sexta-feira, 11 de maio de 2012

"Parece Cocaína, Mas É Só Tristeza..."


(by Cinthya)

Por muitos motivos estava eu estudando mais à fundo a mente humana, a alma humana e o quanto uma influencia a outra e os males que uma e outra sofrem. O que é atribuído a alma? O que é atribuído a mente? Esse assunto me instiga, sempre me instigou. Então encontrei um artigo interessantíssmo e que muito pode esclarecer sobre as tristezas que nos acompanham, sobre a frustração tão companheira nos dias atuais, numa sociedade conturbada e poluída, com valores invertidos e moral escassa.

Enfim, boa leitura!

"Depressão e Tristeza

Há, sem dúvida, abuso e banalização do termo “depressão”. Mas nem toda sintomatologia encontrada na Depressão, assim como tristeza, desinteresse, apatia, perda de prazer com as coisas pode ser considerada doença depressiva ou algum transtorno do afetivo. Muitas vezes trata-se de um reflexo emocional de circunstâncias vivenciais frustrantes.

A busca do gozo e do prazer, o hedonismo dominante da sociedade moderna, quando não está continuamente presente na vida da pessoa, quando não mobiliza para o lazer, quando não se manifesta com extroversão, inquietação ou euforia, acaba causando um estranhamento capaz de fazer pensar em alguma coisa anormal, mórbida, patológica.

Curiosamente encontramos com freqüência jovens que, por razões de personalidade, escapam ao modelo sociocultural ocidental de expansividade e extroversão e são incomodamente considerados “problemáticos”. Quase sempre são jovens naturalmente introspectivos, reflexivos ou refratários à frugalidade moderna que, indevidamente, acabam sendo aconselhados a procurar “ajuda especializada”, algum tratamento para que se iguale aos seus pares efusivos.

O mesmo engano se comete em relação ao cansaço natural, proporcionado pelas dificuldades da lida com a vida moderna normal. A exposição da pessoa ao desencanto da vida em sociedade, principalmente nesta nossa sociedade insegura e cheia de inversões de valores, a tristeza estimulada por tantas notícias absurdamente bizarras, enfim, essa grande variedade de frustrações impostas às pessoas por viver em um sistema como o nosso, costuma ser equivocadamente interpretado como Depressão, uma patologia dentro dos transtornos afetivos. Na realidade pode se tratar de um estado de frustração e desencanto com sintomatologia bastante semelhante à depressão.

Pela semelhança dos sintomas tais como apatia, desânimo, desinteresse, sensação de cansaço, pode ter também ansiedade, prostração, abatimento intelectual, moral, físico, letargia, estresse, melancolia, a depressão acaba sendo uma espécie de irmã gêmea da frustração. Na frustração, pela falta de um objeto (ou situação) pleiteado ou por um obstáculo externo ou interno não superado, a pessoa se priva da satisfação de um desejo, de um anseio ou de uma necessidade.

Esse distanciamento do prazer proporcionado pela frustração se assemelha, de fato, à Depressão. Mas a frustração é predominantemente existencial e a Depressão é predominantemente constitucional ou biológica. Sendo a frustração predominantemente existencial, supõe-se ser possível adaptar-se de alguma forma a ela, comportamentalmente ou cognitivamente. Assim sendo, frustrações são importantes para que as crianças aprendam a lidar melhor com privações de desejos, de prazeres, de caprichos ...

É correto acreditar que a pessoa frustrada está muito mais sujeita a deprimir-se do que a pessoa sem frustração, pois, tal como uma Reação Vivencial, os sintomas depressivos, incluindo a tristeza, seriam as reações emocionais diante da frustração. Da mesma forma, o inverso é verdadeiro, uma pessoa deprimida terá frustrações com mais facilidade, pois a sensibilidade afetiva dos deprimidos torna mais sofríveis e tristes as perdas vivenciais.

As pessoas com perfil afetivo mais depressivo são aquelas que, geralmente, têm baixa tolerância à frustração, são rígidas e inflexíveis em seus valores, estabelecem metas difíceis para si mesmas. São intransigentes com elas mesmas e em seus julgamentos, experimentam culpa e se impõem sofrimentos.

Mas os fenômenos não são os mesmos; tristeza, aborrecimento, frustração, estado depressivo ou reação depressiva são circunstâncias afetivas reativas diferentes do Transtorno Depressivo. E esse será o xis da questão. Será que a população de deprimidos biológicos está aumentando assustadoramente por razões desconhecidas ou, será que as frustrações proporcionadas pela vida cotidiana têm resultado em maior número de pessoas com estado depressivo?

Seria, talvez, bastante prudente começar a diferenciar os quadros com sintomas depressivos semelhantes mas de origem diferente. Hoje, praticamente todo estado depressivo se inclui dentro do diagnóstico de Transtorno Depressivo. E a ascensão estatística desse diagnóstico é assustador, inclusive em crianças e adolescentes."

para referir:
Ballone GJ - Depressão e Frustração - in. PsiqWeb, Internet, disponível em www.psiqweb.med.br, 2006

(link do texto: http://www.psiqweb.med.br/site/?area=NO/LerNoticia&idNoticia=10)

3 comentários:

O Divã Dellas disse...

Que texto interessante, Parça!!!

Alguns problemas são bem mais sérios do que imaginamos já outros são super elevados e consequentemente vulgarizados, né?

Adorei de verdade!

Te amo!

Verônica

Lília disse...

Muito interessante e muito informativo. Eu me irrito um pouco hoje com essa banalização da depressão, até porque isso leva ao descaso em algumas situações em que realmente a coisa é sério e trata-se de um transtorno depressivo. Minha mãe teve depressão séria, hoje ela não tem mais, mas à cada angústia que ela sente, ela acha que a depressão está voltando. O que realmente é complicado, porque sabemos que pode acontecer e também sabemos que pode ser exagero. Sei lá, eu acho que isso tb é resultado da banalização que informa pouco sobre uma doença que atinge tantas pessoas.

Adorei!!

Beijo Grande e bom fim de semana!

Selma Helena. disse...

Parabéns pela postagem, flor!
Esclareceu muita coisa devo dizer que já fiz muita confusão sobre o tema.