(by Cinthya)
Estava eu revirando revistas antigas para encontrar gravuras que pudessem ser usadas na tarefa da escola de meu pequeno Pedro. E nessas antigas revistas me deparei com uma entrevista que me chamou atenção por ser um assunto que sempre me intrigou, ainda mais agora que exerço o ofício da maternidade.
O foco da entrevista eram casais desfeitos em que um dos cônjuges usa e manipula os filhos com a finalidade de afastá-los (ainda mais) do ex. Nesse caso, pelo menos no Brasil onde 95% das guardas dos filhos são concedidas às mães, as mulheres são as mais cruéis na arte de “trabalhar” a cabeça das crianças afastando-as da figura do pai.
Amores desfeitos, orgulho ferido e imaturidade associados a um egoísmo desmedido findam levando o dono da guarda a usar os filhos no seu plano de vingança contra a pessoa a quem se jurou amor eterno e que, no entanto, se foi e segue a vida sendo feliz sem a sua presença.
Muitas mães (e em proporções bem menores, pais) no intuito de separarem o filho do ex mudam de endereço sem deixar pistas, não repassam recados e nem ligações, omitem informações (como horário de escola) e, na pior e mais grave das situações criam para a criança uma imagem deturpada do pai, fazendo o filho crescer acreditando que pai é um monstro, irresponsável que os abandonou e que, por tal motivo, não merece amor e nem espaço em suas vidas.
As crianças crescem ouvindo as mães reclamarem dos pais, que o pai os trocou por outra família ou por uma vida de farras e nunca se preocupou com eles. Com isso as mães lavam seu ego e saboreiam a vingança, sem atentarem ao fato de que estão adoecendo seus filhos com a Síndrome da Alienação Parental (termo sugerido na década de 80, pelo psicanalista Richard A. Gardner).
Tão grande é o número de casos no Brasil que temos hoje uma Lei para tratar o assunto, com punições para os réus (Lei 12.318/10).
Nenhuma mágoa desse mundo (e nem de outro) justifica tirar de um filho a chance de viver uma história completa. Na reportagem, apenas quando se tornaram adultos as crianças em jogo conseguiram se desvincular da mãe e buscar a verdade. Encontraram, é certo. Mas perderam décadas de um amor que foi interrompido pelo egoísmo de um dos genitores.
Como muitos sabem, eu sou Mãe Solteira e mesmo quando eu não tinha certeza se o pai do Pedro ia ou não assumir sua responsabilidade na história do nosso filho, eu já dizia que ele (o pai) podia ter uma certeza: presente ou não em nossas vidas, ele teria um filho que o amaria com verdade, porque eu ensinaria meu filho a amá-lo. Era um compromisso meu, não com ele (o pai), mas com a saúde emocional do nosso filho.
E assim eu fiz. Ainda hoje, não permito que ninguém fale mal do pai perto dele, mesmo ele não tendo casado comigo, mesmo tendo passado três anos sem ter comigo a proximidade que eu sonhava (em relação a romance) eu sempre soube separar as coisas e preservar no meu filho a imagem do Paizão dele. Pois como pai, ele nunca se ausentou.
Se houve falhas, se deixou de fazer algo, enfim... O Pedro vai crescer e cabe a ele julgar ou não o pai, afinal o pai é dele, a história é dele e eu como mãe tenho obrigação de cultivar a felicidade do meu filho. E bom ou mau, o pai que ele tem fui eu que escolhi.
6 comentários:
Meu Deeeeeeeeeus ! Eu AMEEEEEI esse tema ! Esse é o meu tema do TCC, um termo novo, mas uma guerra que vem sendo gerada há anos. O que acontece é que não são apenas pai/mãe os alienadores, mas, qualquer parente que exerça um papel importante dentro da família. E hoje, não temos só mãe, mas, muitos pais alienam seus filhos, têm àqueles que fazem até uma falsa denuncia de abusos, só pra poder obter a guarda.
