Ele nem sempre foi um menino problemático, mas desde que o pai assassinado brutalmente em um assalto, ele se tornou um adolescente arredio, meio rebelde. Se escondia atrás de um temperamento violento para disfarçar a timidez.
Com dezesseis, quase dezessete anos, depois de muito bater cabeça por aí... ele conseguiu um emprego no mercadinho do senhor Jerônimo, um homem carrancudo e mau-humorado que só aceitou dar-lhe esse emprego por consideração ao falecido. Sempre ávido por informações, era muito esperto, sagaz e aprendia rápido.
Ele odiava o senhor Jerônimo e era recíproco, ele só estava lá porque precisava do dinheiro, mas não gostava nenhum pouco do trabalho pesado que fazia carregando sacos, e nem das humilhações que sofria. E o senhor Jerônimo só o mantinha lá por três motivos: 1- Ele era muito ágil no trabalho, forte e dava conta do serviço. 2- O salário era baixo, compensava. E 3- Em consideração ao amigo falecido.
Um belo dia, um colega de trabalho do menino-problema chegou com o resultado da loteria, ele foi conferir sua aposta e quase deu um infarto ao constatar que tinha ganho um prêmio. Ficou em estado de êxtase, saiu derrubando tudo que viu pela frente e não perdeu a oportunidade de ir lá dizer umas poucas e boas ao senhor Jerônimo. Agora que estava rico, não precisava mais aturá-lo, nem aturar seus desaforos e humilhações.
Quando foi retirar seu prêmio, qual não foi a sua surpresa. O valor era baixíssimo e dividido para uma porrada de gente. Percebeu que a merreca que recebeu mal daria pra pagar as contas do mês. E agora? Duro e desempregado!
Vendo a sua situação, depois de rir muito do quase-milionário o cunhado resolveu dar uma oportunidade em sua empresa de informática. Custeou seus estudos na faculdade, após exigir que ele concluísse o segundo grau. Ensinou-lhe tudo que poderia e prometeu um futuro promissor e uma carreira brilhante. Foi o pai que o menino rebelde precisava. A mão-amiga na hora certa.
Anos mais tarde tornou-se sócio da empresa e como o cunhado profetizara ficou muito rico. Tudo ía muito bem e aquela parceria que deu muito certo ía de vento em popa O destino que não se cansa de pregar peças desagradáveis mudou o rumo das coisas. Após um trágico acidente de carro que causou a morte do cunhado, amigo, orientador e parceiro ele se viu com a difícil tarefa de tocar a empresa sozinho.
Muito talentoso, com tino para os negócios e muito bem instruído triplicou o patrimônio e construiu um império. Uma história de vida marcada por tragédias e oportunidades onde o personagem principal foi o senhor do seu próprio destino e o seu bilhete premiado foi a oportunidade que lhe foi dada.
Verônica
3 comentários:
Verônica, aconteceu de tudo com esse cara e ele teve muita fibra para enfrentar as "tempestades".
Belo exemplo.
Beijos
Manoel
tudo está ao alcance das nossas mãos, mas tudo tem o seu tempo para acontecer... bom, ou mau. para isso, temos de ser cúmplices...
bj...nho
Belo exemplo.. Lindo post..
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