terça-feira, 24 de maio de 2011

Endometriose. Um mal silencioso.

O Divã Dellas hoje está a serviço da população. Trata-se de um tema muito importante que não é tão divulgado quanto deveria ser: a endometriose.

Estima-se que esse problema atinja cerca de 15% das mulheres em idade fértil. Trata-se de uma doença crônica, não tem cura, mas tem tratamento. Em alguns casos causa infertilidade em outros, sem necessidade de cirurgia, e a infertilidade pode ser reversível, nos casos mais extremos, é necessário a cirurgia de histerectomia. Quanto mais cedo for diagnosticado, maior a eficácia do tratamento.

Conheço duas mulheres que têm esse problema. Uma é uma amiga de longas datas, a outra conheci recentemente no curso que estou fazendo. A minha amiga, uma jovem de vinte e poucos anos, teve um aborto espontâneo na primeira gravidez por causa do problema, mas na segunda deu tudo certo e Clarinha está aí: linda, forte, sapeca e vendendo saúde. A menina que estuda comigo, também uma jovem de vinte e poucos anos, não teve a mesma sorte e em breve fará uma cirurgia extraindo todos os órgãos provedores da fertilidade.

Estou tocando nesse assunto porque recebemos um email de uma leitora que compartilhou um drama conosco,  nos contou uma linda e comovente história. Transcreverei tal qual para vocês sentirem, assim como nós sentimos, a carga de emoção impressas no texto.

O problema está aí a existência é latente e precisamos nos movimentar. Você mulher que nos lê, trate de marcar uma consulta com a sua ginecologista e pôr os exames em dias. Eu tenho muitas cólicas, não estou com os exames em dias, confesso! Mas os que já fiz não acusaram o problema. Juro que vou fazer uma consulta e os exames, conto aqui quando tiver feito. E você homem que lê o Divã avise pra sua irmã, namorada, amiga e etc... Peça a ela que se cuide. A endometriose existe sim, e ao contrário do que a gente pensa, ela não acontece só com os outros não. Pode acontecer com qualquer uma de nós.

Abaixo o texto da Maria. Beijos a todos.

Verônica


Me chamo Maria Clara, tenho 28 anos... Nas andanças conheci o blog de vocês e me encantei, e estou seguindo, quero dividir algo com vocês e se possível peço que poste assim que der, é uma forma de divulgar também o que muitas mulheres desconhece. Tentarei resumir.

Bom as 13 anos de idade tive a primeira menstruação, como toda menina fiquei acanhada e mal falava quando estava menstruada, não queria ir ao colégio nem sair de casa. Aos 14 anos começaram os tormentos, fui no banco bem pertinho de casa pagar uma conta e senti fortes dores pélvica que cheguei a desmaiar, alguém me levou pra casa, e quando acordei estava na cama, era ela a menstruação. E como ainda não sabia contar quando a monstra iria chegar, eu chorava de medo de sentir dor na rua, mas ainda assim ela sempre me pegava de surpresa no ônibus, no shopping em casa. E a cada dia as dores aumentava, eu gritava tanto quando sentia dor, que os vizinhos vinham perguntar a minha mãe o que estava acontecendo. E os remédios comum de cólicas não passava as dores. Passei a ir para emergência e deixar cada dia mais a minha família preocupada, quando eu sentia dor, todos choravam, parecia o meu fim.
O fluxo parecia um rio, não podia sentar, e na maioria das vezes passava vergonha, por estar suja na rua, em festas em casa era um lençol para cada dia.
Fui ao ginecologista e nenhum sabia me dizer o que eu tinha, fiz todos os exames possíveis e ninguém descobria o que eu tinha, a emergência já me conhecia, todo mês eu batia lá.
No final de 2009 uma médica me disse que eu poderia ter ENDOMETRIOSE, eu achei o nome esquisito e fui pesquisar, e descobri que os sintomas eram os mesmos que eu tinha, após tratamento com vários anticoncepcionais, nada resolvido, meu organismo rejeitava todos eles,e enfim o que eu temia iria acontecer. Foi preciso fazer uma cirurgia por vídeo, a Videolaparoscopia, e assim descobriu que eu tenho endometriose profunda, e na cirurgia o médico iria tirar todos os focos que tinha.
Após a cirurgia, você acha que acabou? Não! Eu teria que tomar uma injeção na barriga, o Zoladex, o nome dá até medo, um negocio gigante, mas parece aquela injeção que dá em cavalos. O pior não é a injeção são os efeitos dela, que por sinal tive todos. Um calor terrível, ele antecipa a menopausa, me fez engordar 10kg, meu cabelo virou palha, e meus ossos, doem demais, e a mudança de humor, muitas vezes eu fico triste demais choro, e as vezes fico feliz sem motivos. Mas após a injeção não senti mais aquela dor terrível que desmaiava. Quase dois anos sem dores.
Hoje as dores voltaram com todo o gás, depois de dois anos sem menstruar,  ela resolveu chegar trazendo na mala, as dores de antigamente, mais amena. Por isso resolvi escrever para vocês, pois a endometriose é uma doença crônica que ainda não se tem cura, e isso traz infelicidade a mulheres em idade reprodutiva. Não dói só o físico, sentimos dor na alma, nos perguntamos qual o motivo sentimos tantas dores.
Este é o resumão da minha história,  leiam sobre a endometriose, e ajudem a mulheres que também sofrem desse mal.

Meninas, obrigada por ler a minha história...

Muito grata


Maria Clara

Um comentário:

Quim disse...

Eu costumo dizer:Se o Criador estava com raiva quando criou o Homem,como mais raiva ele estava quando criou a Mulher.Ja não basta a TPM,Menstruação,Parto,tem tambem o Câncer de Mama,Ovario,Colo do Utero,etc.Ninguem merece !...Enquanto no homem,o que mais ataca,o mais traiçoeiro, é o de Prostata,que tem crescimento lento,sendo que os demais,laringe,esôfago e pulmão,são evitaveis,e na maioria das vezes acontecem mais por abuso do que expontaneamente.Na minha opinião a concientização quanto às prevenções de doenças,deveria ser incurtida nas crianças,especialmente nas meninas, ainda em idade escolar,o que,ao meu ver contribuiria para uma melhoria geral na saude da nossa população,visto que,a desinformação é regra em nosso meio espedialmente,feminino.Ha tambem o desinteresse,certa vez uma enfermeira me disse que, a cada 10 mulherres que ela agenda para um exame preventivo,ou mamografia,em media só 5 ou 6 aparecem para o exame e destas, é comum,uma ou duas,não aparecerem para pegarem os resultados.Ja passou da hora,de termos em nossa região um Hospital Oncologico de referencia,vale dizer que o projeto existia, mas,foi engavetado,o que temos atualmente é só meia sola,que não atende adequadamente as necessidades regionais,precisando os pacientes de deslocarem a Salvador ou Recife para se tratarem.Ainda bem que temos um programa criado por Serra quando Ministro da Saude,o TFD,(Tratamento Fora do Domicilio)que banca as despesas deste pacientes que vão se tratar fora. Não fosse este programa,teriamos uma alta mortalidade na região causada por cancer,a maioria,de mulheres infelizmente...