Passei alguns dias fora de casa e senti saudade, muita saudade. Saudades do cheiro da minha casa, do cheiro da minha mãe, do cheiro do perfume dela, do cheiro do cabelo dela... É impressionante que usamos o mesmo shampoo e o cheiro do cabelo dela é único. Aliás, cheiro é o que mais lembra.
Falando em cheiro e saudade, lembro de uma história que aconteceu recentemente. Uma amiga está morando em outro estado e passamos muito tempo sem nos falarmos. Um dia, ela estava no shopping e passou uma menina por ela usando o mesmo perfume que eu uso, ela sentiu uma onda de saudade tão grande que teve vontade de abordar a menina e pedir um abraço, não o fez por receio de ser mal interpretada. Me ligou e chorou desabafando a saudade. Cheiro marca muito.
Saudade do tempo que meus sobrinhos eram bebês e moravam na minha casa, apesar do barulho do choro é maravilhoso se ter um bebê em casa. A cabecinha dos bebês tem um cheiro angelical. Por mais perfumes que as mães passem, o cheirinho é diferente. É cheiro de vida, cheiro de inocência.
Saudade da minha infância e do cheiro da merenda da escola que invadia a sala anunciando a hora do recreio. Saudade dos domingos que minha mãe fazia comidas deliciosas e eu delirava com o cheirinho bom. Não via a hora de chegar o almoço. Saudade de dona Iara, uma boleira de mão cheia que eu fazia questão de ajudá-la pra tirar casquinha das delicias que ela fazia. Saudade de dona Áurea e do cheiro maravilhoso dos cavacos que ela fazia. Eu ficava sempre na espreita, quando ela precisava comprar algo, a criança que fizesse esse favorzinho sempre ganhava um cavaco e um geladinho. Eu adorava ir na venda do Seu Benjamin comprar coisas pra ela.
Ainda na infância, eu sinto saudade da padaria que tinha perto da minha casa, quando sentia o cheirinho de pão fresco que se espalhava pela rua eu corria pra comprar o pão ainda quentinho. Pão quentinho com margarina e café com leite. Tem entardecer mais delicioso? Se tem eu não conheço!
Saudade do cheiro de éter inconfundível que existe nos hospitais. Lembro das muitas vezes que dei entrada em hospitais pra suturar pé, perna, ombro, cabeça, sobrancelha... É, definitivamente, eu não fui um criança quieta. Hospital tem cheiro de travessura. A dor do machucado se misturava ao medo da bronca que eu sabia que viria quando minha mãe chegasse.
É muito bom ter memórias e é melhor ainda ter cheiro para compor essa memórias... Que mais histórias aconteçam, e que mais cheiros surjam para que eu possa lembrar depois.
Muitas recordações e muitos cheiros para todos nós.
Verônica
2 comentários:
E eu senti um cheiro de saudosismo...
Pedro Paulo
Sentir saudades é muito gostoso
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