terça-feira, 10 de abril de 2012

Pra ser sincera...


... não espero de você mais do que educação...

Hoje eu li um texto no blog das minhas amadas musas inspiradoras do 3x30 que me pôs a refletir sobre a sinceridade. No texto, a convidada contava que saiu do armário e se declarou gay para a mãe que ficou arrasada. Disse também, que apenas dessa parte da vida ela havia se arrependido. Poderia ter poupado a mãe de muito sofrimento se não fosse esse ataque, que chamou de sincericida.

Noutro dia, li a história de separação de um casal porque o marido teve um surto de sinceridade e confessou para a mulher que estava num prostíbulo gastando o salário do mês. Conheço a história de uma menina que perdeu a amizade do melhor amigo porque se declarou apaixonada por ele. A amizade deles esfriou a ponto de se afastarem. Algo natural, lento e bem doloroso.

Enfim... diante de tantas perdas irreparáveis por causa de uma confissão, ou por assumir uma postura, eu pergunto: será que vale a pena ser assim tão radical? Eu já me declarei corajosa e sou. Mas, confesso que fiquei pensativa sobre a questão de falar sempre a verdade nua e crua, doa a quem doer, custe o que custar. Não tô levantando a bandeira da hipocrisia nem fazendo apologia ao fingimento. Não estou dizendo que seria mais nobre ou bonito fingir ou mentir... Mas, não seria melhor calar a magoar?

Não seria melhor se a garota lésbica tivesse ficado quieta e fosse preparando o terreno aos poucos antes de jogar essa bomba no colo da mãe conservadora? E quanto ao casal, se o marido dissesse que estivera num bar com os amigos não teria sido menos humilhante para a esposa? E a menina que perdeu o amigo e o amor? Não teria sido mais prudente que ela guardasse o sentimento para si, ou, não impusesse já que não sentia reciprocidade??

Então me pergunto: Será que tanta sinceridade é mesmo necessária?

Já magoei tantas pessoas que amo e que me amam (essa é a parte que mais dói), já ofendi e aborreci tantas outras com essa mania de ser sincera ao extremo. E muitas vezes me perguntei 'para quê?' Já perdi tantas oportunidades onde deveria ter escolhido o silêncio... Quando aciono o gatilho da verdade sei que do outro lado farei uma vítima, então, por quê o faço? Já me arrependi tanto por ter sido sincera demais. Existem coisas que são tão óbvias que se não viessem à tona por mim, com certeza, viriam de outra forma. Então, por quê por mim?

Quem nunca ouviu as pérolas "você é a pessoa certa na hora errada." Ou " somos de mundos diferentes." Não sabe o peso de uma verdade mal dita. Ou, de uma mentira sincera, vai saber...  Tenho pra mim, e não é de hoje, que esse lance de sinceridade não é pra todo mundo não.

Ah! Antes que eu me esqueça. Só pra constar. E que fique claro: mentiras sinceras não me interessam...


Verônica

4 comentários:

Selma Helena. disse...

Oi Vel!
Já falei verdades pra quem não merecia ouvir, já falei verdades que magoaram e eu sabia que iria magoar e também sabia que mais tarde a pessoa magoada iria agradecer(e agradeceu). E já falei verdades que magoaram...assim como você descreveu no texto. Acho que sei como você se sente. É uma vitória sem aplausos...parece que no final , machuca mais quem fala do que quem ouve. Aprendi que muitas vezes, um amigo ou parente desabafa só pra não explodir e não pra ouvir "conselhos"( geralmente era nesses conselhos que eu exagerava na dose da verdade e magoava). Hoje percebo que verdade dita na bucha dói muito, pode-se fazer o uso dela de maneira mais sutil. Principalmente para aqueles que amamos. Não falar uma verdade, não significa mentir, né? eu penso...rss...
Amei o texto de hoje!
Beijos!!!
Selma.

Anônimo disse...

Queridas blogueiras,

"prá ser sincera" o post está magnífico, como todos os demais. Bem escrito e cheio de "verdades". Todas as pessoas devem ser sinceras sempre, no que diz respeito a agir de forma correta e verdadeira. Dizer a verdade é sempre uma virtude e só pode levar ao caminho mais acertado sempre. No entanto, a qualquer custo? E é esta a reflexão que vocês fazem. Me parece que as pessoas hoje ditam e acham maravilhoso dizer: "sou sincera doa a quem doer, digo a verdade sim, não gosto de meias palavras... e blá, blá, blá..." Isso "sinceramente" me cheira muito mais a EGO INFLADO do que a real e pura e verdadeira intenção de ser verdadeiro ou apenas, "sincero". Conviver com o outro, não é sobrepor-se o tempo todo como dono ou dona da verdade. Até porque muitas pessoas nem desejam saber a sua verdade. Mas ser verdadeiro respeitando os limites alheios, além de ser de bom tom, edifica as relações. Sabemos que as pessoas tem seus "modos" de ser e ver a vida e isso deve ser respeitado e quando se é sincero pela sinceridade somente, se eleva o egopismo em detrimento do próximo e ao invés de ajudar, apenas consegue machucar - convehnamos que existem muitas pessoas assim e que no fundo, isso não ACRESCENTA NADA! Por isso, para que? Esta é uma importanate pergunta sempre. O que vou mudar com isso? O que vou acrescentar? Em que ajudarei? Se nenhuma destas questões tiverem respostas satisfatórias, melhor então calar. Porque ninguém é melhor do que ninguém para ser o doutor ou a doutora da verdade! Vocês são magníficas e sinceras com respeito e isso as torna DONAS DE OPINIÕES VERDADEIRAS! Parabéns!

Marlene

O Divã Dellas disse...

Marlene,

Suas palavras nos fazem um bem enorme. Agradeço a visita, é por vocês que escrevemos. Pessoas que têm a sensibilidade de captar as mensagens que passamos através dos nossos textos. Seu carinho conosco é o maior e melhor pagamento que essas humildes blogueiras podem receber.
Obrigada de verdade e seja sempre muito bem-vinda ao Divã!

Beijos!


Selminha, minha linda!!

Vc já é nossa sócia aqui. Quando você ou Debby não aparecem nos deixa logo preocupada hahaha
Obrigada mais uma vez pelo carinho.
Quando um texto agrada e consegue atingir o objetivo que é levar o leitor à reflexão é que podemos dizer que o resultado foi satisfatório.
Muito obrigada pelo carinho e prestígio de sempre!

Beijos!!

Verônica

Mário Pires disse...

Vê, que bom (como sempre) visitar o blog de vcs... enfim... o tema abordado é bastante avaliativo e de dificil conclusão. Confesso que recentemente sofri de sinceridade aguda (digamos assim)... rai ai... sabia que magoaria, mas fui perdoado pela sinceridade (ainda tendo magoado.. tanto que tudo ficou bem),... entretanto confesso tbem, que, se pudesse, talvez voltaria no tempo e ficaria caladinho, ou teria diminuido o tom da sinceridade. Percebi, que realemente, nem sempre a sinceridade vale á pena. Em alguns casos, melhor a omissão que a dor do outro(a). Enfim... mas confesso tambem que, se for comigo, até prefiro a sinceridade, do que "mentiras sinceras" rsrs... me imagino sendo enganado. Então... ta na balança...SINCERO: SER OU NÃO SER! EIS A QUESTÃO! bjs pra vcs!