são os mesmos; tristeza, aborrecimento, frustração, estado depressivo ou reação depressiva são circunstâncias afetivas reativas diferentes do Transtorno Depressivo. E esse será o xis da questão. Será que a população de deprimidos biológicos está aumentando assustadoramente por razões desconhecidas ou, será que as frustrações proporcionadas pela vida cotidiana têm resultado em maior número de pessoas com estado depressivo?

Seria, talvez, bastante prudente começar a diferenciar os quadros com sintomas depressivos semelhantes mas de origem diferente. Hoje, praticamente todo estado depressivo se inclui dentro do diagnóstico de Transtorno Depressivo. E a ascensão estatística desse diagnóstico é assustador, inclusive em crianças e adolescentes."

para referir:
Ballone GJ - Depressão e Frustração - in. PsiqWeb, Internet, disponível em www.psiqweb.med.br, 2006

(link do texto: http://www.psiqweb.med.br/site/?area=NO/LerNoticia&idNoticia=10)

quinta-feira, 10 de maio de 2012

De Porta Fechada


(by Cinthya)

Fechei a porta e apaguei a luz. Enfiei-me no meu mundo e perdi a conexão com o lado de fora. Não quero ouvir nada. Não quero ver nada. Não quero sentir nada. Só ficar quieta, surda, muda. Só quero parar de pensar no que poderia ser, no que deveria ter sido, no que não foi. Só quero deixar de ser eu. Deixar de existir, deixar de sonhar e de querer, de pedir, de sofrer, de ter e de não ter. Só quero sarar.
Nada importa. Nada me tira daqui. Só quero chorar e depois chorar de novo e nada deve aparar as minhas lágrimas. Apenas deixo que elas lavem meu rosto que já não sorri há tempos. Não quero ser legal, nem cordial. Não quero mais fingir, não quero explicar, nem cobrar, nem pedir. Nada. Não quero mais nada.
Não sei de onde vem tanta tristeza. Não sei como cabe aqui dentro. Mas sei que ela veio e coube. Uma tristeza tão sentida e tão profunda. E essa tristeza me sufoca, me desnorteia e fica. Segura minha mão, me abraça e insiste em ser minha amiga, única e fiel amiga. Companheira que quer ter sempre a razão de tudo. E ali ela fica a zelar minha solidão. Afasta todos de mim e me toma pra si.
Fechei aporta. Apaguei a luz. Lembrei-me de uma cena de um lindo filme que já vi por várias e várias vezes, onde o marido tenta resgatar a esposa que está mergulhada nessa mesma tristeza, ele fala de coisas boas e alegres, de momentos lindos e nada funciona. Ele sorri. Ela chora. Até que um dia ele decide descer no pedestal da felicidade e mergulhar no mundo dela, sentir o mundo dela. Ele se despe de toda alegoria de pessoa bem resolvida e forte e simplesmente senta ao lado dela, de igual pra igual.
E ela o vê. Ela o ouve. Ela o sente.
Ele a salva.
Fechei a porta. Apaguei a luz. Eu não sou perfeita. Eu não sou tão forte ao ponto de não sentir essas coisas. Eu sei que vai passar, mas ainda não passou. Ainda estou de porta fechada. De luz apagada.