(by Cinthya)
Eu tinha 16 anos e já estava no horário de ir para a escola, mas aquele tumulto na TV não me deixava sair de casa. Uma coisa muito importante estava para acontecer. Há um tempo o povo se mobilizava para eleger um presidente. O mais jovem, o “caçador de marajás”, uma promessa para o nosso país.
Pouco depois, uma enxurrada de denúncias, escândalos e mais escândalos vindo à tona fizeram com que o povo se unisse de novo para mais uma mudança. As ruas eram inundadas pela juventude de cara pintada que fazia toda pressão possível para tirar de lá aquele que não fez jus ao voto de confiança que recebera.
Eu assistia a tudo e me emocionava. Chegava as lágrimas. Arrepiava-me com o movimento do povo, com a força, com a vontade de fazer as coisas acontecerem e de fazer as coisas mudarem. E voltando aos meus 16, na hora de sair para a escola, algo me prendia a TV. Um fato histórico: pela primeira vez na história do país um presidente corria o risco de perder seu posto. Faltavam poucos votos e, enfim, era aprovado o impeachment de um Presidente da República.
O povo vibrava, gritava, chorava. Chorei muito porque nesse dia eu entendi que quando o povo quer, ninguém pode dizer não. Que a força maior é do povo. O povo elege e o povo arranca de lá se não fizer a coisa certa. O povo, em verdade, é o poder maior de um país. Não é o presidente, não são os governadores, não são os prefeitos. De forma alguma, quem manda no país, nos estados e nas cidades é o povo.
Ontem, na maioria das cidades encerram-se as eleições. O povo se manifestou de todas as formas e fez sua vontade prevalecer. Eu, particularmente, adoro votar. Escolher, investigar, eleger. Eu sou parte da parte mais forte do jogo, eu sou do povo. Arrepio-me com as manifestações, me arrepio com o que o povo é capaz de fazer quando quer que algo aconteça.
O que não podemos esquecer é que, o poder de eleger é NOSSO. Nenhum candidato se elege sozinho. Nenhum político chega ao topo se o povo não permitir. E o mesmo poder que temos de coloca-los lá, temos de retira-los de lá se não fizerem o que esperamos deles. Esse poder é nosso. O país é nosso, a cidade onde votamos é nossa.
Que cada vez mais tenhamos consciência disso, desse poder que temos nas mãos. Lugar de político desonesto é, no mínimo, longe do gabinete. Conquistamos o direito de escolher nossos governantes, estamos dando um passo de cada vez rumo ao crescimento. Nada é rápido, nada é instantâneo. Um passo de cada vez. Mas esses passos precisam ser firmes, conscientes, certeiros.
Que jamais esqueçamos de que não somos nós que devemos obediência aos nossos governantes. Eles é que devem contas a nós. Estão lá porque nós os colocamos lá e, no dia que decidirmos, podemos tirá-los de lá. Afinal de contas o poder maior de um país não é o(s) seu(s) governante(s), é o seu povo.
8 comentários:
Isso mesmo Cinthya, os políticos que nos devem respeito e nós, o povo, devemos cobrar.
Também gosto muito de votar.
Moro em Olinda atualmente, mas continuo votando em Recife e acho que aqui foi uma grande lição que o povo deu com esse resultado.
Boa semana
Xeros
Karla,
Exatamente, cabe a nós "policiar" nossos representantes (e que fique bem claro, eles são NOSSOS REPRESETNANTES, apenas isso)!
Grande abraço.
Cinthya
Bela colocação, Thyntia!
Somos a parte mais forte e ao mesmo tempo a mais frágil do jogo!
Uma democracia jovem, com uma cultura de usurpação desde a colônia, e também a falta de investimentos em educação, nos fazem uma massa extremamente "manipulável".
É bom de ver a evolução da consciência, mas é muito ruim ver como nosso sistema é falho.
Você mencionou o impeachment do Collor, agora, onde estão os caras-pintadas que não se manifestam contra o maior esquema de corrupção que já se viu nesse país?? Estamos anestesiados com o pão e circo do PT?? Nunca antes na história deste país se roubou tanto!!! A verdade é que caçar marajás é um esporte perigoso...
Mas a gente aprende, somos soberanos nas urnas!!!
Bjo meninas
À medida que a educação de base se instalar no nosso povo, o nosso povo vai melhorar e se transformar em povo crítico... Mas esse é um processo um tanto lento. Lamentável que não seja instantâneo como aquelas massas de bolo que a gente compra "quase" pronta, ou macarrão que se faz em 03 minutos. Eu mencionei o impeachment porque é algo realmente marcante na minha memória. Não citei partidos, não citei nomes porque a questão está além disso (e isso também a gente precisa entender). A questão não é partidária... Tem mais a ver com moral, índole e princípios do que com siglas de partido... Acho que a saída está numa mudança na base do ser humano, na nossa educação. E esse nosso jeito "torpe" de ser vem de looooonga data, da colonização, por isso (também) não conseguimos mudar do dia pra noite. Mas vamos chegar lá. Um dia o nosso povo vai deixar de querer dar um jeitinho em tudo, de querer tirar vantagem em tudo... Um dia a gente aprende a dar valor a honestidade e isso vai refletir no governo, no senado, na câmara, na prefeitura.
Quanto ao esporte perigoso... É complicado mesmo meter a cara para defender uma bandeira quando temos o rabo preso... O risco de cairmos na nossa própria armadilha é ENORME.
Beijão, Ricardim.... E volte sempre.
Cinthya
Thyntia...
Desculpe, mas o meu comentário foi um desabafo!!!
Fiz referência a um partido porque ele foi uma decepção total e, infelismente, se instalou na prefeitura da minha cidade (rs...)
Mas a gente vai chegar lá!
Bjo
Eu sei, Ricardo...
Só estou falando que o problema é bem mais profundo...
Ele tá interiorizado na gente, na nossa formação...
E para mudar isso é delicado, mas não é impossível.
Beijo enoooorme.
Thynthia (com doi "th"s)
Muito bom!
Um dia o povo aprende que deve escolher o melhor para sua cidade, seu estado e seu país, e cobrar deles por isso!
beijos
É, Amanda... Um dia a gente aprende
Cinthya
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