segunda-feira, 7 de março de 2011

Riquezas Da Vida (Contos)


(by Cinthya)

Certa noite, antes de dormir, pensava eu nas desventuras que me trazia a vida. Nunca as minhas dificuldades me pareceram tão cruéis e desoladoras como naquela noite, nunca me ficou tão claro o meu “não ter”, “não poder”.

Veio-me à mente todas as coisas as quais eu sempre quis e nunca pude possuir, todos os belos lugares os quais eu nunca conheci, todas as facilidades as quais eu sempre ansiei.

Já com a alma lassa por estes pensamentos dolorosos, adormeci.

Sonhei que estava em um imenso e rico castelo, rodeado de muitas e infinitas terras, cercado de um lindo jardim, onde eu me encontrava sentada num banco de mármore, ao meu lado havia uma escrava a me servir, e meu pai não hesitava em satisfazer todas as minhas vontades. Eu, porém, estava triste, tinha sobre os joelhos uma caixa de jóias que acabava de receber de um nobre cujo amor dizia me pertencer. Coloquei o presente nas mãos de um escravo para que fosse guardado junto a tantos outros que me chegavam regularmente.

 Eu era bela e de uma das famílias mais abastadas da região. Mas isso não me tornava feliz e após o jantar retirei-me aos meus aposentos e pus-me a refletir sobre minha vida. Uma tristeza se apoderou de meu coração e um vazio gelado tomou meu espírito. Senti-me verdadeiramente infeliz e nessa infelicidade adormeci.

 E eis que sendo uma nobre, sonhei que era uma menina pobre, mas com uma alma sedenta de vida e com uma imensa vontade conquistar o mundo. Naquela menina simples havia tanta energia que não se podia duvidar da conquista de seus ideais.

 O dia já ia alto quando a escrava me acordou. Levantei e mirei minha imagem no espelho. Já não me sentia tão infeliz, pois agora eu sabia que em algum lugar eu estava, desprovida de todo a riqueza material, mas carregando no espírito os artifícios necessários para garantirem a felicidade.

 Acordei com o barulho do despertador anunciando a hora do trabalho. Olhei pela janela e observei que o sol  nascia naquele instante. Levantei e fiquei extasiada, assistindo àquele espetáculo. As luzes invadiam minha alma e me traziam novas esperanças, novos sentimentos, dando-me sempre a chance do recomeço. Era como se naquele momento eu nascesse do ventre do Mundo.

Nunca antes eu havia percebido a fortuna que a Vida me oferece todas as manhãs.

4 comentários:

Emilene Lopes disse...

Um belo conto...parabéns!
Bjs
Mila

Van disse...

Ci ! Muito lindo ! Mas me parece mais uma regressão às suas vidas passadas do que um simples conto. Deu pra sentir daqui as duas essências misturadas , a sua atual e a da moça rica no castelo.

Eu luto muito pelo meu lugar ao sol assim como vc , quero voltar a trabalhar , resgatar minha dignidade e não dever satisfações à ninguém , mas sou muito grata por tudo em minha vida e por todas as coisas que me acontecem e sei que o material será só uma consequência do que realizo , mas não é a minha meta de realização. O que busco é bem maior que isso e sei que só assim serei feliz ! Podendo resgatar do fundo da minha alma minha essência que poderá ajudar a muitos. Assim espero viver. Grande Beijo. Linda !!!

RafaCruz disse...

Ameei seu conto, você realmente escreve muito bem. Gostei muito da sua colocação que mesmo a pessoa sendo muito rica não é necessariamente feliz, porque afinal, a felicidade não vem das coisas materiais.

Bjs
Rafa
rafadeoliveira-tudosobrequalquercoisa.blogspot.com

Mary disse...

É interessnte, né? Como em seu conto,é assim com muitas pessoas: só há valor naquilo que elas não tem, mas fortemente desejam. Beijos e felicidades pelo dia da Mulher.