(by Cinthya)
- Marilene? – chamo-a
- Da Silva – Ela responde, com sua voz estridente.
Marilene da Silva, ou simplesmente Leninha é uma daquelas pessoas que não “passa batido” na vida dos outros. Ela se eterniza, vira mito, traz à memória da gente inúmeras histórias divertidas.
Nos conhecemos na faculdade, quando cursávamos Letras. Ela, quando fala, nada mais consegue acontecer, a voz dela toma conta de tudo. É dona de uma personalidade forte, tem uma paixão declarada por roupas, sapatos e tudo o mais que brilhe. Dona de cabelos bem loiros, costumávamos chamá-la de Joelma (do Calypso), pois de fato elas se parecem fisicamente.
Leninha passou muito tempo tentando engravidar, fez inúmeros tratamentos e nada surtiu efeito. Então ela decidiu que, em vez de ficar deprimida, simplesmente ia esquecer o suposto filho. “Corri muito atrás dele, agora, se ele quiser, ele corra atrás de mim.” E não demorou para que isso acontecesse.
Professora concursada pelo estado, ela assumiu uma sala de aula numa escola em condições precárias. Tentou conseguir com os diretores e responsáveis o básico para que o seu trabalho acontecesse, mas foi tudo em vão. Todos já estavam tristemente acostumados com a situação.
As paredes sujas, a cantina em péssimas condições de higiene, salas sem lixeiro, cadeiras quebradas e um aspecto de tristeza e descaso reinavam naquela escola que, na verdade parecia qualquer coisa, menos uma escola.
Percebendo que não conseguiria mudar nada se apostasse suas fichas na diretoria ou secretaria de educação, arregaçou as mangas e fez acontecer. Pediu ajuda de empresas privadas: material de construção, panelas, marcenaria, papelaria e voluntários. Pintou sua sala de aula, repôs o estoque da cantina, conseguiu material extra para as crianças,inclusive alimentos e outras coisas para várias feiras de ciência que ela organizou na sua turma.
Conheceu os Pais, passou-lhes a cobrar que fizessem sua parte na educação das crianças. Se algum aluno chegava à sala de aula com um comportamento diferente, logo Leninha percebia e corria atrás do que tinha acontecido para que a criança ficasse daquele jeito. Em grande parte dos casos o problema vinha da família e Leninha ia até o fim para promover o bem estar de seus alunos.
De início ela causou incômodo nas outras professoras da escola, mas logo as pessoas perceberam que agindo como ela, as coisas aconteciam de forma muito mais positivas e produtivas e logo logo Leninha conquistou todo mundo.
Depois dela, a escola, as famílias e, muito principalmente, as crianças tornaram-se melhores. Leninha provou que as coisas nem sempre nos chegam fáceis, nem sempre são como deveriam e nem sempre quem deveria se preocupar em resolver, de fato se preocupa.Mas que isso não impossibilita que a gente corra atrás, una forças, meta a cara, faça a nossa parte(e, porque não, a parte do outro) até que tudo se modifique. Até que a mudança aconteça, até que a gente consiga melhorar um pouco do que parecia perdido.
A sociedade agradece o esforço de Marilene da Silva que, com certeza, plantou sementes boas nos corações daquelas crianças.
3 comentários:
Uma grande lição!
Essa ´linda história que você nos contou fala de uma guerreira, que honra o diploma que tem.
Conheço alguns professores que justificam a falta de vontade de ensinar e batalhar pela educação com os baixos salários( tenho a consciência absoluta que é baixíssimo!), falta de material para trabalho, falta de merenda, dificuldades com outros colegas e problemas com a direção das escolas.
Eu sei que é complicado, principalmente no ensinos público, onde muitas coisas são impostas aos professores( inclusive sobre aprovar ou não o aluno), mas admiro muito a atitude dessa moça.
Parabéns pra ela! Amei o post!
Beijos!
Selma.
É, Selma,. A Marilene da Silva honra o seu diploma e se compromete com o que assume. Ela mudou a vida daquelas crianças... Pra melhor! E "abriu os olhos" dos acomodados.
Beijo,]
Cinthya
Que saudade de nossa amiga "Rica"!!! Realmente pessoas iguais a ela são as que mudam o mundo!!!
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