A Síndrome de Alienação Parental é justamente quando o filho aceita essa Alienação e fica contra o seu genitor (aquele com quem não convive) sem nenhum sentimento de culpa, e as repercussões dessa Síndrome são imensas, pois, em alguns casos a criança/adolescente pode buscar auxílio no álcool, nas drogas e, por vezes, o suicídio.
Deve-se ter muito cuidado com esse assunto, pois, uma crinaça não tem nada a ver com a briga de seus genitores, e essa "lavagem cerebral" causa efeitos emocionais e psíquicos graves à criança.
Parabéns a Cinthya por abordar esse assunto tão alarmante e por tentar criar seu filho de uma maneira diferente.
Eita parceirona que tema bom!
Ontem eu estava na casa de uma amiga, estávamos conversando justamente sobre isso, essa amiga que chamarei de amiga "A" teve uma filha recentemente, fruto de uma relação estável que já durava muitos anos, o gravidez só fez oficializar a união e o casal foi dividir o mesmo teto e estão muito bem, obrigada! Pois bem, essa amiga me contou que recentemente foi visitar a amiga "B" essa amiga, uma mulher madura, experiente e independente financeiramente engravidou numa festa de um rapaz, pelo menos 10 anos mais novo. O problema é a mãe dessa amiga "B" é quem cuida da criança e só se refere ao pai com termos pejorativos e xingamentos. Enquanto q criança estiver pequena mesmo mal, mas e quando essa criança crescer? É nessa atmosfera que ela será criada? Espero que não. A Saúde mental da pobre e inocente criança também.
Exemplo claríssimo de alienação paternal exercida por outros membros da família.
Outra coisa muito tocante nesse texto é a ausência do pai, sei exatamente do que se trata, pois mes pais se seoraram eu tinha pouco mais de 8 anos. Ao se separar da minha mãe, meu pai fez questão de se separar também de nós. Minha mãe, muito sábia e muito guerreira soube criar sozinha os 4 filhos muito bem. Preencheu todas as lacunas deixadas pela ausência paterna e sempre abafou as revoltas que explodiam em um ou em outro filho. Educou e protegeu da melhor maneira possivel. Hoje, os filhos q carregam alguma revolta do pai é porque assim o querem e não porque aprenderam na infância. Meu pai é simplesmente meu pai, não o vejo como amigo, conselheiro, confidente ou um exemplo a ser seguido. Foi uma figura ausente que tem todo o meus respeito e o amor dentro das limitações impostas por ele mesmo ao longo dos anos.
Enfim, minha mãe foi meu grande pai e eu queria muito que todas as mães pudessem ter sabedoria que minha mãe teve. Sou muito grata à ela. Parabéns, parceira! Excelente texto!!!
Beijos,
Verônica
É verdade. Geralmente (fora casos extremos) somos nós que escolhemos o pai. Não é justo depois ficar fazendo esse jogo sujo. Mas infelizmente os filhos continuam a ser as maiores vítimas nesse assunto. Muito bom texto!
Uma relação tão complicada essa...Alguns casais esquecem-se , simplesmente da situação dos filhos e pensam apenas na situação deles próprios , no bem estar do ego de cada um , tentando vingarem-se dos sofrimentos que um dos dois lhes fez passar e colocam a criança em meio a um fogo cruzado , num embate de acusações e desrespeito.
Você está certíssima , Ci ! Caberá ao seu filho escolher , no futuro , que realção terá com o pai e você não deve interferir nisso que é deles dois apenas.
Grande Beijo ! Saudades !
Cinthya, esse foi sem duvida um dos seus melhores textos. Parabéns pela sua personalidade integra e pela sua clareza mental. Vc foi e continua sendo um exemplo de ser humano com uma atitude dessa.
Parabéns mais uma vezes. A gente se orgulha!
Beijos querida
ursulaferraricoach.wordpress.com
Cy:
Você arrasou!
Simplesmente A-R-R-A-S-O-U, menina!
Não tenho uma linha pra acrescentar, nenhum "mas" para dizer...
Parabéns, amiga!!! Antes todas as mães (e pais) fossem civilizados, humanos e realmente preocupados com a saúde emocional dos filhos como você!!!
Uma lição!
Bjos e bençãos.
Mirys
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