O texto a seguir é uma crônica do Thiago Solito. Um excelente texto que nos faz refletir e repensar sobre a maneira estamos levando nossa vida, até que ponto estamos nos tornando escravos da tecnologia e esquecendo de aproveitar a nossa própria companhia e até a companhia da pessoa que está ao nosso lado.
Logo abaixo e para fechar com chave de ouro essa semana agitada e polêmica onde foram abordados tantos temas delicados sobretudo direcionado a casais, deixo com muito orgulho o queridinho do Divã. O Chico Buarque - Trocando em Miúdos. Não que desejemos a separação aos casais problemáticos, longe disso! Nem achamos que essa seja a melhor solução, a intenção não é essa, mas não me ocorreu sugestão melhor de música. O que desejamos mesmo é que todos os corações sejam preservados e todas as dores minimizadas. O Chico é maravilhoso!
Deleitem-se, bom final de semana!
Verônica
Viagem Pra Fora
(Texto de Thiago Solito da Cruz, inédito)
Há não tanto tempo assim, uma viagem de ônibus, sobretudo quando noturna, era a oportunidade para um passageiro ficar com o nariz na janela e, mesmo vendo pouco, ou nada, entreter-se com algumas luzes, talvez a lua, e certamente com os próprios pensamentos. A escuridão e o silêncio no interior do ônibus propiciavam um pequeno devaneio, a memória de alguma cena longínqua, uma reflexão qualquer.
Logo abaixo e para fechar com chave de ouro essa semana agitada e polêmica onde foram abordados tantos temas delicados sobretudo direcionado a casais, deixo com muito orgulho o queridinho do Divã. O Chico Buarque - Trocando em Miúdos. Não que desejemos a separação aos casais problemáticos, longe disso! Nem achamos que essa seja a melhor solução, a intenção não é essa, mas não me ocorreu sugestão melhor de música. O que desejamos mesmo é que todos os corações sejam preservados e todas as dores minimizadas. O Chico é maravilhoso!
Deleitem-se, bom final de semana!
Verônica
Viagem Pra Fora
(Texto de Thiago Solito da Cruz, inédito)
Há não tanto tempo assim, uma viagem de ônibus, sobretudo quando noturna, era a oportunidade para um passageiro ficar com o nariz na janela e, mesmo vendo pouco, ou nada, entreter-se com algumas luzes, talvez a lua, e certamente com os próprios pensamentos. A escuridão e o silêncio no interior do ônibus propiciavam um pequeno devaneio, a memória de alguma cena longínqua, uma reflexão qualquer.
Nos dias de hoje as pessoas não parecem dispostas a esse exercício mínimo de solidão. Não sei se a temem: sei que há dispositivos de toda espécie para não deixar um passageiro entregar-se ao curso das idéias e da imaginação pessoal. Há sempre um filme passando nos três ou quatro monitores de TV, estrategicamente dispostos no corredor. Em geral, é um filme ritmado pelo som de tiros, gritos, explosões. É também bastante possível que seu vizinho de poltrona prefira não assistir ao filme e deixar-se embalar pela música altíssima de seu fone de ouvido, que você também ouvirá, traduzida num chiado interminável, com direito a batidas mecânicas de algum sucesso pop. Inevitável, também, acompanhar a variedade dos toques personalizados dos celulares, que vão do latido de um cachorro à versão eletrônica de uma abertura sinfônica de Mozart. Claro que você também se inteirará dos detalhes da vida doméstica de muita gente: a senhora da frente pergunta pelo cardápio do jantar que a espera, enquanto o senhor logo atrás de você lamenta não ter incluído certos dados em seu último relatório. Quando o ônibus chega, enfim, ao destino, você desce tomado por um inexplicável cansaço.
Acho interessantes todas as conquistas da tecnologia da mídia moderna, mas prefiro desfrutar de uma a cada vez, e em momentos que eu escolho. Mas parece que a maioria das pessoas entrega-se gozosa e voluptuosamente a uma sobrecarga de estímulos áudio-visuais, evitando o rumo dos mudos pensamentos e das imagens internas, sem luz. Ninguém mais gosta de ficar, por um tempo mínimo que seja, metido no seu canto, entretido consigo mesmo? Por que se deleitam todos com tantas engenhocas eletrônicas, numa viagem que poderia propiciar o prazer de uma pequena incursão íntima? Fica a impressão de que a vida interior das pessoas vem-se reduzindo na mesma proporção em que se expandem os recursos eletrônicos.
Trocando em Miúdos
Chico Buarque
Eu vou lhe deixar a medida do Bonfim
Não me valeu
Mas fico com o disco do Pixinguinha, sim?
O resto é seu
Trocando em miúdos, pode guardar
As sobras de tudo que chamam lar
As sombras de tudo que fomos nós
As marcas de amor nos nossos lençóis
As nossas melhores lembranças
Aquela esperança de tudo se ajeitar
Pode esquecer
Aquela aliança, você pode empenhar
Ou derreter
Mas devo dizer que não vou lhe dar
O enorme prazer de me ver chorar
Nem vou lhe cobrar pelo seu estrago
Meu peito tão dilacerado
Aliás
Aceite uma ajuda do seu futuro amor
Pro aluguel
Devolva o Neruda que você me tomou
E nunca leu
Eu bato o portão sem fazer alarde
Eu levo a carteira de identidade
Uma saideira, muita saudade
E a leve impressão de que já vou tarde
2 comentários:
Rss...verdade...mas eu adoro internet, celular, tv...Acho que sou viciada mesmo.
Sobre os temas da semana , achei muito bons e que outros assim sejam abordados. Afinal meninas esse é o nosso Divã, rsss.
Beijos!
Selma.
Meninas q saudades de vcs!!!
Sempre nos encantando!!
Adoroo!!
Bjs
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