terça-feira, 4 de setembro de 2012

E Então, "Ser" ou "Ter"?


(by Cinthya)

Há dias um pensamento tem me acompanhado, martelando na minha cabeça, teimoso. Um pensamento sobre o que eu tenho feito da minha vida, sobre quem eu sou, o que realmente quero, se vivo aquilo que defendo ou se me perdi no mar da hipocrisia. Tenho cuidado para não ser encaixada no slogan “Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”. Gosto de praticar aquilo que eu acredito ser o melhor. Embora eu não tenha garantia nenhuma, certeza alguma de que estou certa.

Tenho reparado que há algum tempo venho me deparando diante de bifurcações com placas “ser” e “ter”. Sem nenhuma outra opção. Até agora, eu tenho seguido na estra do “ser”. E tenho reparado que isso implica em muitas negações. Muitas portas se fecharam a minha frente quando minha escolha foi feita. E não é tão fácil seguir por esse caminho, principalmente pela solidão com que se caminha.

E eu descobri que é muito mais trabalhoso viver da verdade, que é muito mais delicado escrever sua história apostando nos valores, apostando nos laços, na pureza, na emoção, no que toca a alma, no impalpável. Que muitas vezes eu me pergunto se não estaria louca em optar sempre por esta estrada quando a grande multidão segue pelo outro caminho.

Mas... Em verdade, eu não sei ser de outro jeito. Nem sei se quero ser de outro jeito. Por que no dia em que eu deixar de apostar nos meus valores, sinceramente, não serei mais eu. Eu pinto cabelo, viro loira, emagreço, engordo, cabelo longo, cabelo curto. Mudo de endereço, tenho um filho, mudo de emprego... Mudo muita coisa, sou praticamente uma metamorfose ambulante, mas jamais mudei a minha essência. Sou a mesma Cinthya de 20 anos atrás, aperfeiçoada, com mais amigos e conhecimento de vida.

Acumulei desenganos, perdi muitas apostas, chorei. Mas nada disso conseguiu mudar o meu eu mais profundo. Eu ainda acredito nas pessoas. Eu ainda acredito no amor (na sua mais pura forma). Eu ainda tenho o sonho de ser reconhecida como escritora. Eu ainda faço da minha liberdade o meu mais valioso tesouro. E gosto muito mesmo de colocar a minha cabeça no travesseiro e sentir-me leve, de coração limpo, de consciência tranquila.

A minha opção me privou de muitas conquistas materiais, isso é verdade. Mas tudo na vida é uma questão de escolhas. Você tem que saber o que é prioridade para você. Sabendo, você trilha seu caminho e aprende a lidar com a falta do que perdeu por conta das escolhas que fez. E a minha prioridade continua sendo O Amor... Pela vida, pelos amigos, pelas pessoas, pelo meu filho.

Com as minhas escolhas, é certo, não poderei deixar para meu filho grandes bens materiais, mas ficarei imensamente feliz se ele lembrar que a mãe dele sempre optou pelo caminho do “Ser” e, com isso, sempre recebeu em troca os maiores tesouros que dinheiro nenhum no mundo compra: Liberdade e Amor. Eu não me corrompi! E esse é o meu maior legado para o meu filho. 

É claro que quero ter grana pra ir à Itália, viajar para Salvador e Recife, pelo menos uma vez por mês, ter um carro. Não sou hipócrita. Claro que eu quero. No entanto, não admito passar por cima de meus valores para conseguir tal façanha. Eu sou assim. Se o preço for a minha paz, eu não tenho disposição nenhuma de pagar. Eu prefiro apenas SER eu mesma, na minha simples felicidade, com a minha paz.

Um comentário:

Selma Helena. disse...

Oi flor!

Você está certa!

Lindas palavras.

Beijos

Selma